O dermatologista Anderson Bertolini (CRM- 107976), diretor médico da Clínica Bertolini, explica que todos os produtos infantis como xampu, creme hidratante e gel para cabelo, entre outros, devem passar por testes que medem a segurança do consumidor – como o potencial de irritação da pele e de provocar alergias. “Como a pele das crianças é mais fina, mais sensível, e possui distribuição mais densa de glândulas, os produtos para elas devem conter menos substâncias químicas capazes de causar irritação e futuras reações alérgicas. O pH da pele é ácido, em torno de 5,5, e este ‘manto ácido’ é o responsável pelo equilíbrio da flora normal da pele e sua proteção”, diz o médico.
Deve-se ter cuidado, por exemplo, com o sabonete. Um sabonete considerado neutro pode ter o pH de até 7; já o pH fisiológico da pele é de 5,5. Por isso, o uso de um sabonete considerado neutro poderia levar a uma alteração do pH da pele e deixá-la mais suscetível a infecções e irritações. “Antes de comprar qualquer produto, os pais devem observar se ele é liberado pela Anvisa. Se provém de um fabricante confiável e se é adequado à idade da criança”, orienta Bertolini.
É importante, também, buscar orientação com o pediatra, uma vez que todos estes produtos são de livre acesso ao consumidor e podem gerar uma certa confusão quanto à real necessidade do seu uso na criança. Por exemplo: por que usar um hidratante no bebê se sua pele não está ressecada? Além disso, quanto mais precoce a exposição a diferentes produtos, maior a chance de sensibilização.
Geralmente os pais partem do princípio de que se o produto é infantil, deve conter menos substâncias alergênicas e sensibilizantes. No entanto, não é bem assim. Substâncias como o timerosal e o PABA, por exemplo, muito utilizadas em produtos infantis há alguns anos, foram retirados do mercado devido ao seu potencial alergênico. “A utilização cada vez mais precoce de cosméticos infantis como maquiagens e esmaltes têm aumentado consideravelmente a ocorrência de dermatites de contato, principalmente nas meninas”, alerta o dermatologista.
Como não é possível prever se a criança é ou não alérgica a determinado produto, deve-se ter bom senso. “Infelizmente, muitas vezes, somente depois de várias exposições à substância alergênica é que ocorrem as reações”, completa o médico.
Saiba como proceder ao comprar e usar cada produto
Maquiagens Infantis
Um requisito essencial para a maquiagem infantil é ter baixo poder de fixação e ser facilmente removida da pele com água. “Além disso, a Anvisa permite que as maquiagens contenham substâncias que possuam gosto ruim (amargo) para evitar que a criança leve o produto à boca”, conta Anderson Bertolini.
Xampus e Condicionadores Infantis
Cabelo de criança também merece cuidado especial. Para isso, lave-o com um xampu infantil a fim de limpá-lo e tirar-lhe os resíduos. Caso seja necessário o uso de condicionador, o produto deve ser aplicado por um adulto para que não corra o risco de excessos de creme nos cabelos.
Sabonetes
Crianças devem usar sabonetes infantis, mais apropriados à sua pele delicada. Bertolini avisa que, em caso de contato com os olhos, os produtos devem ser imediatamente retirados, enxaguando-se o rosto e os cabelos das crianças. “Em crianças alérgicas, os cuidados no uso desses produtos devem ser redobrados”, diz o médico.
Protetores Solares
É importante o uso do protetor solar diariamente nas crianças para se evitar queimaduras solares. Mas atenção, antes de aplicar verifique o fator de proteção solar (FPS) do produto a ser utilizado nas crianças. Ele deve ser no mínimo 15, de acordo com o fototipo de pele ou conforme recomendação médica. Quanto maior o valor de FPS do produto, maior a proteção proporcionada.
Esmaltes Infantis
Esmaltes permitidos para crianças são aqueles à base de água e que saem sem necessidade do uso de acetona ou removedor. Por não possuírem solvente, o cheiro dos esmaltes infantis é bem diferente do presente nos esmaltes para adultos. O rótulo deve possuir orientações e advertências de uso.
Batons e brilhos labiais
Os batons e brilhos labiais devem colorir os lábios temporariamente. Como nos demais produtos infantis, a fórmula deve ser composta por ingredientes seguros. “Antes de comercializar esses produtos, a empresa deve comprovar a segurança de cada tonalidade junto à Anvisa”, alerta o dermatologista.
Fixadores de cabelos
Os fixadores de cabelo infantis podem ser coloridos, perfumados, ter fotoprotetor e efeito luminoso. No ato do registro, devem ser apresentados testes que comprovem a sua segurança. São indicados para crianças a partir de três anos de idade e devem ser aplicados exclusivamente por um adulto.
Fonte – Dermatologista Anderson Bertolini (CRM- 107976), diretor médico da Clínica Bertolini.