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Hidroterapia em gestantes

Tempo de Leitura: 9 minutos
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A gestante sofre grandes mudanças em seu corpo desde o primeiro mês de gravidez. Essas mudanças promovem muitos desconfortos que podem ser amenizados pela hidroterapia.

Mudanças do organismo na mulher gestante:
São várias as modificações anatômicas que ocorrem durante o período gestacional, modificações estas que devemos levar em conta para efetuarmos qualquer atividade física na gestante.
A parede abdominal é a primeira a sentir as modificações: o útero tem seu eixo vertical e exige dela uma sustentação total, deslocando o centro de gravidade da mulher, o que resulta em uma rotação pélvica e uma progressiva lordose lombar. A estabilidade acontece através de um trabalho maior da musculatura e ligamentos da coluna vertebral.

À medida que o volume da barriga aumenta, mais a postura da gestante se modifica. Com a barriga aumentada, para não cair para a frente, ela força o glúteo para trás – “arrebitando o bumbum” – , o que ocasiona dores e desconfortos nas costas e na região lombar. Em algumas gestantes, existe uma separação nos músculos do abdômen, indo metade para cada lado, formando um “vergão” ou linha no meio do abdômen. Esses “vergões” podem ter coloração que varia do vermelho ao azulado, dependendo de cada tipo de pele.

A cintura pélvica (o quadril) tem sua mobilidade articular aumentada em aproximadamente 60%, pois seus ossos, unidos por fibrocartilagens, sofrem diretamente a ação da relaxina (hormônio produzido para afrouxar os ligamentos pélvicos). O quadril aumenta seu tamanho para ampliar o espaço e abrigar o bebê e a gestante para andar tem que voltar os pés para fora – Marcha Anserina (andar de pata).
O diafragma (músculo responsável pela atividade respiratória) fica pressionado pelo aumento uterino, dificultando a respiração da gestante. O aumento da barriga dificulta a respiração e a própria Natureza se encarrega de acertar isso, passando a gestante a respirar mais no peito do que no abdômen, no final da gestação. A respiração abdominal deve ser treinada para se ter os músculos do abdômen fortalecidos, oxigenando também o bebê e realizando o trabalho de relaxamento.

O estômago tem eixo alterado de vertical para horizontal, tornando o processo digestivo alterado e mantendo por mais tempo a presença de enzimas digestivas. Durante a gravidez, o estômago desloca-se para cima e para trás, para poder dar espaço para o bebê; isso ocasiona bastante mal-estar às gestantes, e para que sintam algum alívio devem comer pouco e várias vezes ao dia, além de evitar alimentos ácidos, fortes e condimentados, que possam dificultar ou tornar a digestão mais demorada.

As glândulas mamárias têm seu volume aumentado, ocasionando uma maior solicitação dos músculos dorsais e peitorais, além de uma flexão anterior da coluna cervical aumentada. Com os seios aumentados pela presença do leite, além de mudanças na postura, existe um desconforto em manter posições por muito tempo. Por exemplo, ficar muito tempo em pé ou sentada causa grande desconforto algumas vezes. Para que isso seja aliviado, devem-se alternar posturas e sempre que possível alongar-se ou simplesmente espreguiçar-se.

. Aumento no metabolismo basal (uma pessoa não grávida te em repouso, descansada, seus batimentos cardíacos estabelecidos entre 70 e 80 por minuto; já a gestante, os tem, em repouso, por volta de 80 e 90 em média. Isso já mostra que ela está em freqüente estado de “exercício”, tendo todo o seu metabolismo alterado. Por isso, o cuidado deve ser intenso com relação à freqüência cardíaca durante a atividade física, seja ela qual for, não deixando exceder nunca os 140 bpm).
. Aquisição de gorduras (o ganho de gordura é um fator diferenciado para cada mulher, dependendo da tendência anterior, da dieta seguida, dos alimentos ingeridos, mas sempre vai existir). O ideal, segundo os médicos, é adquirir no máximo 10 quilos durante os nove meses, se possível, menos de um quilo por mês.
. Retenção hídrica e de sais minerai (os rins, devido a sua localização próxima ao diafragma, curvam-se para frente durante a inspiração – pegar o ar – e voltam ao normal durante a expiração – soltar o ar. Esses movimentos estimulam a eliminação da urina. Esses órgãos sofrem profundas modificações, de modo que essa eliminação fica alterada. Se a urina não for totalmente eliminada, podem ocorrer os edemas – inchaços – que tanto incomodam a mulher).
. Aumento do consumo de oxigênio (com a gravidez, o consumo de ar é aumentado em função de ele estar sendo também absorvido pelo bebê, por isso e também pela respiração, a gestante está sempre muito cansada).
. Aumento do débito cardíaco, pois uma parte está dirigida a tecidos não musculares. Com isso, as taquicardias e a mudança nos batimentos cardíacos são uma constante.
. Declínio da atividade do trato gastrointestinal (é muito comum nas gestantes as queixas sobre dificuldade no evacuar, presença de gases e regurgitamento após as refeições; isso acontece pela alteração na posição dos intestinos, que ficam muito “apertados” com o aumento do volume da barriga).
. Resistência periférica diminuída (a circulação também é profundamente alterada pelo aumento do volume uterino, além da circulação estar sendo mais solicitada para alimentação e necessidades básicas do bebê).
. Taquicardia acima de 100 bpm, exatamente em função do aumento do débito cardíaco.
. Alterações no sistema endócrino (aumento na produção de resíduos, intolerância ao calor, instabilidade emocional). A disfunção nos hormônios faz com que a gestante seja uma “bomba” de mudanças hormonais, alterando não só sai emoções, como também a maioria dos seus hábitos anteriores.
. Aumento da capacidade inspiratória e queda na reserva expiratória, cerca de 20%. Por isso, durante os exercícios respiratórios, deve-se sempre pedir para que a gestante solte o ar por mais tempo do que respire, para eliminar incômodas como tonturas e dores de cabeça.
. Aumento do volume sangüíneo (em torno de 30%) e do volume plasmático (cerca de 40%). As gestantes costumam ter as mãos e rosto com coloração modificada em função dessa mudança circulatória.
. A temperatura corporal materna está relacionada diretamente com a temperatura de feto e pode ser alterada durante as atividades físicas. Em função disso, o trabalho do profissional deve ser cuidados não só com a temperatura da água, do ambiente, mas também com o tipo de atividade executada nos dias mais quentes.
Com todas essas mudanças orgânicas e hormonais, ocorrem mudanças no psicológico e no emocional da futura mamãe também, que fica mais sensível e pode ter crises de choros repentinamente, sem motivos aparentes.   È importante que a grávida faça exercícios, para aliviar as tensões que as mudanças no seu organismo trazem e também, manter a postura.
Há precauções a serem tomadas, quanto á temperatura, quando a intensidade e impactos do exercício, sendo recomendada a hidroterapia pois as propriedades da água a auxiliam a relaxar e a praticar atividades físicas sem impacto.
O exercício só  é contra indicado quando:
Relativas
Gestantes que, apesar de apresentarem algum sintoma diferenciado, têm a permissão médica para a prática da atividade física, sempre sobre controle médico e cuidados especiais do profissional:
. Hipertensão arterial

