Antes de ingressar à escola, devemos lembrar que o desenvolvimento psicomotor da criança já começa no ventre, em seguida, pelo vínculo com os pais, pelo tipo de estímulo ofertado, pelas próprias experimentações da criança e brincadeiras interativas. Logo, se essas experiências e o ambiente forem positivos, a criança terá mais chances de ter um desenvolvimento equilibrado e saudável do cérebro na infância.
A educação infantil é uma base importante para o desenvolvimento global da criança, ou seja, serve como estrutura para o desenvolvimento intelectual e da aprendizagem infantil. Todos os aspectos que envolvem a psicomotricidade (noção corporal, tonicidade, equilíbrio, noção espacial e temporal, ritmo, lateralidade, praxia global e fina) favorecem e muito a aprendizagem, por meio de experimentações, elaborações, construções, vivências e relacionamentos. A criança aprende a fazer uso do pensar para executar ações, e gradativamente, tomar consciência de seu corpo, bem como a sua funcionalidade por meio do movimento.
Quando a criança toma consciência de si mesma em relação ao que é capaz de realizar e desenvolve o seu talento, ajudamos a fortalecer sua identidade e autoestima, promovendo assim uma saúde mental equilibrada. E é dessa forma que ela aprende a desenvolver relações afetivas e sociais saudáveis, contribuindo também para um melhor desempenho escolar.
Por isso, são necessárias ações e espaço na Educação Infantil para que a criança possa perceber a si mesma, o mundo do outro e aprender a aceitar as diferenças. É através da linguagem corporal e do movimento que podemos proporcionar às crianças sensações sinestésicas, sensoriais, emocionais, imaginativas e criativas, permitindo uma expressão que ajuda a criança a desenvolver a percepção de si mesma e do outro, baseada em trocas abertas e afetivas. E esse é o principal papel do psicomotricista dentro da escola: mediar, observar, instigar o pensar e o ato motor, ajudá-la a resolver problemas e enfrentar suas dificuldades, seja de ordem emocional, relacional, cognitiva ou motora.
Contudo, as atividades pedagógicas devem ir além do brincar, criar, interpretar e se relacionar, mas assegurar o desenvolvimento funcional da criança e a expansão de sua capacidade afetiva através da interação com o ambiente que precisa ser acolhedor, receptivo e divertido. Por isso, é importante que o profissional seja especializado para melhor desenvolver sua capacidade de observar, analisar, avaliar, prevenir e ampliar seu olhar diante das características individuais e perfil de cada criança, a fim de elaborar e promover experiências mais significativas em sua prática pedagógica, e extrair da criança toda a sua potencialidade.
Portanto, é importante que a escola não apenas se preocupe em desenvolver práticas pedagógicas específicas na educação infantil, pois mais do que simplesmente segurar um lápis, a criança deve aprender a ser no mundo. Ou seja, o conhecimento não se restringe apenas a aprender o conteúdo, mas sim à descoberta do próprio corpo, compreendendo suas partes e sua totalidade de forma organizada. No entanto, é fundamental priorizar atividades motoras na prática educativa. Por exemplo, uma criança que não tenha desenvolvida a noção de lateralidade pode enfrentar dificuldades para aprender a ler e escrever, uma vez que o domínio da noção de direita e esquerda no corpo é necessário para efetuar leitura, escrita e cálculos matemáticos.
Por fim, diante dessas considerações, é importante que os pais e profissionais estejam conscientes da importância da prevenção, da qualidade da prática pedagógica e das brincadeiras que promovem saúde integral e qualidade no aprendizado. Isso visa possibilitar que a criança se conheça melhor, desenvolva a autonomia, a consciência social e a inteligência, pois é durante este período que a personalidade de cada pessoa é moldada.