A maternidade é uma experiência única e todos sabem que inclui momentos fáceis e difíceis, assim como de felicidade e de angústia.
Ser mãe é simplesmente estar atenta a muitas questões, e como diz o ditado: “É padecer no paraíso”.
Mas que relação tem tudo isso com as mães controladoras?
Na verdade, o que percebo é que muitas delas, para se sentirem firmes e fortes nessa função, precisam estabelecer certo controle sob
re os filhos, o que, em alguns casos, nem sempre é saudável para o desenvolvimento da autonomia e tampouco da personalidade deles. Vale ressaltar que estou falando de controle, muito diferente dos limites, que são fundamentais na educação dos filhos.
A palavra controle, segundo o dicionário, significa, poder, domínio sobre alguém ou algo; domínio da própria vontade ou das emoções. E controlar significa, submeter a exame e vigilância; agir com restrição sobre algo ou alguém.
A partir disso, podemos pensar no porquê de algumas mães – e pais também – terem a necessidade de estabelecer um controle além do necessário sobre os filhos. O que me ocorre é que quando precisamos impor nossa vontade ao outro, agindo dessa forma com dominação, estamos impedindo que essa pessoa se desenvolva de modo psiquicamente saudável, pois podemos cercear sua criatividade.
É possível observarmos em alguns bebês essa criatividade e autonomia limitada, em face do supercontrole da mãe que, muitas vezes, nem percebe que está causando um mal ao filho.
Quer se trate de bebê, criança ou adolescente, a personalidade individual é facilmente percebida sob o controle materno excessivo, e nesse momento, entra em ação a força de cada um. Por esse motivo é que muitas vezes apostamos muito mais nos bebês, nas crianças ou nos adolescentes que movimentam o ambiente, pois essa atitude denota força e capacidade de lutar contra uma invasão. Contudo, tais movimentações necessitam de olhar cuidadoso, pois podemos já estar falando de sintomas instalados, causadores de problemas e conflitos familiares.
Os pais precisam estar atentos às necessidades dos filhos e com isso apenas caminhar com eles, pois sozinhos são capazes de evoluir e desenvolver a criatividade a partir deles próprios. E isso não quer dizer que devam ser ausentes ou negligentes, pois caminhar lado a lado não é sinônimo de “caminhar por” ou “abrir mão de”.
Entrar em contato com as próprias questões pode ser uma forma de perceber a relação que está estabelecendo com o filho, assim como o lugar que ele representa em sua vida, razão pela qual um processo terapêutico pode ser muito rico e elucidativo nesse momento. Muitas vezes os filhos fazem os sintomas, mas quem necessita de cuidados e orientação e, talvez até tratamento, são os pais.
Cynthia Boscovich
Psicóloga clínica, psicanalista. Atende adolescentes e adultos em seu consultório, e possui também um trabalho específico com grávidas, mães e bebês, na área de prevenção e tratamento.
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