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Hipotireoidismo adquirido na Infância. Quando suspeitar?

Tempo de Leitura: 5 minutos
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Tonsils is a very serious disease

A avaliação do hormônio da tireoide na infância é de fundamental importância em toda criança que apresenta atraso de crescimento e de idade óssea”

O hipotireoidismo é caracterizado por uma diminuição na produção dos hormônios da tireoide e pode ocorrer como doença da própria glândula (hipotireoidismo primário) ou pela falta de estímulo da tireoide consequente a doença da hipófise (hipotireoidismo secundário).

O hormônio tireoidiano é responsável pelo controle de muitas funções no nosso corpo. Tem ação na manutenção do metabolismo basal, na maturação óssea, como adjuvante da ação do hormônio de crescimento e, nos primeiros anos de vida é crucial para a maturação e o desenvolvimento do sistema nervoso central (SNC) da criança. Assim, a clínica varia de acordo com a faixa etária em que ocorre a doença. O quadro clínico no hipotireoidismo primário sempre tem apresentação mais grave.

O hipotireoidismo na infância pode ser congênito ou adquirido. Vamos abordar o hipotireoidismo adquirido.

Etiologia:

– Tireoidite de Hashimoto ou tireoidite linfocítica crônica é uma doença autoimune, ou seja, o próprio organismo produz anticorpos que danificam a tireoide, diminuindo sua capacidade de produção dos hormônios, levando ao hipotireoidismo. É a causa mais comum de bócio (aumento da glândula tireoide) e hipotireoidismo adquirido em crianças e adolescentes em regiões suficientes de iodo. Ocorre uma forte predileção para o sexo feminino. Em um terço dos pacientes há história familiar de doença tireoidiana autoimune. É mais frequente na adolescência, mas pode ocorrer em qualquer idade. Algumas doenças apresentam um maior risco de apresentar a tireoidite de Hashimoto, entre elas estão a trissomia do cromossomo 21, síndrome de Turner, síndrome de Klinefelter e outras doenças autoimunes, incluindo diabetes mellitus tipo 1.Grande parte das crianças com Tireoidite de Hashimoto, apresentam bócio assintomático e podem o valor de seus hormônios normais, embora hipotireoidismo compensado e hipertireoidismo compensado sejam as apresentações mais comuns. Raramente pode ser sintomática, com uma pequena glândula atrofiada. Uma pequena porcentagem de crianças inicialmente apresenta sintomas transitórios de hipertireoidismo.

– Secundário ao uso de drogas como tionamidas, lítio, amiodarona e excesso de iodo na dieta.

– Tireoidite subaguda: inflamação da glândula ocasionando uma liberação autônoma de hormônio tireoideano, seguido de fase com hipotireoidismo.

– Infiltração da glândula tireoide em doenças como histiocitose X e cistinose.

– Bócio endêmico: resulta da deficiência nutricional de iodo.

– Irradiação da tireoide.

Manifestações Clínicas:

O quadro clínico varia de acordo com o grau de deficiência hormonal e com o tempo de evolução da doença. Entre as manifestações clínicas do hipotireoidismo na criança podemos encontrar o atraso do crescimento, lentificação do metabolismo e diminuição da memória.

Principais sintomas:

– Desaceleração do crescimento com atraso na idade óssea e aumento de peso.

– Aumento do volume do pescoço devido a presença de bócio.

Os Sintomas como letargia, pele seca, inchaço, intolerância ao frio e constipação também podem ser encontrados nas crianças com hipotireoidismo adquirido.

Entre os sinais podemos observar redução da velocidade de crescimento, bradicardia, cabelo seco, pele fria, rouquidão, obesidade leve, atraso da dentição, unhas quebradiças e presença de bócio. O bócio encontrado geralmente é difuso e inicialmente elástico na palpação e posteriormente de consistência firme.

Diagnóstico:

O diagnóstico é estabelecido com a dosagem no sangue dos hormônios da tireoide, (T3 – triiodotironina, T4 – tiroxina e T4 na fração livre), TSH (hormônio tireoestimulante) e dos anticorpos antitireoideanos (antitireoglobulina e antiperoxidase). Imagem através de ultrassonografia da tireoide também deve ser realizada para avaliação da glândula tireóide, sua morfologia, suas dimensões e presença de nódulos/cistos. A radiografia de mão e punho esquerdo para avaliação da idade óssea.

Tratamento:

O tratamento de escolha do hipotireoidismo primário é feito com levotiroxina, a droga sintética semelhante ao T4 humano. Ajuste de dose é feito com dosagem de T4 livre e TSH. A meta é manter o T4 livre normal com TSH < 5 mcU/mL. Existem diversas marcas comerciais da levotiroxina, porem recomenda-se usar sempre uma única marca comercial para evitar variações de potência entre as marcas.

Um controle laboratorial de rotina é necessário para a manutenção da dose. As metas terapêuticas são normalização da função tireoidiana e eliminação dos sinais e sintomas de hipotireoidismo. O bócio pode diminuir, embora a reposição geralmente não normalize completamente o tamanho da tireoide.

Crianças com hipotireoidismo adquirido que recebem tratamento adequado pelo menos cinco anos antes do início da puberdade em geral atingem uma estatura final adulta compatível com seu potencial genético. Tratamento com dose excessiva de levotiroxina não melhora a recuperação do crescimento e pode comprometer a estatura final adulta, por avançar a maturação óssea.

De 20 a 30% das crianças com Tireoidite de Hashimoto recuperam o estado eutireoideo e não necessitam de terapia de reposição ao longo da vida. Lembrando que uma vez iniciado o tratamento este deve ser mantido até que o crescimento esteja completo. O tratamento pode ser descontinuado após esse período, para nova avaliação da função tireoidiana. Se os níveis séricos de TSH aumentarem acima da referência de normalidade, o tratamento com levotiroxina deve ser reinstituído e continuado ao longo da vida.

Assim, é de fundamental importância uma avaliação criteriosa da tireoide quando a criança apresenta redução da velocidade de crescimento, atraso da idade óssea ou ainda algum sinal ou sintoma relacionado.

Fonte: Dra. Vanessa Radonsky

CRM 108111 – Pediatria e Endocrinologia Pediátrica

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