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Estudo da Unesp evidencia como traumas sociais afetam o cérebro

Tempo de Leitura: 4 minutos
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Como lidar com crianças que desenvolveram ansiedade após episódios traumáticos?

Uma pesquisa realizada no Laborátório de Farmacologia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Unesp apresentou como o estresse social crônico provoca mudanças comportamentais em diversas áreas do cérebro e como elas se comportam diante deste quadro. O artigo “Emotional and cognitive like responses induced by social defeat stress in male mice re modulated by the BNST, amygdala, and hippocampus” mostrou dados da pesquisa feita com camundongos machos submetidos a um protocolo de estresse crônico social.

Os experimentos simularam situações de estresse social prolongado, com um camundongo exposto a sessões diárias, sendo mantido isolado para que seu comportamento agressivo se destacasse. Outro animal da mesma espécie foi inserido no local com o indivíduo “estressado”, com confronto físico entre eles. Após análise, foram avaliados comportamentos de defesa, interação social e capacidade de memória dos camundongos que sofreram agressões e ficaram abalados. O estudo observou que o estresse afetou diferentes regiões do cérebro de formas distintas. A parte ventral do hipocampo, responsável pelas emoções, apresentou aumento de atividade, com respostas elevadas de ansiedade e defesa. Já a dorsal, conectada à memória espacial, sofreu diminuição em sua atividade, com aumento dos déficits de memória de curto prazo. A pesquisa ainda identificou que o estresse crônico pode alterar as conexões entre as regiões do cérebro e potencializar as respostas emocionais.

O estresse crônico social gera consequências que podem afetar a qualidade de vida dos indivíduos, inclusive das crianças, que podem desenvolver ansiedade. È importante ressaltar que quando esse diagnóstico surge após um episódio traumático, pode se tornar um desafio para as famílias. Em situações como acidentes, perdas ou episódios de violência, podem ser apresentados sinais de angústia que dificultam a adaptação infantil à rotina cotidiana.

Entender como identificar os sintomas e, principalmente, como oferecer o suporte necessário, é fundamental para ajudar no processo de recuperação e reestabelecimento emocional dos pequenos. Após vivenciarem traumas, as crianças podem manifestar diferentes sintomas de ansiedade, como pesadelos, medo excessivo, dificuldade para se separar dos pais ou mudanças no comportamento, como agressividade ou isolamento.

Uma das principais abordagens terapêuticas para lidar com a ansiedade infantil é a terapia cognitivo-comportamental (TCC). Este método foca em identificar e modificar padrões de pensamento negativos que surgem em resposta ao trauma. Durante o tratamento, a criança é incentivada a expressar suas emoções, trabalhar seu medo e entender que situações semelhantes não representam um perigo iminente. A terapia pode ser acompanhada por técnicas de relaxamento e mindfulness, que ajudam a criança a lidar com o estresse de maneira mais eficaz.

É importante destacar que além da terapia, o apoio emocional da família e da escola desempenha um papel fundamental. Manter uma rotina estruturada e oferecer um ambiente acolhedor e seguro são atitudes essenciais para reduzir a ansiedade. É essencial que pais e cuidadores se mantenham atentos às necessidades emocionais das crianças durante o processo de recuperação. Respeitar o ritmo, ser paciente e mostrar empatia são atitudes que ajudam a construir a confiança necessária para superar o trauma. O acompanhamento contínuo de profissionais especializados garante que as intervenções sejam eficazes e permite que as crianças se reconectem com suas emoções, em direção a uma vida mais equilibrada e saudável.


Dra. Danielle Negri
Médica pediatra e neonatologista, com mais de 17 anos de experiência. É CEO de um complexo pediátrico no Leblon. Formada pela UFF, possui mestrado pelo conceituado Instituto Fernandes Figueira. Responsável pela UTI neonatal da Perinatal. Anualmente, viaja para os EUA para apresentar suas pesquisas e se atualizar nos congressos mais importantes da área pela Academia Americana de Pediatria e pela Sociedade de Neonatologia.
@dradaniellenegri
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