Mais de 15 anos de profissão, me fez compreender a profundidade dessa máxima.
Ouvir um diagnóstico para um filho transforma o chão sob os pés. O que antes parecia certo e linear ganha contornos inesperados, e uma onda de emoções pode nos invadir: preocupação, medo, talvez até uma ponta de negação. É natural sentir-se assim. Afinal, estamos diante de um novo território, desconhecido e, por vezes, assustador. Mas, respire fundo. No meio dessa turbulência, há uma verdade fundamental que precisa ser abraçada com carinho: diagnóstico não é destino, mas sim um novo ponto de partida.
Tudo em nossas vidas é sobre o ponto de vista que lidamos com os fatos. Imagine que a vida da sua família até agora era como uma viagem por uma estrada familiar. Vocês conheciam cada curva, cada placa, sabiam exatamente o que esperar. O diagnóstico, então, surge como um desvio inesperado. No primeiro momento, a reação pode ser de estranhamento, até de resistência. Mas esse novo caminho, embora incerto a princípio, não precisa ser temido. Ele pode ser, na verdade, uma jornada de descobertas, de aprendizados profundos e de um amor ainda mais forte.
Encarar um diagnóstico como um recomeço significa abrir espaço para novas perspectivas. Significa permitir-se aprender sobre as necessidades específicas do seu filho, sobre as ferramentas e os apoios disponíveis. É desmistificar o rótulo e enxergar, acima de tudo, a individualidade única da sua criança, com todas as suas potencialidades e talentos. O diagnóstico existe para entender melhor o funcionamento do seu filho, suas dificuldades e suas habilidades. Com esse mapa em mãos, vocês podem começar a traçar um novo percurso, adaptado às necessidades dele, mas repleto de possibilidades.
Este novo caminho envolverá uma busca por profissionais especializados, a exploração de terapias e abordagens inovadoras, a adaptação do ambiente familiar e escolar. É desafiador, e certamente haverá momentos de cansaço e frustração. E lembrem-se que vocês não estão sozinhos. Uma rede de apoio pode ser construída, reunindo familiares, amigos, outros pais que vivenciam situações semelhantes e profissionais dedicados. Compartilhar experiências, trocar informações fortalece a jornada e nos lembra que a esperança e a resiliência são combustíveis poderosos.
É importante permitir-se sentir todas as emoções que surgirem ao longo desse processo. Não há certo ou errado em como vocês se sentem. Acolham a tristeza, a raiva, a confusão. Conversem sobre seus medos e suas expectativas. Buscar apoio emocional profissional é fundamental para lidar com as mudanças e fortalecer a união familiar, eu sempre indico às famílias que chegam até mim.
O diagnóstico não muda quem seu filho é, sua essência, seu valor. Ele apenas adiciona uma nova camada à sua individualidade, uma camada que exigirá mais compreensão, mais paciência e, talvez, novas formas de comunicação e interação.
Este recomeço não significa apagar o passado, mas sim integrá-lo à nova realidade. As expectativas para o futuro podem ser reformuladas, adaptadas, mas não abandonadas. Sonhem com o desenvolvimento do seu filho, celebrem cada pequena conquista, valorizem cada passo em direção à sua autonomia e felicidade.
O diagnóstico traz consigo a necessidade de romper com algumas idealizações, de ajustar planos e expectativas. Essa flexibilidade não é uma perda, mas sim uma oportunidade de descobrir novas formas de felicidade, de encontrar alegria em conquistas que talvez antes passassem despercebidas. Lembra o que eu disse? Tudo é ponto de vista!
A jornada pode ser longa e, por vezes, é sinuosa, mas ela também é repleta de potencial. O seu filho continua sendo uma pessoa única, com seus próprios talentos, paixões e sonhos. O diagnóstico não define seus limites, mas pode, e deve, direcionar a busca por estratégias e apoios que o ajudem a alcançar seu máximo potencial.
Portanto, abracem este novo capítulo com coragem e esperança. O diagnóstico não é uma sentença, mas um convite a um olhar mais atento, a uma escuta mais sensível e a um amor ainda mais incondicional. É um recomeço que, embora desafiador, pode trazer consigo um profundo aprendizado sobre a força da família, a resiliência do ser humano e a beleza da diversidade. Lembrem-se sempre: diagnóstico não é destino, é apenas o início de uma nova e extraordinária jornada.

Dra. Patrícia Lattaro
Fisioterapeuta, mãe do Gabriel, apaixonada por bebês e seu desenvolvimento, pós-graduada em Reabilitação Neurofuncional pela Universidade Federal de São Paulo. Há 15 anos uso meu conhecimento para auxiliar famílias a entender o desenvolvimento de seus bebês de forma descomplicada.
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@patricialattaro.fisio