Embora para muitos pareça um ato simples, não são todas as mulheres que conseguem manter a amamentação exclusiva até os seis meses de vida do bebê. Não é à toa: uma série de obstáculos é imposta a elas que, nessa fase da vida, sentem-se fragilizadas. Como profissional da Primeira Infância, seu papel é ajudá-las a superar as dificuldades e encarar com mais tranquilidade o aleitamento.
Um dos obstáculos que geram a desistência da amamentação é quando a criança não pega o bico do peito direito, causando rachaduras que aumentam e doem a cada mamada. Saber que depois de algumas horas será novamente o momento da dor e do sofrimento acaba causando muita angústia nessas mães. O que deveria ser motivo de alegria e fortalecimento do vínculo se torna um problema.
Algumas mães persistem porque sabem que o leite materno é essencial ao desenvolvimento do bebê. Outras também conhecem os benefícios, mas não vencem a dor. Desistem, mas começam, então, a conviver com a culpa por não conseguirem. Juntam-se a tudo isso o momento de fragilidade, as poucas horas de sono, o choro do bebê, as cólicas, às vezes, a falta de apoio de familiares… Ingredientes que, juntos, são uma ameaça ao bem-estar e à autoestima da mulher. Não é fácil!
Outros empecilhos à mamada são as cobranças, os inúmeros palpites e o bombardeio publicitário que levanta a desconfiança da mulher sobre a eficiência do seu leite versus os resultados dos complementos alimentares. O retrato desse cenário foi traçado em uma pesquisa publicada em 2010 pelo Ministério da Saúde e pela Fiocruz, realizada em 227 municípios brasileiros, com 120.125 crianças: 87% dos municípios (198) apresentam um índice apenas razoável de amamentação exclusiva.
Em algumas maternidades, os pais são desencorajados a persistir nas tentativas, recebendo recomendações de fórmulas e medicamentos que muitas vezes não resolvem o problema e, ainda por cima, causam outros. O papel dos profissionais é ensinar, com paciência, a maneira correta de dar o peito e do bebê pegá-lo. Esse é o segredo da boa amamentação. A falta desse cuidado é o começo de toda a insegurança da mãe, que poderia ser evitada.
Cabe aos agentes da Saúde, durante o pré-natal e no pós-parto, auxiliarem essas mulheres para que se sintam fortalecidas, vencendo os obstáculos biológicos e culturais que impedem o aleitamento exclusivo até os seis meses, extremamente benéfico e essencial ao bem-estar integral de seus filhos.
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Divulgado em: Blog da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal