“A enxaqueca muda à gravidez e a gravidez muda a enxaqueca. As opções de tratamento são específicas desse período peculiar e variam de acordo com o progredir da gestação” afirma Leandro Teles, médico neurologista.
A relação da enxaqueca com questões hormonais é bem conhecida. As mulheres sofrem muita mais de enxaqueca que os homens, principalmente após a primeira menstruação. O que precipita a dor em muitos casos é a oscilação do estrógeno, como a queda que ocorre dias antes da menstruação. Até 60 % das mulheres pioram da enxaqueca dois dias antes até três dias após a menstruação. Em 14 % delas a enxaqueca só ocorre nesta fase perimenstrual. A boa notícia é que as mulheres que têm mais enxaqueca durante a proximidade da menstruação são as que mais melhoram durante a gravidez. Isso é verdade principalmente após o término do primeiro trimestre. O alto nível de estrógeno relativamente constante no segundo e terceiro trimestres causa um bom alívio das dores em até 70% das mulheres que sofrem desse problema na gestação. Já o primeiro trimestre é uma montanha russa hormonal, a enxaqueca piora e alia-se a dois agravantes: os sintomas tradicionais do primeiro trimestre, como mal estar, náuseas e tonturas somados à dificuldade franca de usar medicações devido ao risco de comprometer o desenvolvimento do bebê.
Por mais que seja um grande incômodo, as futuras mamães não devem tomar remédio sem orientação médica especializada, pois alguns são contraindicados a depender do momento gestacional. Sempre que possível utilizar medidas naturais como prática de exercícios regulares, dieta balanceada, acupuntura e técnicas de relaxamente, a fim de minimizar a necessidade de medicamentos para cortar ou para prevenir a dor. No caso de necessidade de remédios vejam quais são as principais preocupações de acordo com o trimestre de gravidez:
1- Primeiro Trimestre: Nessa fase a dor pode realmente piorar, por oscilação hormonal. A preocupação é com a fixação e a formação do bebê. Devem-se evitar medicamentos que facilitem aborto ou malformação fetal.
2- Segundo Trimestre: essa fase é a melhor fase para o tratamento. O bebê está bem formadinho e o parto está relativamente longe. As opções de remédios aumentam, mas a dor raramente é muito forte ou muito frequente nesse período.
3- Terceiro Trimestre: o bebê está praticamente pronto para nascer. Devemos evitar medicamentos que acelerem o parto ou provoquem o fechamento de uma estrutura conhecida como ducto arterioso, que fica próximo ao coração do bebê. Outra questão são medicamentos que possam causar sonolência no bebê que esta prestes a ter que respirar sozinho
Pós-parto
Após o nascimento do bebê e início da amamentação ocorre nova oscilação do estrógeno. Aliado a isso surgem dificuldades para dormir (pelo ritmo das mamadas) e stress com os primeiros cuidados ao recém-nascido. Tudo isso culmina em nova piora da enxaqueca. Nesse momento as opções de medicação aumentam, pois o bebê já está fora da barriga, no entanto o aleitamento (que deve sempre ser encorajado) é uma preocupação relevante na escolha de medicamentos.
Enxaqueca e Gravidez são eventos que frequentemente se encontram. A dica é procurar ajuda especializada o quanto antes a fim de evitar o agravamento dos sintomas ou riscos a gravidez. O bom senso deve guiar a escolha da melhor forma de aliviar os sintomas maternos, visando uma gestação tranquila, segura e feliz.
Fonte- Neurologista Leandro Teles