A cada dia que passa, a ciência aponta a existência de fatores que exercem influência sobre a formação das conexões cerebrais de bebês e crianças, moldando o desenvolvimento infantil; especialmente na primeira infância, período de zero aos seis anos de idade. Estudos internacionais sobre infância e qualidade de vida afirmam que esses fatores exercem influência direta na fase adulta em termos de saúde física, mental, emocional, e até socioeconômica.
Cerca de 90% das conexões cerebrais ocorrem na primeira infância. Com isto, faz-se necessário conhecer alguns fatores que interferem positivamente no desenvolvimento infantil global. O vínculo afetivo, os estímulos de linguagem e comunicação, a nutrição, a segurança dos pais no lar, e as experiências gerais diárias de uma rotina comum. Entretanto, destaco o vínculo afetivo com os pais ou com o adulto cuidador como fator chave para o desenvolvimento saudável e a construção de uma autonomia com base sólida em núcleo familiar e social para os pequenos.
O primeiro ponto para fortalecer o vínculo e gerar confiança entre a criança e o cuidador é atender as necessidades emocionais e físicas de forma carinhosa desde muito cedo. Uma conversa com um bebê promove estímulos que resultam em maior movimento e descobertas do próprio corpo; pois o bebê ouve, e tenta responder à sua própria maneira. Por exemplo: uma mãe ao conversar com seu bebê gera nele estímulos auditivos, sensoriais, de linguagem, motor e de cognição, pois o bebê ouve a voz (especialmente a da mãe), faz esforço para vê-la, e dependendo da idade, apresenta respostas motoras mais intensas, como maior movimento de mãos e pernas, sorrisos e balbucios.
Portanto, vou sugerir três práticas que podem ser utilizadas diariamente na rotina do bebê e o ajudam com diversas habilidades, sobretudo as sensório-motoras, as cognitivas, e as de linguagem. A primeira prática é da comunicação com afeto e previsibilidade em todos os momentos, ou seja: manter um diálogo diário com o bebê, informá-lo sobre banhos, trocas, hora do sono, passeios e saídas de casa, apresentar pessoas; enfim, fazer o bebê entender o que está acontecendo no momento presente ou dar a ele previsibilidade acerca do que está prestes a acontecer.
A segunda prática é a realização da massagem. Apego seguro, fortalecimento do vínculo, redução do choro e sinais de estresse, redução da dor ou irritabilidade por episódios de cólicas, e melhora da qualidade do sono são alguns dos resultados publicados por diversos centros especializados em pesquisas e estudos sobre bebês que recebem massagem com frequência, incluindo prematuros. Entretanto, para que a massagem seja eficaz, o bebê precisa ter plenas condições de saúde, incluindo integridade da pele e tolerância ao toque, a massagem precisa ser prazerosa.
Existem vários tipos de massagens infantis, a maioria delas é indicada apenas após o bebê completar um mês de vida; contudo, é uma excelente opção para implantar na rotina. É preciso normalizar a ideia de massagear bebês e crianças pelo volume de benefícios que essa simples prática pode trazer à família.
A última prática sugerida ao desenvolvimento pleno do bebê é a prática da posição de bruços, conhecida como tummy time. Essa prática pode ser realizada a partir dos 3 dias de vida do bebê e vai auxiliar no ganho de força e preparo biomecânico para a conquista de diversas habilidades motoras ao longo dos próximos meses, como: sustentação da cabeça, melhor distribuição do peso ao longo do corpo, fortalecimento de antebraços e da coluna, maior interesse visual, e dessa forma, maior possibilidade de exploração do ambiente. Essa maior possibilidade de explorar vai gerar riqueza sensorial e autonomia, promovendo um interesse cada vez maior em novas brincadeiras, e novos movimentos.
Alguns bebês podem apresentar menor tolerância à posição de bruços, e chorar, é comum. Sugiro sempre acalmar o bebê, conversar com ele, transmitir segurança e carinho, e tentar novamente. Caso já o tenha acalmado, mas o choro se mantenha; escolher outro momento, mas é importante que essa prática seja diária. Em situações de dúvidas para a escolha de técnicas de massagem ou dúvidas sobre como melhorar a rotina do seu bebê, procure o fisioterapeuta infantil. Lembrando que os bebês que nasceram com algum grau de prematuridade devem receber ao menos uma consulta com fisioterapeuta para acompanhamento do desenvolvimento motor.
Dra. Taciane Melo
Fisioterapeuta neuropediátrica, especializada em desenvolvimento de bebês,
Instrutora de Shantala,
Mestre em Saúde Pública pela Fiocruz, Membro da Associação Brasileira de Fisioterapia Neurofuncional (ABRAFIN), Membro da La cause Des Bébés, associação francesa transdisciplinar de estudos e pesquisas sobre bebês, unidade Brasil.
Mentora de desenvolvimento infantil, atendimentos
online e presencial.
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