O bebê sempre será alimentado, independentemente, de a mãe ter se alimentado ou não. Muitas vezes, neste processo, o bebê é contemplado com as reservas de glicose da mãe, o que origina um grande mal estar a ela, com tonturas, escurecimento visual, tremores, sudorese e perda de consciência. As crises de hipoglicemia são muito freqüentes durante a gestação.
Do ponto de vista nutricional, a principal orientação pré-natal é que a futura mamãe consiga alcançar seu peso ideal antes de engravidar, seguindo um plano nutricional que lhe permita levar uma gestação saudável. Nada de restrições severas, de perdas abruptas, de jejum prolongado.
Na literatura médica, há diversos estudos científicos que confirmam o risco duas vezes maior de má formação cerebral e medular em fetos de mães que iniciaram a gravidez com IMC (Índice de Massa Corpórea = peso em kg dividido pela altura em metros ao quadrado) de 28 ou mais.
Ao longo dos anos, a medicina também constatou que a suplementação de ácido fólico e vitamina B12, antes da concepção, pode reduzir a incidência da má formação cerebral e medular – Doenças do Tubo Neural – em até 90%. Atualmente, a suplementação vem sendo realizada de maneira profilática em mulheres que pretendem engravidar no mundo todo.
A gestação é uma fase da vida onde a suplementação vitamínica é menos polêmica e mais uniformemente aceita. A ingestão de um suplemento vitamínico/mineral diário fornece um aporte nutricional muito bem vindo nessa fase tão importante da vida.
Necessidade calóricas x peso na gestação
Nos primeiros três meses de gestação, as necessidades calóricas da gestante não diferem daquelas indicadas antes da concepção, ou seja, de 1800-2300kcal/dia. Nos dois trimestres subseqüentes e no período de lactação suas necessidades aumentam de 300 a 500kcal/dia, ou seja, alcançando um total de 2100 a 2800kcal/dia.
A lactação isoladamente poderá ou não auxiliar a mãe a ter novamente o peso anterior à gestação. Aparentemente, as mães que têm gestações com duração de tempo normal e que amamentam perdem, consideravelmente, mais peso no pós-parto do que aquelas que não amamentam ou das que o fazem por um curto período de tempo.
Espera-se que no primeiro trimestre da gravidez, a gestante não ganhe peso ou o faça de maneira muito discreta. O incremento no peso corporal, a partir do quarto mês de gestação, deverá ser programado de acordo com o peso da futura mamãe no início da gestação.
Assim, quando a mulher inicia a gestação acima do peso ideal deverá ser orientada a seguir um dieta que propicie um acréscimo em seu peso de cerca de 300g/semana e 7/8kg ao final da gestação.
Caso ela esteja dentro do peso ideal, esse incremento deverá ocorrer na ordem de 350-400g por semana e entre 10/14kg ao final da gestação. E se a gestante estiver abaixo do peso ideal, seu objetivo quanto ao ganho de peso deverá ser algo na ordem de 500g/semana e 14-15kg ao término da gestação.
Macro e micronutrientes
Geralmente, não deve haver diferenças significativas nas porções dos macronutrientes (carboidratos, gordura e proteínas) na alimentação das gestantes em relação às não gestantes. A proporção ideal continua sendo 50% de carboidratos, 30% de gorduras e 20% de proteínas. Mais especificamente, os carboidratos devem ser preferencialmente complexos a partir de frutas, verduras, cereais e grãos integrais.
As gorduras devem compor menos de 10% na forma saturada, com os restantes 20% na forma de poli e monoinsaturadas. Isso quer dizer menos manteiga, maionese, carnes gordas e mais leite e derivados desnatados e magros. As proteínas devem ser escolhidas com o objetivo de reduzir as gorduras saturadas e colesterol. Devem ser evitados picanha, contrafilé, queijos amarelos, lingüiças e embutidos gordurosos.
Não há restrições na ingestão de doces, se a gestante estiver dentro do seu peso ideal. Deverão ser priorizados os menos gordurosos, como os doces de frutas e compotas.
Com relação aos micronutrientes, chama atenção as necessidade de iodo, ferro, cálcio e vitaminas durante a gestação. A suplementação adequada do sal industrializado tem resolvido os problemas da carência crônica de iodo, muito comum nas chamadas áreas endêmicas, onde a concentração da substância no solo e na água é insuficiente.
As necessidades de ferro são verdadeiramente aumentadas durante a gestação, principalmente no segundo e terceiro trimestres. A suficiência de ferro deve ser auferida no início e no decorrer da gestação para nortear a necessidade de aumentar o ferro da dieta (por meio da ingestão de carnes vermelhas e fígado) ou indicar a suplementação medicamentosa do mineral.
As necessidades de cálcio aumentam de 800 para 1200mg na gestação e a simples elevação do consumo de leite e derivados para três porções diárias já atende a esta exigência do organismo.
A gravidez é um período no qual a mulher deve cuidar bem da alimentação, dada a importância desta medida para o bom desenvolvimento do feto e para a prevenção de complicações durante a gravidez e o parto.
Não se deve apenas aumentar a quantidade dos alimentos, mas observar a sua qualidade. Portanto, esqueça a crença popular de que a gestante deve comer por dois. Por outro lado, se você já engravidou acima do peso, essa não é a hora de fazer regimes e tentar perder peso.