Meu filho precisa fazer exame do sono, e agora?

O exame completo do sono ajuda no diagnóstico de várias doenças que podem atrapalhar o sono do seu filho, como apneia do sono, movimentos de perna e focos de descargas anômalas cerebrais.

De imediato, pode parecer aversivo ficar durante uma noite inteira sendo monitorizado mas o segredo é explicar o passo a passo para a criança, para que ela tenha previsibilidade do que vai (e o que não vai) acontecer.

O exame pode ser feito no laboratório ou em domicílio. Hoje em dia, há possibilidade de fazer um exame completo sem sair do conforto da sua casa. São colocados sensores no couro cabeludo, tórax, rosto, perna, dedo, próximo ao nariz e boca, sendo todos “colados”, nada espetado. A adequada colocação permite que o registro ao longo da noite seja feito de forma correta, sem perda de dados. É importante frisar para a criança de que não há agulhas, nada é invasivo.

Os pais devem seguir a rotina o mais próximo da realidade do dia a dia, sem adicionar medicamentos no dia do exame, nem retirar algum remédio de uso contínuo, procurar manter horários de alimentação e atividade física no dia que antecede o exame como de costume.

Os exames feitos em laboratório são chamados de polissonografia tipo 1 e os exames domiciliares completos são chamados de polissonografia tipo 2, nos quais é possível medir, além da parte cardiorespiratória, o eletroencefalograma. Com o eletroencefalograma, consegue-se avaliar sobre o aprofundamento do sono, as fases do sono que a criança passa ao longo da noite, despertares e fragmentação do sono. Assim, quando é analisado o sono da criança, é possível avaliar as ondas cerebrais durante os diversos estágios do sono (eletroencefalograma), como sono profundo e sono REM. A adequada quantidade de cada uma destas fases é crucial para que a criança acorde disposta, atenta, sem irritabilidade e pronta para lidar com as questões do dia a dia. Com o exame, é possível saber se estas fases do sono estão acontecendo em quantidade inadequada, mesmo a criança dormindo um tempo total de sono considerado normal.

Já os exames mais simplificados não estão ainda indicados na faixa etária pediátrica, que são aqueles que não medem sono, só medem a parte cardiológica e respiratória, também chamados de poligrafias.

Existem algumas indicações claras de realização de polissonografia completa em crianças que serão submetidas a cirurgias de retirada de amígdalas e adenoide, como crianças com alguma síndrome, com anemia falciforme, com mucopolissacaridose, menores de 2 anos de idade ou alguma questão neurológica.

Para deixar o exame mais tranquilo, você pode criar uma história social para mostrar para seu filho antes do exame. Pode ir nomeando passo a passo, o que será feito, como por exemplo:

1. Em tal horário, o técnico em polissonografia chegará em seu domicílio,
2. Ele iniciará a colocação de sensores no cabelo (sem espetar!), no rosto, no tórax, dedo, perna, tudo bem devagarinho. Você poderá continuar conversando com seu filho, durante toda a colocação, que pode demorar aproximadamente meia hora.
3. O técnico em polissonografia irá embora e a criança poderá seguir a rotina de brincar (algo mais calmo, pois já estará toda monitorizada), tomar água, conversar com seus pais, até chegar a hora habitual de ir dormir.
4. De manhã cedinho, o técnico volta para retirar todo o equipamento e finalizar o exame.

Na dúvida se seu filho dorme bem, se o sono dele pode estar interferindo na sua performance diurna em relação a humor, desempenho escolar, relacionamentos inter-pessoais, infecções de via aérea, consulte um médico do sono. Nem sempre é necessário o exame de polissonografia para ajudar seu filho a dormir e viver melhor!