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O papel do odontopediatra no tratamento da Apneia Obstrutiva do Sono em crianças

Tempo de Leitura: 4 minutos
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Close up of a face of pretty little child girl with slightly open mouth and scattered around hair sleeping in bed at home.

A apneia obstrutiva do sono (AOS) é um distúrbio do sono
caracterizado por pausas na respiração ou episódios de respiração
superficial durante o sono. Essas pausas podem durar alguns segundos
e podem ocorrer várias vezes durante a noite. Em crianças é uma
condição séria que pode afetar o crescimento, o desenvolvimento e
o comportamento. Estima-se que acometa de 1 a 4% da população
infantil entre 2 e 8 anos, e mais comum em crianças com sobrepeso.
Indivíduos com malformações craniofaciais e síndromes genéticas
como a Síndrome de Down, as taxas de prevalência são mais altas
chegando a uma frequência de 31% a 79%. Indivíduos com AOS podem
desenvolver doenças graves como hipertensão, diabetes, refluxo
gastroesofágico, angina noturna, insuficiência cardíaca e
hipotireoidismo.


Entre os sintomas
da AOS estão o ronco, a respiração bucal, o bruxismo, sonolência
diurna, enurese (urinar na cama), parassonia, sonolência excessiva
diurna, problemas de aprendizagem, hiperatividade, sono agitado,
entre outros.


O ronco é um dos
sintomas mais evidentes da AOS. Embora nem todas as crianças que
roncam tenham apneia, e nem todas as crianças que têm apneia
ronquem. Mas o ronco persistente é um grande sinal de alerta.


O bruxismo, ou
ranger de dentes, pode estar associado à AOS. Estudos sugerem que a
apneia pode levar ao bruxismo como uma resposta do corpo para
estimular o movimento da mandíbula anteriormente e liberar as vias
aéreas obstruídas. Sabemos que o bruxismo é um mecanismo modulado
pelo Sistema Nervoso Central e não tem causas dentárias, apesar de
os dentistas serem comumente procurados quando os pais percebem o
barulho do “trincar ou ranger dos dentes”.


O diagnóstico
definitivo da apneia do sono em crianças é realizado por um médico
especialista, como um otorrinolaringologista ou um pneumologista. A
polissonografia é o exame padrão-ouro para o diagnóstico. É um
exame realizado em laboratório do sono, que se constitui em uma
monitorização não invasiva de diversos parâmetros e deve ser
realizado durante o sono espontâneo e noturno.


Os
odontopediatras podem avaliar as vias aéreas superiores, a oclusão
dentária, a posição da língua e as estruturas craniofaciais. A
observação de hipertrofia das amígdalas e adenóides, desvio de
septo nasal e outras anomalias pode indicar a necessidade de um
tratamento multidisciplinar. As abordagens de tratamento variam de
acordo com a gravidade do distúrbio e podem incluir intervenções
comportamentais, ortodônticas e cirúrgicas. Em todos os casos,
orientações aos pais sobre a importância de uma boa higiene do
sono, a manutenção de um peso saudável e a posição adequada para
dormir podem ajudar. O uso de corticóides intranasais são uma opção
para casos leves de rinite alérgica e obstrução nasal.


O tratamento
ortodôntico e ortopédico facial desempenha um papel importante no
tratamento da AOS em crianças, especialmente quando há anomalias
craniofaciais que contribuem para a obstrução das vias aéreas,
muito comum nas crianças com predomínio de respiração bucal.
Alterações na estrutura óssea, como retrognatia (mandíbula
retraída) e o palato alto e estreito, são fatores de risco para a
AOS.


Os aparelhos
expansores palatinos são utilizados para alargar o palato estreito,
aumentando o espaço na cavidade nasal e melhorando a passagem do ar
nasal, visto que o céu da boca é o assoalho do nariz. Este
tratamento é particularmente eficaz em crianças, pois o crescimento
ósseo ainda está em andamento.


Em casos de
bruxismo associado podemos confeccionar placas que evitem o desgaste
dentário. Aparelhos de expansão móvel, que além de proteger os
dentes do desgaste, expandem a arcada contribuindo para a melhora da
passagem de ar nasal. Aparelhos ortodônticos funcionais com o
recurso de avanço mandibular atuam liberando a passagem de ar na
região de nasofaringe, diminuindo os episódios de apneia.


O tratamento
cirúrgico de remoção de adenóides (adenoidectomia) ou amígdalas
hipertrofiadas (amigdalectomia), é o mais indicado e eficaz nas
crianças para a AOS. Já crianças com malformações craniofaciais
podem precisar de cirurgia ortognática para reposicionar os ossos da
mandíbula e maxila.


O uso de
dispositivos que promovem a pressão positiva nas vias aéreas (CPAP
ou Bilevel) é recomendado como tratamento não invasivo, substituto
da cirurgia nas crianças ou coadjuvante no tratamento.


Quanto antes
diagnosticada a AOS, menores os impactos na saúde ao longo da vida
da criança. Os odontopediatras desempenham um papel fundamental
trabalhando em estreita colaboração com os otorrinolaringologistas,
pneumologistas, fonoaudiólogos e fisioterapeutas no
tratamento desta síndrome.


Dra. Gisele Costa Pinto
É dentista Ortodontista e Odontopediatra com foco no acompanhamento do desenvolvimento Craniofacial desde a Gestação
dragiselecp@gmail.com
@giselecostapinto


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