É fato, criar filhos é um videogame da vida real, quando passamos de fase, chega outra e nunca vencemos o vilão final. Trago notícias, a tal crise dos dois anos não é nada perto da adolescência.
Filho, como foi na escola?
Tudo bem.
Alguma novidade?
Nada.
Quer comer tal coisa…
Você sabe que eu não gosto!
Você sempre comeu.
Que chato, mãe, me deixa quieto!
Esse diálogo pode ser do meu filho, do seu, já deve ter acontecido em muitas casas. O tempo passa e aquela criança divertida, conversada, que chama mamãe toda hora, quer ficar sozinha, já tem outras escolhas e quer um espaço onde não cabem mais os pais, como antes.
Como nos preparar para isso? Passar por esse processo real de corte de vínculos, em que nossos cuidados não são mais tão essenciais? Eles estão construindo o mundo deles, a autonomia, mas enquanto nasce esse ser humano, nós pais somos desafiados a conviver com uma pessoa nova, aprender a dar espaço e mesmo assim estar ali para o que precisar.
Quando ele chorou na escola, eu estava lá, quando precisou de ajuda com a tarefa, estava lá, continuo aqui, mas a necessidade de suporte é outra e como manter esse laço? Não sei! Muita persistência, muito incentivo e alguns papos bem diretos. É real que não podemos impor nossas expectativas, a resposta não é rápida. Nós, pais, investimos muito tempo na criação dos filhos, investimos conhecimento e dinheiro, mas não é uma conta que tem que fechar, ela não fecha, não agora.
A palavra é diálogo, mesmo que em poucas palavras, mas não desistir, persistência e amor. Aquele pequeno que corria para o seu colo continua lá, contudo cresceu e está buscando se encontrar.
Sigo buscando alguma receita. Os adolescentes dessa jornada têm ainda um ponto que não podemos dispensar, são resultados de um momento único, viveram uma pandemia. Eles passaram para a fase mais intensa dos estudos e do convívio com o mundo externo, eram pequenos e foram ensinados que ficar em casa era seguro, agora queremos que eles tenham independência.
Você pai, mãe, quer pular essa parte? Fica aí remoendo, mas na minha adolescência não foi assim? Comunicação, esse é o caminho que por aqui estamos seguindo e tentando, ainda estamos no processo. Um comunicar que nem sempre é com o “pequeno gafanhoto”, mas entre os pais, entre os pares, aqueles que convivem e até mesmo com ajuda externa. O que eles mais precisam é tempo, não em quantidade, mas qualidade. Alguns momentos vão estar mais conectados com o pai ou a mãe, mas vão saber que se precisarem, a família está ali. Falo isso vivendo o processo, sem saber qual será a colheita, mas lembrando, até mesmo para me fortalecer, que plantei sempre uma boa convivência, base, para que meu filho faça as melhores escolhas!