SER pai e SER mãe, requer um processo de construção, consideradas como funções primordiais na vida de uma criança, independe se serão desempenhadas por homens ou mulheres, desde que exerçam de fato seus papeis de cuidadores. Pensando neste desenvolvimento podemos refletir acerca da PARENTALIDADE, que permite abordar aspectos importantes no que se refere à escolha pela maternidade e paternidade, à gestação, condições psicológicas dos cuidadores e a constituição psíquica do bebê e seu desenvolvimento global. Mas, o que é parentalidade e porquê se faz importante refletir sobre esta questão?
A partir de um conceitual psicanalítico que compreende o ser humano como uma construção, encontra-se a vertente da parentalidade, sendo um processo de constituir-se enquanto pais, a questão da parentalidade antecede a chegada dos filhos e carrega aspectos da infância dos próprios pais. Os tipos de cuidados recebidos pelos pais, condição psicológica e a história pregressa dos mesmos, influenciam diretamente na forma como cuidarão e possibilitarão o desenvolvimento de seus filhos, contudo, é importante ressaltar que os pais também têm seu processo de amadurecimento afetado à medida que seus bebês se desenvolvem, aumentando a autoconfiança dos pais e criando a oportunidade de se fortalecerem enquanto família, a base da união de responsabilidades entre pai e mãe por aquilo que fizeram juntos, a começar pelo momento da concepção, gestação e o desenvolvimento como um todo, ainda que os pais não convivam na mesma casa.
Os bebês ganharam um destaque nas relações e nunca se pensou tanto na importância de se ater aos aspectos psicológicos e relacionais quando o assunto é ter filhos. Havendo uma preocupação do lugar da criança na família e de que forma as relações parentais influenciam no desenvolvimento desta criança, se faz importante o AUTOCONHECIMETO dos pais e cuidadores, que formam as primeiras relações com os bebês, tão importantes que vão permear a vida deste novo ser em construção, juntamente com suas caraterísticas individuais e naturais. Desta forma, é preciso pensar sobre o desejo dos pais para com as crianças, para que não sejam sobrecarregadas de expectativas dos adultos, interferindo de forma contrária ao desenvolvimento.
Nesse sentido pode-se compreender a gestação como um período necessário não somente para a formação do bebê, mas, também para que a mulher se organize psiquicamente enquanto mãe, através das interações com seu bebê, dos cuidados recebidos enquanto filha, das suas experiências infantis, da modificação do corpo, internalizando parte do processo de VIR A SER MÃE. Da mesma forma, a figura paterna tem seu papel importante na constituição deste bebê, com suas expectativas, apoio à mãe durante a gestação, imprimindo sua forma de proporcionar limites e autonomia durante a vida da criança.
Não podemos deixar de pensar sobre a mudança significativa da configuração familiar, nos diversos papeis assumidos por cada um na sociedade contemporânea que influenciam no relacionamento com as crianças, no qual os contatos primários deixaram de ser exclusivos dos pais, abrindo um leque de experiências de terceiros que entram na relação, avós, cuidadores, professores, que também carregam consigo suas vivências e suas questões de parentalidade.
Os bebês não nascem prontos para o mundo, assim como os pais, ainda que não sejam de primeiros filhos, se remodelam e revivem aspectos do seu próprio desenvolvimento a cada gestação. É preciso oferecer às crianças a melhor condição possível do momento de cada família, que é estar atento à qualidade do tempo dedicado aos pequenos. Atitudes, palavras, forma de resolver conflitos, valorização da evolução dos filhos e questões individuais que certamente estarão presentes nesse momento único, evidenciam a importância do autoconhecimento para compreender que os filhos têm necessidades peculiares e que buscarão satisfazê-las de acordo com suas conexões e relações.
Fonte: MALDONADO, Maria Tereza Pereira. Psicologia da Gravidez: Parto e puerpério. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 1985
SILVA, Maria Cecília Pereira da; KARIN, Letícia Solis-Ponton. Ser pai, ser mãe: parentalidade: um desafio para o terceiro milênio. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2014.
ZORNIG, Silvia. M. A. Tornar-se pai, tornar-se mãe: o processo de construção da parentalidade. Tempo Psicanalítico. Rio de janeiro, 2010. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/tpsi/v42n2/v42n2a10.pdf