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Hipotonia e fisioterapia

Tempo de Leitura: 5 minutos
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Para que o desenvolvimento infantil ocorra de forma saudável e funcional, a criança depende de inúmeros fatores; dentre eles, o tônus muscular, que é o estado de contração do músculo em repouso. A regulação desse tônus é controlada por processos fisiológicos, relacionados ao envio de informações sobre impulsos nervosos do sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal) às fibras musculares. Dessa forma, o tônus muscular é um elemento chave para o desenvolvimento motor porque faz correspondência direta com a organização do movimento e da postura.

A hipotonia é a diminuição desse tônus muscular do corpo (face, tronco e membros) observada pela pouca resistência ao movimento passivo. De forma geral, existem dois tipos de hipotonia: a central, e a periférica.

Segundo especialistas, a hipotonia central é responsável por 65% a 85% das manifestações, e está presente em distúrbios do movimento, como: deficiência visual congênita, transtorno do espectro autista (TEA), deficiência intelectual, síndrome de Down (SD/T21), síndrome do X frágil, síndrome de Prader-Willi (SPW). Assim como, pode ocorrer após danos cerebrais isquêmicos e hemorrágicos, como em casos de paralisia cerebral (PC) e malformações cerebrais congênitas, além de outras síndromes genéticas e erros inatos do metabolismo. Já como exemplos de hipotonia periférica, temos: miastenia congênita, amiotrofia espinhal, distrofia muscular e desordem metabólica (PROFISIO- ciclo 11, p. 161, 2024).

Por conta da influência do tônus na realização do movimento, o atraso de desenvolvimento é um dos principais achados clínicos; por consequência, indica-se fisioterapia em todos os casos de hipotonia, independentemente do tipo. Quanto mais cedo o início da intervenção, melhor; pois reduzirá o impacto nas aquisições motoras que não se limitar aos marcos de desenvolvimento: sentar-se, rolar, caminhar.

É comum encontrarmos deficiências das funções oromotoras, que acarretam sialorréia, problemas de deglutição e alimentação ou dificuldade de fala e até má qualidade do sono. Portanto, é fundamental garantir que as tarefas sejam autoiniciadas precocemente pelas crianças; e que elas se mantenham sempre ativas, com participação direta de pais e cuidadores na rotina doméstica (PROFISIO- ciclo 11, p. 161, 2024).

Sugestões para bebês que apresentam hipotonia: a primeira, é a posição de bruços (tummy time) diariamente, se possível, mais de uma vez ao dia; porém, dentro da tolerância do bebê. Essa posição vai ajudar na sustentação da cabeça, no fortalecimento da coluna, na transferência de peso para o corpinho e no estímulo ao campo visual, preparando-o para o uso das mãozinhas e para os ganhos motores seguintes – recomendo a partir de 3 dias de vida. A segunda, é a massagem no corpo, prática tem grande poder de estimulação sensório-motora, vai melhorar o esquema corporal do bebê e estimulá-lo a movimentos ativos. Além do mais, a massagem aumenta o vínculo e pode regular o estado emocional do bebê, reduzindo episódios de choro, cólicas, e melhorando a qualidade do sono – recomendo a partir de 1 mês de vida. A última sugestão, avaliação de desenvolvimento com um fisioterapeuta infantil, pois o bebê em questão pode precisar de intervenção precoce imediata.

Sugestões para crianças acima de 2 anos com hipotonia:a maioria das crianças nessa faixa etária, já frequenta a creche ou a escola. Logo, a primeira sugestão é que a família converse com professores e cuidadores para saber como é a participação da criança nas atividades, nas brincadeiras, na socialização. A não participação de crianças com hipotonia em aulas de recreação ou educação física, é uma constante. A segunda sugestão é que a família organize uma rotina semanal que inclua ação para a criança: visitação a parquinhos, saídas para lugares com brinquedos que precisem de escaladas, subidas, descidas, e outras habilidades. E em terceiro, recomendo avaliação com fisioterapeuta infantil, pois nessa faixa etária, o controle postural e a caminhada podem estar muito afetados, gerar instabilidade e quedas de rotina.

É essencial lembrar que a criança com hipotonia sempre precisará de exercício físico para manter os níveis de força muscular próximo ou dentro do esperado, assim como manter a funcionalidade dentro da rotina. Mesmo em caso de alta da fisioterapia, ela precisará manter uma regularidade na prática de exercícios físicos. Caso contrário, teremos uma criança ou adolescente com fraqueza muscular significativa, que prefere passar maior parte do tempo deitada, e quando solicitada a sentar ou levantar, precisa de móvel ou suporte para se encostar; uma realidade incompatível com a autonomia, um dos principais fundamentos do desenvolvimento infantil saudável.


Dra. Taciane Melo
Fisioterapeuta neuropediátrica, especializada em desenvolvimento de bebês,
Instrutora de Shantala,
Mestre em Saúde Pública pela Fiocruz, Membro da Associação Brasileira de Fisioterapia Neurofuncional (ABRAFIN), Membro da La cause Des Bébés, associação francesa transdisciplinar de estudos e pesquisas sobre bebês, unidade Brasil.
Mentora de desenvolvimento infantil, atendimentos
online e presencial.
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