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Outubro Rosa! Quando eu virei paciente!

Tempo de Leitura: 4 minutos
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Patricia e familia 1

Hoje peço licença para não falar sobre desenvolvimento e fazer meu relato sobre amamentar após um câncer de mama.

Sim, aos 37 anos estava planejando engravidar, quando veio o diagnóstico de câncer de mama, todos os planos foram por água abaixo e tive que recalcular a rota. Receber um diagnóstico destes não é nada fácil, surgem na cabeça diversos questionamentos, como: “Por que comigo?” “Por que agora?” “Será que é só isso?” dentre diversos outros. A partir deste momento você tem somente duas opções a seguir lutar contra ou se entregar e, esta segunda nunca foi uma opção para mim, eu gosto demais de viver!

Meu câncer era relativamente simples, soa estranho falar isso, mas sim existem cânceres simples e fáceis de tratar quando descobertos rapidamente, por isso é tão importante fazer os exames regularmente. Falando sobre isso, eu venho de uma família onde minha mãe e tia tiveram câncer de mama, então eu fazia exames nas mamas a cada 6 meses, o que chamamos de rastreamento e, isso foi crucial para que o diagnóstico fosse precoce e o tratamento o mais simples possível.

Claro que o mais simples possível não é tão simples assim, passei por 2 cirurgias e 15 sessões de radioterapia, qual foi mais difícil? Entender que eu havia me tornado paciente, esse com certeza foi meu maior obstáculo, aceitar que não era eu cuidando e sim que eu precisava aceitar ser cuidada, muita terapia e choro me fizeram entender que as vezes é preciso ser cuidada. Mas falando entre cirurgia e radioterapia, com certeza a radio me deixou mais desgastada. Por opção minha eu trabalhava durante o dia e fazia a sessão no fim da tarde, mas o efeito das sessões é cumulativo e no fim da segunda semana comecei a ficar bem cansada e, neste momento é agarrar-se aquele gosto por viver!

Feito todo tratamento fiz uma junta médica e pedi autorização para ser mãe, um sonho que sempre tive, mas que por diversos motivos adiei. Seis meses após o fim da radioterapia e minha autorização consegui engravidar e aí surgiram mais perguntas: “Será que conseguirei amamentar?” “Será que terei leite suficiente?” “Como amamentar após mexer tanto nos ductos mamários?” Não havia respostas concretas sobre isso até que chegasse o momento e vivêssemos aquilo.

Então em Maio/23 meu motivo pra viver veio ao mundo, ressignifiquei toda dor de ter um diagnóstico pesado e me tornei a mulher mais feliz do mundo. No momento em que Gabriel nasceu parece que fogos de artifício estouraram dentro de mim e a vida se tornou ainda mais deliciosa de ser vivida! Mas vamos voltar ao tema amamentação.

Muitos dizem que a amamentação é um processo quase que fisiológico, muito natural, respeito essa opinião, mas não concordo! Para mim foi um super desafio e não por conta do câncer no seio direito, mas porque amamentar exige técnica, energia física e mental e eu ainda tinha aquele receio da mama direita não produzir leite. E de fato foi o que aconteceu, minha dica aqui é não crie expectativas, assim você não se frustra, eu já imaginava que assim seria, então só queria saber se seria possível amamentar com a mama que “me sobrou”. E de forma quase que divina nosso corpo, a máquina perfeita, simplesmente entende que precisa produzir mais leite na outra mama e por 10 meses eu amamentei meu pequeno somente com a mama esquerda, para mim esta foi a minha maior vitória, saber que depois de tudo que passei eu conseguia alimentar meu pequeno. E eu tinha zero problema de entrar com fórmula se fosse necessário.

Aos 10 meses do Gabriel eu comecei a fazer a continuação do meu tratamento, a quimioterapia oral e, assim será por 5 anos para enfim eu dizer que estou curada. Eu espero que este texto chegue em mulheres que estão passando por um momento parecido com o que eu vivi e que sirva de inspiração para seguir em frente e lutar, pela vida, pelos seus sonhos e pela amamentação após um câncer de mama. Obrigada pela licença de sair do tema, mês que vem volto com mais, até lá!


Dra. Patrícia Lattaro
Fisioterapeuta, mãe do Gabriel, apaixonada por bebês e seu desenvolvimento, pós-graduada em Reabilitação Neurofuncional pela Universidade Federal de São Paulo. Há 15 anos uso meu conhecimento para auxiliar famílias a entender o desenvolvimento de seus bebês de forma descomplicada.

patilattaro@gmail.com
@patricialattaro.fisio
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