Produtos ultraprocessados são formulações industriais à base de ingredientes como óleos, gorduras, açúcares, amidos e aditivos, geralmente pouco reconhecíveis como alimentos in natura. Esses produtos incluem alimentos como refrigerantes, salgadinhos de pacote, biscoitos recheados, bolos industrializados, embutidos e refeições prontas congeladas. Sua produção envolve processos industriais que alteram significativamente os ingredientes originais, resultando em alimentos de longa duração, alta palatabilidade e baixo custo.
O consumo crescente de ultraprocessados está associado a preocupações significativas à saúde, especialmente no desenvolvimento infantil. Estudos indicam que uma dieta rica nesses alimentos está relacionada ao aumento de doenças metabólicas, como obesidade, diabetes tipo 2 e hipertensão arterial, devido ao alto teor de açúcares, sódio e gorduras saturadas, além do baixo conteúdo de fibras e nutrientes essenciais.
Na infância, os perigos do consumo excessivo de ultraprocessados vão além do ganho de peso. Esses alimentos muitas vezes substituem opções mais nutritivas, comprometendo a ingestão adequada de vitaminas, minerais e outros nutrientes essenciais ao crescimento e ao desenvolvimento cognitivo. Crianças que consomem dietas ricas em ultraprocessados apresentam maior risco de deficiências nutricionais, o que pode impactar negativamente o desempenho escolar, a memória e a concentração.
Outro fator preocupante é a associação entre alimentos ultraprocessados e padrões alimentares inadequados desde a infância. A exposição precoce a esses produtos cria preferências por alimentos ricos em sal, açúcar e gorduras, dificultando a aceitação de alimentos naturais, como frutas, legumes e verduras, no futuro. Isso contribui para a perpetuação de hábitos alimentares pouco saudáveis ao longo da vida.
Por outro lado, a produção de ultraprocessados possibilitou a democratização do acesso a alimentos em contextos de escassez, oferecendo conveniência e praticidade. No entanto, o equilíbrio é essencial, e estratégias para reduzir o consumo excessivo, especialmente entre crianças, são indispensáveis.
Dados do Ministério da Saúde no Brasil mostram que cerca de 60% das calorias ingeridas pela população vêm de produtos ultraprocessados, enquanto a obesidade infantil atinge 3,1 milhões de crianças de 5 a 9 anos. Globalmente, a OMS estima que a obesidade infantil afete 39 milhões de crianças menores de 5 anos, com uma parte significativa atribuída ao consumo de ultraprocessados.
Portanto, a conscientização sobre os impactos dos ultraprocessados e a promoção de dietas baseadas em alimentos in natura e minimamente processados são fundamentais para proteger a saúde e o desenvolvimento das crianças. A educação nutricional e a regulamentação de marketing de ultraprocessados voltados ao público infantil são estratégias importantes para enfrentar esse desafio.