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O que fazer na hora em que o nariz do seu filho sangra?

Tempo de Leitura: 4 minutos
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cute baby gets nose drops

Pode acontecer numa bolada durante o futebol, na praia com sol forte ou então “do nada”, no meio da madrugada, e lá se vai lençol e fronha com lagos de sangue. A epistaxe, que é o nome dado a sangramentos nasais, pode ocorrer tanto no repouso quanto no movimento e, dependendo do volume, pode necessitar de ajuda médica para resolver.

Precipitantes

Crianças com rinite, as quais coçam muito o nariz, o cutucam com frequência são candidatos a terem sangramentos nasais. A região anterior do septo nasal (parede que divide um lado do outro) é repleta de vasos sanguíneos, chamada região de Kisselbach (figura1), onde a grande maioria dos sangramentos acontecem, seja por manipulação com o dedo da criança, seja por ressecamento da mucosa local por falta de hidratação do nariz. Na vigência de gripe ou sinusite, pela secreção nasal mais abundante, o ato de assoar o nariz frequentemente e a própria manipulação com os dedos da criança pode ser motivo para laivos de sangue no lenço ou até sangramentos mais evidentes.

Figura 1: Região de Kisselbach, onde mais comumente ocorrem os sangramentos nasais.

Mas o que fazer imediatamente, na hora que acontece? As crianças podem se desesperar com o sangue pingando e os pais precisam manter a calma e saber o que fazer. Sabendo que a maior parte dos sangramentos nasais são provenientes de vasinhos que estouram na região bem anterior do nariz, a compressão manual do nariz é uma atitude que costuma resolver a maioria dos casos. Assim, quando o sangramento tem esta origem, segurar o nariz como se seus dedos fossem um pregador de roupa faz com que estes vasinhos que estão sangrando sejam comprimidos e tenham mais chance de formar um coágulo ao redor e, após a compressão, não voltar a sangrar. O ideal é que você conte no relógio em torno de 3 minutos segurando como na figura 2 para que tenha este efeito. Não precisa colocar a cabeça para trás, basta segurar desta forma. Colocar compressa gelada por fora do nariz também pode ajudar a estancar o sangramento.

Figura 2: Modo efetivo de comprimir o nariz na vigência de um sangramento nasal.

Se o sangramento não vem desta região mais anterior do nariz e sim de vasos mais calibrosos posteriores da nossa fossa nasal, mesmo havendo esta compressão anterior com os dedos, o sangramento pode continuar e descer pela garganta, fazendo com que o paciente sinta-o na boca. Nestes casos, os pacientes passam a cuspir ou engolir sangue. É necessário procurar imediatamente ajuda de seu otorrinolaringologista pois quando são sangramentos volumosos e/ou posteriores é importante que o nariz seja visto com uma câmera para identificar onde é o sangramento e o local a ser cauterizado.

O procedimento de cauterização nasal é feito em consultório, com colocação de um gel anestésico no nariz para que não haja dor, e em seguida é colocada, na região onde há o sangramento, um ácido chamado ácido tricloroacético. Isto não impede completamente o retorno do sangramento mas diminui a possibilidade, em conjunto com as medidas de hidratação nasal.

Após um episódio de sangramento nasal, é importante pelo menos nos 2-3 dias subsequentes que se evite locais muito quentes, exposição direta ao sol, banhos quentes prolongados para minimizar a chance de novo episódio de sangramento.

Prevenção

A melhor maneira de prevenir sangramentos nasais é a hidratação da mucosa do nariz com soro fisiológico. Em clima seco, a superfície que recobre o nariz por dentro pode ressecar e, com isso, os vasos finos que estão em abundância no septo nasal (parede que divide um lado do outro) anteriormente podem “estourar” e a melhor forma de evitar é impedir esse ressecamento, com hidratação nasal em forma de soro fisiológico. O soro pode ser em spray, gota, jato, com bisnaga, com seringa, da forma que a criança preferir.

Caso mesmo após adequada hidratação nasal, controle da rinite ou término de um quadro gripal a criança continue tendo sangramentos nasais recorrentes, é importante procurar ajuda de um otorrinolaringologista para exame detalhado das fossas nasais, com avaliação da coagulação do sangue concomitante. 

Dra. Sandra Doria Xavier
Otorrinolaringologista com Especialização em Medicina do Sono.
Pós Doutoranda pela UNIFESP. Professora e pesquisadora no Instituto do Sono SP
CRM-SP 101.577
@drasandradoriasono
ssandoria@yahoo.com.br
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