. Anemia ou outros distúrbios sanguíneos

. Disfunção tireoidial

. Disritmia cardíaca

. Diabetes

. Obesidade excessiva

. Histórico anterior de vida excessivamente sedentária

. Falta de peso excessivo

. Apresentação pélvica durante o terceiro trimestre

. Placenta prévia

. Infecções generalizadas (garganta, ouvido, gastrintestinais)
Absolutas
Gestantes que não podem realizar atividades físicas de forma alguma, necessitando em alguns casos de repouso total:
. Diagnósticos de placenta prévia sem acompanhamento médico

. Doenças cardíacas graves e em evidência

. Trabalho de parto prematuro

. Histórico de três ou mais abortos espontâneos

. Tromboflebite

. Hipertensão séria

. Ruptura de bolsa e/ou sangramentos

. Falta de controle pré-natal

Só se interrompe um exercício para gestante na piscina se:
. Qualquer tipo de dor no peito

. Contrações uterinas com intervalo pequeno (20 min.)

. Perda de líquido (intenso ou leve)

. Vertigens e/ou fraquezas

. Dificuldade em respirar

. Palpitações e/ou taquicardias contínuas

. Inchaços que não diminuem

. Dor nos quadris ou no púbis

. Dificuldade excessiva em caminhar

. Dor nas costas intermitentes ou que não aliviam na água ou em posições confortáveis

. Falta ou diminuição nos movimentos do bebê.
Vantagens no trabalho aquático na gravidez
Durante a gestação a queixa mais comum é a do “corpo pesado”, o que na água é reduzido, fazendo com que as alunas se sintam realizadas durante a execução dos exercícios aquáticos, reforçando o lado psicológico de cada uma.
A flutuação fornece suporte completo a elas, resultando em efeitos que me terra seriam praticamente impossíveis, ou pelo menos desconfortáveis.
A liberdade durante a flutuação ajuda a aumentar a amplitude dos movimentos sem a resistência do atrito, auxiliando a movimentação.
Além disso, com o corpo submerso, o estresse articular também é diminuído, o que deve ser levado em consideração na execução dos exercícios de alongamento.
O trabalho aquático produz ainda uma menor incidência de varizes, um controle maior sobre a frequencia cardíaca materna e fetal, um aumento na diurese diminuindo a formação de edemas, um controle sobre o aumento de peso, o aumento da resistência muscular, um controle postural acentuado e a melhoria na sociabilização e auto-imagem.

Os efeitos da hidroterapia


Quanto à dor e aos edemas
A água relativamente aquecida reduz a sensibilidade das terminações nervosas sensitivas, proporcionando a diminuição da dor e, pela ação da pressão hidrostática a diminuição de edemas.
Quanto à musculatura
A partir do aquecimento muscular, ocorre a diminuição do tônus muscular, favorecendo o relaxamento e a diminuição dos espasmos musculares, além do alongamento muscular, fortalecendo e aumentando a resistência muscular.
Quanto à articulação
Facilita a mobilidade e a manutenção da amplitude articular com menor esforço.
Quanto ao equilíbrio e esquema corporal
Utilizando-se as propriedades físicas da água, é favorecido o equilíbrio, a recuperação e a conscientização corporal.
Quanto à reeducação da marcha
A relação entre profundidade e descarga de peso corporal favorece a etapa de suporte de peso na reeducação da marcha (alterada pela modificação pélvica). Quanto mais profunda a água, menor a descarga do peso corporal sobre os membros inferiores.
Em hidroterapia, a melhor técnica de relaxamentos para gestantes, é o Watsu e se não houver nenhuma contra indicação para exercícios mais intensos, uma hidroginástica para gestantes ou uma natação também são bem indicadas.

Juliana Kroll é fisioterapeuta.

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