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Nova proteção contra vírus sincicial respiratório para os bebês

Tempo de Leitura: 5 minutos
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Mother carefully measuring the temperature of her infant baby with a precise electronic thermometer on the forehead

O vírus sincicial respiratório (VSR) é um dos grandes causadores de infecção do trato respiratório inferior nos bebês (cerca de 80% das bronquiolites e até 60% das pneumonias em crianças menores de dois anos), com a grande maioria deles tendo pelo menos um episódio de infecção pelo VSR antes de completarem um ou dois anos de vida, estimando que uma em cada cinco crianças irá necessitar de atendimento médico decorrente da infecção pelo VSR e que uma em cada 50 crianças será internada até completar um ano. Os números assustadores do VSR continuam estimando-se entre dois e três milhões de internações e aproximadamente entre

60.000 a 120.000 mortes de crianças menores de cinco anos a cada ano no mundo. Estes dados fazem do VSR a principal causa de óbito entre bebês depois do período neonatal.

O VSR é transmitido muito facilmente de pessoa a pessoa através de gotículas ou secreções respiratórias, tosse, espirro além do contato com superfícies ou objetos contaminados, onde o vírus pode ficar vivo por muitas horas. O pico de circulação é durante o inverno e primavera, mas com as tantas mudanças no clima, existem casos de VSR no ano todo.

A maioria das crianças terão sintomas leves de um resfriado, mas o potencial de gravidade existe e temos sim de nos preocupar com ele. Não há tratamento específico para o VSR, por isso também a grande preocupação e todo investimento em termos de medidas de prevenção. Essas basicamente, são as mesmas contra qualquer vírus respiratório, ou seja, afastamento de sintomáticos respiratórios, restrição de visitas, lavagem de mão. Para crianças muito vulneráveis tínhamos uma medicação chamada palivizumabe, que é um anticorpo monoclonal, ou seja, um anticorpo pronto aplicado pelo SUS, que é usado em várias doses, para grupos muito específicos, como cardiopatas, prematuros e pacientes com algumas comorbidades. Apesar de muito eficiente, esse anticorpo tem curto período de ação, uso muito restrito e alto custo. Além do palivizumabe, temos uma vacina para pessoas maiores de 60 anos (AREXVY® da GSK) e a vacinação para gestantes, a ABRYSVO® da Pfizer, que está liberada no 2° e 3° trimestre (a partir de 24 semanas), tendo como recomendação oficial da Sociedade Brasileira de Imunização a aplicação entre 32 e 36 semanas de gestação, em dose única. Com ela, as gestantes passarão anticorpos para seus bebês no intra-útero através da placenta, protegendo esses contra hospitalização e doença grave pelo vírus nos primeiros 90 a 180 dias de vida da criança.

Temos agora, mais um importante aliado na proteção dos bebês contra o VSR, um novo anticorpo monoclonal chamado Nirsevimabe, o BEYFORTUS® da Sanofi, sendo ele injetável, com dose única, administração intramuscular em recém-nascidos e bebês lactentes que estão entrando ou já estão em sua primeira temporada do VSR, que segundo o Ministério da Saúde na região norte do país acontece de fevereiro a junho e nas demais localidades de março a julho. Ele visa fornecer proteção durante toda a temporada do VSR. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria e Imunizações o Beyfortus está indicado para todos os recém-nascidos e lactentes menores de um ano, sendo também está recomendado para bebês com até 2 anos de idade que tem maior risco de adoecimento pelo VSR, como aqueles com doenças cardíacas, pulmonares, imunocomprometidos, entre outros. A dose recomendada é de

50mg para crianças com peso inferior a 5Kg e 100mg para aquelas com peso de 5Kg ou mais.

Não há contraindicações para sua aplicação, sendo também muito seguro com pouquíssima chance de efeitos colaterais. A eficácia de proteção contra infecção de trato inferior (pneumonia e bronquiolite) varia de 70-75% a depender da idade gestacional do bebê (se foi prematuro e de quantas semanas de idade gestacional) e de internação por tais infecções houve variação de eficácia conforme os estudos e idade gestacional de 76,8 a 87,5% em 5 meses.

A duração média da proteção oferecida pela dose do nirsevimabe é de 5 meses com base em dados clínicos e dos estudos, podendo se prolongar um pouco mais em alguns casos.

Segundo ainda a Sociedade Brasileira de Imunizações o nirsevimabe poderia ainda ser aplicado para qualquer bebê menor de 1 ano que a família deseje proteção, independente da sazonalidade. Não há recomendação para lactentes saudáveis, menores de 12 meses que as mães tenham sido vacinadas contra VSR durante a gestação. As duas estratégias combinadas de proteção podem ser consideradas apenas em algumas situações especiais como mãe imunodeprimida, mãe vacinada com menos de 14 dias antes do parto ou recém-nascido de alto risco (aqueles com doença pulmonar crônica da prematuridade com imunocomprometimento grave, fibrose cística, cardiopatias congênitas não corrigidas, Síndrome de Down).

Importante reforçar que ele não é uma vacina, é um anticorpo pronto que agirá rápido na proteção, mas tem essa duração determinada. Apesar disso, o impacto do VSR para uma criança é tão grande que é muito válido a utilização do Beyfortus. O grande limitante tem sido o custo, que ainda é bastante elevado para grande parte da população. Por hora o nirsevimabe só pode ser encontrado em clínicas privadas de vacinação havendo programação de início do seu uso, assim como da vacina para gestante pelo SUS, sem data ainda definida para esse início.

Conversem com seu médico e se possível, vacinem. Será um dos maiores presentes que seu bebê poderá receber.

Dra. Daniela Vinhas Bertolini
Pediatra e Infectopediatra. Doutora em Pediatria pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Membro do Departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo. Infectopediatra do Programa Estadual e Municipal de IST/Aids de São Paulo
@dradanielabertolini
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