Quando falamos em desenvolvimento infantil esperamos que nossas crianças consigam atingir todos os marcos motores esperados durante seu crescimento e uma das conquistas mais esperadas pelos pais e familiares de uma criança é a aquisição do ortostatismo (em pé) e a marcha de forma independente.
Entretanto, no caso de crianças com deficiência física, como a Paralisia Cerebral, por exemplo, essa postura nem sempre será possível de forma independente.
A Paralisia Cerebral (PC) descreve
um grupo de desordens permanentes no
desenvolvimento do movimento e da postura,
as quais acarretam limitação da atividade e
são atribuídas a distúrbios não progressivos
no cérebro fetal ou infantil em desenvolvimento.
Embora a PC não seja progressiva, podem ser observadas deficiências nas funções musculoesqueléticas ao longo da vida, principalmente nos níveis mais graves, onde pode acarretar atraso nos marcos motores.
A teoria do desenvolvimento motor em que antigamente se falava que seria linear e predeterminada não é mais aceita pela comunidade cientifica. Dessa forma, não devemos esperar a criança sustentar a cervical e sentar-se, para a pôr em pé se ela não atingir esses marcos motores até os 9 meses de idade.
Devemos agir: entre 9 e 10 meses toda criança precisa experimentar a posição ortostática e entre os 12 e 13 meses de idade devemos iniciar o treino de troca de passos.
Para isso podemos usar os diversos recursos de tecnologia assistiva disponível no mercado, que nos ajudarão a proporcionar a posição em pé e a troca de passos àquelas crianças que não conseguem fazê-lo de forma independente.
Entre os dispositivos que facilitam essas posturas podemos citar os estabilizadores ortostáticos (parapodium e prancha ortostática), extensores de joelho, andadores e treinadores de marcha.
Cabe ao fisioterapeuta da criança decidir o tipo de dispositivo a partir das necessidades específicas da criança no contexto relacionado à função e estrutura corporal, nível de atividade e participação, além de analisar os fatores ambientais.
Entre os diversos benefícios da posição
ortostática, pode-se citar a promoção do bem-estar
emocional à criança com disfunção neuromotora,
pois ela estará posicionada em altura semelhante
à de outros indivíduos e olhando horizontalmente
para o universo que a cerca.
Com isso, sua autoestima é elevada, seus sistemas corporais (visão, tato e equilíbrio) são exercitados e é estabelecido contato com meio e indivíduos, potencializando aquisições e aprendizados através de brincadeiras.
Também melhora o funcionamento do sistema circulatório e da respiração, auxilia na digestão na função intestinal, facilita a formação de cartilagem no quadril (no início do desenvolvimento) e previne lesões ortopédicas (luxação de quadril e encurtamentos musculares e tendíneos), cirurgias e internações, pois há também aumento da densidade óssea.
Em crianças em níveis mais graves, um dado muito importante sobre o risco de não ter a experiencia em pé com maior frequência é a possibilidade de a criança apresentar um déficit intelectual secundário devido à falta de experiências motoras.
Sendo assim, a postura em pé se torna ainda mais necessária para essas crianças ou qualquer outra que tenha alguma disfunção motora.
Estimulando a atividade e a participação, proporcionar a postura em pé gera a possibilidade de a criança explorar o mundo em sua volta da mesma maneira que seus pares com motivação e consequentemente mais feliz.