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Tenho uma lembrança muito viva da minha infância de uma ‘determinação’ da minha mãe que talvez tenha feito toda a diferença na minha saúde. Estávamos em uma oficina aguardando o carro dela ficar pronto e meu irmão mais novo e eu queríamos lanchar. Havia uma lanchonete ao lado. Pedimos suco de laranja. O atendente perguntou “gelo e açúcar?”. Antes mesmo que pudéssemos responder, surge dona mãe: “natural, por favor”.

“Ué, por que? A gente quer com açúcar!”, quase que em coro respondemos à ela. Com toda paciência que muitas vezes lhe é própria, ela nos explicou que o açúcar em excesso não só fazia mal como também tirava o sabor do suco.

Cresci com isso, pedindo sempre, independente do sabor, suco sem açúcar. Quando por engano me trazem suco adoçado, de cara eu sei que tem açúcar e dispenso. Por mais louca que eu seja com doces, suco com açúcar não rola pra mim.

Contei essa historinha porque esta semana a nossa pediatra-consultora-amiga Jéssica Nicole (a Jazz La Vie) trouxe informações importantes sobre Bebidas Adocicadas com Açúcar (BAA) ofertadas a crianças muitas vezes associadas ao ganho de peso. Nicole destacou “quanto mais açúcar, maior o índice de massa corporal e o risco de obesidade”.

Embora o consumo de Bebidas Adocicadas com Açúcar (BAA) ter sido fortemente ligado ao ganho de peso, os dados relativos a essas relações em crianças de 2 a 5 anos têm sido mistos.

(…)

Na análise prospectiva, as crianças de 2 anos que bebem BAA tiveram um aumento subsequente do z score de IMC ao longo dos dois anos seguintes ( P <0,05). Semelhante ao que é visto entre crianças mais velhas, crianças com idade entre 2 a 5 anos com hábito de beber BAA demonstraram *correlação com maior IMC*.

Pediatras e os pais devem desencorajar o consumo de BAA para ajudar a evitar ganho de peso em crianças pequenas.

Do ponto de vista da saúde pública, forte consideração deve ser feita em direção a mudanças políticas que levem a diminuição no consumo de BAA entre crianças. (Pediatrics, 2013)

Os hábitos alimentares dos adultos são resultado, na maioria das vezes, da educação alimentar recebida na infância. Ou seja, temos que cuidar desde já dos nossos pequenos para que eles sejam adultos saudáveis. Por que? Porque no mundo todo, cerca de 35 milhões de mortes são registradas por ano relacionadas à obesidade ou decorrentes do consumo exagerado do açúcar e outros nutrientes associados a ele, como as gorduras. Sabe quanto de açúcar cada um de nós, brasileiros, consumimos por mês? 4 quilos, o equivalente a 51kg anuais (basicamente, consumimos de açúcar por ano o mesmo peso que tenho no auge dos meus 1,58m).

“Vou colocar um pouquinho de açúcar aqui pra ela aceitar o suco”. Se você faz isso afim de ensinar sua filha ou filho a comer bem, pare agora mesmo!!! Na pior das hipóteses, substitua por mel só se a criança já tiver mais de 1 ano. Porque, com idade inferior, o sistema imunológico da criança não está desenvolvido o suficiente para se defender de uma bactéria, a Clostridium botulinum, normalmente encontrada no mel e responsável pela transmissão do botulismo, doença que atinge os nervos e músculos.

Deixe que a criança experimente o sabor natural dos alimentos. Talvez você, mamãe, não aprecie porque não teve oportunidade de se familiarizar, mas sua cria pode se interessar. Como fez a minha Beatriz esta semana. Abriu a geladeira, encontrou uma banda de limão. Pegou, provou e dispensou a banana que estava comendo pra ficar com o limão.

Conteúdo autorizado para reprodução na Revista Materlife com a fonte retida pelo publicador.  Divulgado por: Jéssica Macedo, autora do Blog Me Sinto Grávida.

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