Pare para perceber como você está respirando agora, sem caprichar.
Ela está superficial ou profunda? Você movimenta mais o peito ou o abdômen?
A respiração torácica é a mais comum. Muitas inspirações em um curto espaço de tempo, ativando o sistema nervoso simpático, que envia mensagens para o cérebro de luta e fuga.
Muitas vezes acreditamos que a respiração diafragmática (com o abdômen se movendo) corresponde a um bom contato com o próprio corpo.
A respiração diafragma realmente é excelente, colabora para que ativemos o sistema nervoso parassimpático, acalmando a mente, melhorando o fluxo respiratório, diminuindo a pressão arterial e trazendo mais sensação de paz para o organismo.
No entanto, o que venho observando no consultório é um número significativo de pessoas que respiram diafragmaticamente, mas não movem o tórax enquanto falam sobre suas emoções. Ou seja, a respiração diafragmática é superficial e o tórax está bloqueado.
As emoções estão retidas no peito, de forma que não podem fluir para todo corpo, e pouca energia está sendo mobilizando. Em um peito fechado, localizam-se os entraves, angústias e emoções reprimidas que fazem com que o indivíduo sinta-se parado ou enfraquecido na vida.
Alexander Lowen, em seus diversos livros, apontou a qualidade da respiração e o reflexo desta para todo corpo. Ele explica que em nosso peito estão localizadas diversas emoções, as quais muitas vezes ficaram presas por conta de repressões vivenciadas ao longo da vida.
Quem respira pouco, sente menos, defende-se. Imagine que você se prepara para receber um soco no abdômen ou um tapa em sua face. O corpo naturalmente faz o movimento de contrair-se e a respiração cessa. Nosso aparelho psíquico funciona de forma equivalente. Em uma situação de perigo, medo, ansiedade, a respiração não é fluida e profunda. Essa é uma defesa corporal.
Através de exercícios da psicoterapia corporal, exercícios respiratórios e trabalhos de abertura do peito, podemos entrar em contato diretamente com as emoções que estão presas e elaborar as questões que vieram à tona. Visando a busca do contato com o mundo interno, para que o indivíduo possa fluir com mais vitalidade em suas experiências no mundo externo.
O que devo fazer por enquanto:
Em momentos de ansiedade e estresse, pratique a respiração diafragmática, ou seja, mova seu abdômen para fora ao inspirar.
Se você quer entrar em contato com suas emoções e compreender o que está acontecendo em seu mundo interno, sugiro a respiração completa: inspire movendo o abdômen e continue puxando o ar até que ele chegue ao peito. Depois exale.
É possível que no início a respiração fique descoordenada, mas com a prática ela se alinha e você respira com mais facilidade, aproximando-se da forma que nasceu respirando, profunda e fluidamente.
Conteúdo autorizado para reprodução na Revista Materlife com a fonte retida pelo publicador.
Divulgado por: Luiza Calori Domingues, Psicóloga – CRP 112544/06