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Pode haver otite sem dor?

Tempo de Leitura: 4 minutos
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orelha

Sim, pode. Nesta edição, vou explicar algumas formas mais comuns de otite, cujos tratamentos são bastante diferentes entre si.

Otite média aguda

É caracterizada por dor, geralmente forte, súbita, sendo vírus o principal agente etiológico. A dor ocorre, pois, temos um espaço bastante pequenininho dentro do ouvido (círculo vermelho na figura 1), ou seja, para dentro da membrana do tímpano e, quando este espaço é preenchido rapidamente por secreção, a dor é inevitável. Geralmente cede com anti-inflamatórios não hormonais e não necessita de antibióticos. A velha e boa técnica de esquentar um paninho e colocar no ouvido faz sentido: o aquecimento diminui a dor e pode até precipitar o vazamento do ouvido (otorreia), que nada mais é do que microperfurações da membrana do tímpano pelas quais sai o catarro acumulado, aliviando a dor.

Pode ter associado sintomas gripais como coriza, tosse, febre e indisposição. É necessário a avaliação cuidadosa de um otorrinolaringologista, para adequado diagnóstico e conduta.

Figura 1 – Círculo vermelho mostra a orelha média, onde pode se acumular catarro.

Otite média secretora

Esta é a otite que pode não doer. Nela, também há secreção dentro da orelha média mas como geralmente a instalação é mais lenta, não gera o desconforto como uma otite média aguda descrita anteriormente. O sinal que se faz suspeitar de otite secretora é a perda parcial da audição. A criança pode ficar mais desatenta, pedir para aumentar volume de TV ou telefone, ficar perguntando para pais repetirem falas que não conseguiram entender. A causa mais comum é aumento de tecido adenoideano ou também conhecida como “carne esponjosa”. A adenoide pode crescer além do normal em crianças de 2-6 anos e, com isso, fechar o canal que comunica o nariz com os ouvidos chamado tuba auditiva (bem identificada na figura 1).

A otite secretora pode então vir acompanhada de sintomas de aumento de adenoide como roncos, sono agitado, babação no travesseiro, respiração oral noturna e diurna. Como não costuma doer, o diagnóstico de otite secretora pode passar batido se não houver atenção a respeito de características da audição da criança, como trocas fonêmicas, atraso de início da fala, pobre rendimento escolar, desatenção na escola e até comportamentos mais desafiadores.

O tratamento da otite secretora varia desde melhora exclusivamente da função nasal ou até tratamento com medicamentosa via oral ou ainda procedimento minimamente invasivo com a colocação de drenos ou também chamados tubos de ventilação, para que o ouvido “respire” melhor, associado a retirada das amígdalas. A avaliação da acuidade auditiva da criança é fundamental nos casos de otite secretora, feito por fonoaudiólogas.

Otite externa Como o próprio nome diz, a otite externa é uma inflamação na parte externa do ouvido, ou seja, para fora da membrana timpânica. A dor é bastante intensa, geralmente há história de ter frequentado bastante piscina ou mar ou manipulação com haste flexível (cotonete). Este tipo de otite é muito comum no verão, quando há muita exposição à água, criando umidade propícia à proliferação de fungos e bactérias no canal externo do ouvido. O tratamento envolve evitar molhar o ouvido por uma semana, enquanto é feito tratamento com gotas de antibiótico e/ou antifúngico no ouvido afetado. Não está recomendado o uso de protetores auriculares preventivamente, exceto nos pacientes que tenham tido otite externa com frequência.

Dra. Sandra Doria Xavier
Otorrinolaringologista com Especialização em Medicina do Sono.
Pós Doutoranda pela UNIFESP. Professora e pesquisadora no Instituto do Sono SP
CRM-SP 101.577
@drasandradoriasono
ssandoria@yahoo.com.br
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