Observo muitos casais em conflito pela dificuldade que apresentam no tocante à simples decisão de ter um filho. Percebo que, para muitos, fazer essa escolha não é fácil nem simples.
Cada pessoa tem um estilo de vida e uma personalidade, que incluem também os desejos e aspirações em relação ao outro e, em muitos casos, a existência de um terceiro elemento, como a chegada de um filho ou até mesmo a gestação, pode ser a causa de muita angústia.
Percebo a ansiedade de muitas mulheres em relação ao parceiro que não manifesta interesse em relação ao desejo de ter filhos ou até verbaliza a falta de vontade de tê-los.
O que cada um nesse momento precisa fazer é tentar ficar atento ao que um filho representa para sua vida e o que mobiliza internamente, incluindo dúvidas, medos, ansiedade e angústias.
Antes de mais nada, considero importante que cada um tente entrar em contato com aquilo que espera para sua vida – e todos nós sabemos que decidir ser pai ou mãe, pode ser algo muito importante ou até muito distante para algumas pessoas. É necessário observar que expectativas elas colocam em relação à maternidade ou paternidade.
As mulheres, diferentemente dos homens, têm um prazo para decidirem ser mães, considerando que sua vida reprodutiva termina entre os quarenta e cinquenta anos e, quanto mais o tempo passa, maiores são as chances de se distanciar a concretização desse desejo. Todos sabem o quanto a posição delas no mercado de trabalho, contribui para o atraso da maternidade, mas nem sempre é possível encontrar o parceiro ideal no momento em que desejam ser mães.
Muitos homens se assustam com a dependência de um bebê, e com as responsabilidades de ser pai, incluindo-se nelas também o fato de serem obrigados a provê-los emocional e materialmente por muito tempo. Para alguns isso pode ser motivo até de crises de ansiedade e depressão, além do surgimento de outros sintomas secundários.
A existência de um bebê pode mobilizar questões muito primitivas e profundas nas pessoas, estejam elas conscientes ou não disso. E nem sempre o outro, nesse caso o parceiro, é capaz de compreender o que está ocorrendo com seu companheiro.
Uma conversa franca é sempre importante, para que cada um possa se colocar e deixar claro o que espera para si e para a relação que está vivendo com aquela pessoa. Às vezes é difícil vivenciar sozinho essas situações, e é para isso que existem os psicólogos, que podem contribuir muito para a compreensão e percepção de muitas questões.
Por Cynthia Boscovich