A imagem de um bebezinho chupando o dedo é até angelical. Alguns bebês já estão com o dedo na boca dentro da barriga da mamãe. “Olha que bonitinho, com o dedinho na boca!”, costuma dizem muitas pessoas “desavisadas”.
O problema maior é que grande parte das pessoas que acha esse ato “meigo” desconhece o quanto um dedo na boca pode ser prejudicial à vida da criança.
A sucção é muito importante para as crianças até dois anos de idade e em algumas delas a necessidade de sucção é maior. O bebê suga não apenas para matar a fome, mas também para saciar sua vontade de sugar.
Por esse motivo as mamães não devem se preocupar quando os bebês levam a mão toda à boca. Eles começam a conhecer o mundo pela boca. Além da mão, tudo o que pegarem levarão à boca. As mamães devem ficar atentas se o que for à boca seja somente o dedo e o bebê sugue efetivamente.
O bebê amamentado exclusivamente até os seis meses de vida normalmente tem sua necessidade de sugar saciada e dificilmente vai aceitar uma chupeta ou sugar o dedo. Se a mamãe apresentar grande oferta de leite, estiver sempre com as mamas cheias, o bebê não fará muito esforço para sugar, matando sua fome rapidamente, mas não sua vontade de sugar.
Nesse caso, há grandes possibilidades de o bebê encontrar o dedo, já que a necessidade de sucção não foi saciada. A mamãe que tem muito leite deve antes das mamadas ordenhar (retirar) o leite até que as mamas fiquem mais vazias e o bebê tenha que se esforçar para mamar e então matar a fome e a vontade de sugar.
Para crianças que não amamentam ou que já introduziram outros alimentos, o leite, a água ou o suco pode ser oferecido em copos de bico com válvulas que necessitam do esforço do bebê para a retirada do líquido.
A fonoaudióloga Jamile Elias alerta para o abuso de dedo na boca. “Os prejuízos causados pela sucção do dedo prolongada são normalmente maiores do que os causados pela sucção da chupeta. A chupeta pode ser jogada fora, esquecida em casa em algum passeio ou mesmo ser retirada pelos pais enquanto a criança dorme ou brinca”, informa.
“Já o dedo está sempre disponível, não tem jeito de ser retirado e por isso é mais fácil de se tornar um vício e mais difícil de ser retirado”, concluiu Jamile Elias.
Alterações na arcada – A sucção do dedo leva a alterações da arcada dentária como mordida aberta, cruzada ou profunda, dependendo da posição em que o dedo é levado à boca, da força durante a sucção, ou da posição da mandíbula durante a sucção.
Essas alterações levam a criança a respirar pela boca, pois deixam a musculatura oral flácida. Crianças com respiração oral podem apresentar roncos ou baba enquanto dormem, irritabilidade, cansaço fácil em atividades físicas, bruxismo, alterações da postura, apetite diminuído, respiração e mastigação ruidosas, hiperatividade ou sonolência e dificuldade de aprendizagem.
“Alterações na arcada dentária e a respiração oral também podem afetar a fala da criança, que trocará os sons na hora de falar e, se não corrigido antes da criança entrar na escola, pode criar problemas na alfabetização”, esclareceu Jamile Elias.
Evitando o dedo na boca – Para evitar a sucção do dedo, além do aleitamento materno, a mamãe precisará de muita paciência. Para tentar tirar o dedo do caminho à boca, ofereça mordedores, preferencialmente gelados (coloque-os na geladeira antes de oferecer à criança). Assim a criança se entreterá com o mordedor e esquecerá o dedo.
Sempre que a criança estiver com o dedo na boca, não recrimine, apenas tente distraí-la para outra atividade que tenha que fazer uso das mãos. Se o hábito já for vicioso, consulte um profissional como fonoaudiólogo, dentista ou psicólogo para ajudar nesse hábito tão prejudicial.