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Aprendizado alimentar na infância

Tempo de Leitura: 4 minutos
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Portrait of little baby boy eating food. Baby with a spoon in feeding chair. Cute baby eating first meal.

O aprendizado alimentar depende das condições físicas e do desenvolvimento da criança, bem como das suas habilidades orais e sensoriais para interpretar e lidar com o alimento. Além disso, outros aspectos devem ser considerados como emoções, motivação, contexto social, familiar e o ambiente. Ao nascer, o bebê possui na boca, um sistema integrado de funcionamento neuromotor e sensorial disponível para auxiliar e proporcionar seu desenvolvimento. A integridade de todas as estruturas orais (lábios, língua, bochechas, palato duro e mole, mandíbula, dentes) é essencial para que o bebê e a criança possam se alimentar, pois essas estruturas estão envolvidas com o ato de sugar, engolir, mastigar, por exemplo.

As dificuldades alimentares podem ocorrer em 20% a 35% da população pediátrica em geral com desenvolvimento neurotípico. Boa parte da recusa ou da seletividade alimentar apresentada pela criança pode ser determinada por ela não conseguir realizar com eficiência as funções que proporcionam sua nutrição (sucção, deglutição, mastigação). O desenvolvimento dessas estruturas depende da experiência e sensações que o bebê vivencia ao colocar as suas mãos e os objetos na boca, exigindo movimentos da língua, mandíbula, bochechas e lábios.

Mordedores e objetos orais adequados proporcionam movimentação de lábios, língua, bochechas, com segurança. Todas essas sensações orais são registradas e em conjunto com seu desenvolvimento e amadurecimento neuromotor, realizam um preparo para a introdução alimentar. Quando o bebê não realizou essa vivência e sua primeira experiência é com os alimentos, ele pode apresentar certa resistência ou dificuldade para aceitá-los. Identificar os limites orais que possam estar impedindo ou dificultando a alimentação da criança, possibilita que ela desenvolva uma relação positiva com os alimentos.

Dificuldade para mastigar pode ser decorrente da falta de vivências e também de habilidade oral. A visão da “criança por inteiro” engloba as áreas sensoriais, motoras, motoras orais, comportamentais e de aprendizagem, médica, nutricional, emocional e ambiental, no qual essas áreas têm a mesma importância, devendo ser conectadas no momento do diagnóstico e na forma de tratar a criança. As causas orgânicas para um desenvolvimento atípico são examinadas e tratadas primeiramente pelo pediatra e/ou especialista, incluindo também a identificação pelo nutricionista de qualquer déficit nutricional ou de crescimento para cada criança individualmente. As habilidades orais e sensoriais também são avaliadas, por fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional, visto que interferem e influenciam todas as áreas do desenvolvimento da criança.

Para o desenvolvimento e aprendizado da mastigação, é necessário:

1. Aprender: mastigar é diferente de outras funções orais que são inatas; ela tem de ser aprendida ao longo do desenvolvimento da criança

2. Ter condições neuromusculares adequadas: crianças com algum déficit neurológico ou neuromotor podem ter dificuldades para aprender a mastigar

3. Estímulos adequados: O primeiro estímulo são as próprias mãos quando levadas à boca. Os alimentos completam esse aprendizado quando proporcionam desafios quanto a diferentes texturas e consistências.

4. Estruturas orais adequadas: Às estruturas orais precisam de um adequado funcionamento (tônus, sensibilidade e força) para auxiliarem no aprendizado da mastigação.

5. Reconhecer e discriminar adequadamente os estímulos na boca: A criança necessita sentir conforto ao toque de diferentes estímulos e texturas dentro da sua boca. Quando isso não acontece e/ou ele apresenta desconforto, náusea e vômito quando sua boca é tocada internamente, não terá como desenvolver sua mastigação.

6. Modelo: comer com a criança favorece seu aprendizado mastigatório.

A preocupação materna quanto à alimentação dos filhos é mundial e referida primeiramente ao pediatra, que necessita compreender a complexidade dessa “queixa” para que possa realizar um diagnóstico diferencial e auxiliar a criança quando necessário. Crenças maternas, relacionamento e estilo parental, tudo tem importância e deve ser considerado pelo psicólogo. A partir disso, todas as áreas são consideradas dentro do contexto das alterações e dificuldades alimentares apresentadas pela criança.


Dra. Laura Faustino Gonçalves
Doutoranda em Ciências da Reabilitação (USP). Fonoaudióloga e Mestre em Fonoaudiologia pela UFSC. Aprimoramento em Andamento em Fonoaudiologia aplicado ao Transtorno do Espectro Autista. Experiência em Motricidade Orofacial, Fala, Dificuldades Alimentares, Comunicação Alternativa e Linguagem. Cursos com ênfase em Transtorno Motor de Fala, Seletividade Alimentar e Comunicação Alternativa.

laurafaustinog@outlook.com
@lauragoncalves.fono
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