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Como evitar que a criança desenvolva medo de dentista?

Tempo de Leitura: 5 minutos
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O medo é um sentimento relativamente comum e natural na criança desencadeado pela percepção real ou imaginária de perigo. Sabemos que os medos na criança se desenvolvem em fases, e são muito comuns em determinada idade, principalmente nos primeiros anos de vida.

Muitas crianças se sentem inseguras em locais novos e o consultório odontológico é um ambiente desconhecido. Conhecer o dentista pode causar receios. É uma pessoa estranha e que lembra um médico que examina, ou uma enfermeira que aplica vacina. Essa figura nova leva à suspeita de que pode ser necessário tomar uma injeção ou mesmo um remédio ruim… Coisas que crianças normalmente não gostam.

Entre 6 meses e 2 anos de idade é a fase de maior estranhamento de pessoas. Depois aparecem os medos mais elaborados ligados à imaginação. E em várias fases observamos que o medo da separação dos pais é muito evidente.

Algumas crianças infelizmente já passaram por experiências anteriores desagradáveis. Ou foram atendidos por profissionais sem boa condução numa consulta, ou foram submetidas a um procedimento onde sentiram dor ou desconforto. Essas memórias podem persistir causando medo e ansiedade em visitas posteriores. O profissional precisa conquistar a confiança desse paciente com amor e paciência.

Existem crianças que apresentam baixa tolerância à dor ou são mais sensíveis a estímulos desconfortáveis. Isso pode fazer com que fiquem apreensivas em relação a simples procedimentos odontológicos.

Eu, particularmente, observo no meu dia a dia no consultório muitas crianças normotípicas com receio exagerado ao toque dentro da boca, com alta “sensibilidade” a pequenos movimentos como o de escovar os dentes. Então o que falar das crianças com algum grau de transtorno de processamento sensorial? Os barulhos dos equipamentos funcionando, o brilho das luzes e até mesmo o aroma e gosto dos materiais e produtos odontológicos podem ser estímulos sensoriais que causam desconforto ou medo.

Se os pais têm medo do dentista, ou mesmo guardam memórias de experiências negativas, é possível que transmitam essa ansiedade para os filhos. Mesmo que inconscientemente, os pais em algum momento relatam alguma relação negativa com esse tipo de profissional. Sabemos que os filhos muitas vezes imitam o comportamento e as reações emocionais dos adultos ao seu redor.

Crianças mais ansiosas, podem sentir medo quando têm a sensação de não ter controle sobre a situação. Durante o tratamento odontológico, a criança muitas vezes precisa cooperar e seguir instruções, o que pode ser bem desafiador.

Mas então, como preparar a criança para que ela desenvolva uma boa relação com o dentista?

Muito importante que os pais sempre tenham em mente que ao abordar o assunto “cuidado com os dentes”, a comunicação seja sempre positiva. Que é gostoso e legal escovar os dentes. Nunca falar sobre dor, injeção, arrancar dente, que o dente vai cair ou vai doer, nem sobre “bicho que vai comer o dente”. Vamos lembrar que a imaginação da criança é fértil e ela cria um monstro na cabeça sobre qualquer assunto desconhecido. Tornar os cuidados com os dentes um processo natural, como tomar banho, são essenciais.

Ao marcar uma consulta com um dentista, certifique-se que seja um especialista, um odontopediatra. Por mais que o dentista da família cuide de todos, o Odontopediatra desenvolveu técnicas específicas para lidar com pacientes pequenos. Às vezes, a criança pode não entender completamente o que vai acontecer. Um dentista especialista em criança tem habilidades para usar uma forma de comunicação adaptada à cada idade. Também é importante que o ambiente do consultório seja acolhedor e apropriado para os pequenos.

Fale para a criança que ela irá conhecer uma tia ou tio amigo dos dentes. Que irá brincar de escovar os dentes. Que é um lugar muito legal e que vocês irão se divertir lá. Saiba que chorar é permitido e esperado em várias idades. Não mencione procedimentos que possam ser realizados para não gerar ansiedade. Deixe que o profissional conduza a criança no tempo dela. Algumas crianças precisam de algumas visitas para se ambientarem e adquirir confiança no profissional antes de realizar efetivamente algum procedimento.

Sabemos que estatisticamente, por volta de 40% das primeiras consultas ao dentista acontecem em decorrência de traumas ou acidentes. Imagine que momento terrível fazer essa primeira visita? Outra porcentagem alta de primeira vez acontece por causa da percepção dos pais ou pediatra da possível presença de cárie. A prevenção também traz conforto e segurança para a criança. Agende uma primeira consulta o quanto antes para trabalhar seus medos aos poucos. Assim ela desenvolve bons hábitos e evita a necessidade de tratamentos odontológicos na fase adulta.


Dra. Gisele Costa Pinto
É dentista Ortodontista e Odontopediatra com foco no acompanhamento do desenvolvimento Craniofacial desde a Gestação
dragiselecp@gmail.com
@giselecostapinto
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