O ano de 2024 foi assustador em termos de número de casos de dengue, somando até novembro segundo o Ministério da Saúde cerca de 6,5 milhões de pessoas infectadas, com quase 6000 óbitos pela doença. Esses números colocaram o Brasil no ranking mundial de números de casos e taxa de letalidade da doença, podendo ser a situação ainda mais grave devido a subnotificação de casos e a possibilidade de parte deles não serem nem diagnosticados.
O Ministério da Saúde prevê que o ano de 2025 seja também bastante complicado para dengue com grande número de casos. Sendo assim, todo investimento deve ser feito em medidas preventivas e o trabalho se inicia com cada um de nós, com uso de estratégias de proteção e sempre mantendo vigilância de sinais da doença para que aconteçam diagnósticos precoces.
As medidas preventivas envolvem controle de criadouros do mosquito, uso de repelentes e roupas que dificultem as picadas e o uso da vacinação, que veio para ser um divisor de águas da prevenção da dengue.
A nova vacina que se iniciou há pouco mais de 1 ano no Brasil é a Qdenga® da Takeda. Ela é feita de vírus vivo atenuado e previne a infecção causada pelos quatro sorotipos do vírus da dengue, com foco a proteção tanto de doença sintomática mais leve quanto de formas graves que motivem internação e possam causar o óbito. Um grande diferencial dessa vacina para a anteriormente aplicada é que ela pode ser utilizada tanto para quem já teve como para quem nunca teve a doença, sendo indicada para pacientes de 4 a 60 anos.
A vacina se mostra muito segura, sendo remotas as possibilidades de efeitos colaterais graves, sendo esperadas as reações habituais de vacinas, como dor de cabeça ou no local da injeção, mal-estar e dor muscular. Geralmente são de gravidade leve a moderada, de curta duração, até no máximo três dias, sendo mais prováveis após a primeira dose.
A vacina é aplicada em duas doses com intervalo de três meses entre elas, sempre por via subcutânea. Por ser uma vacina feita de vírus vivo atenuado ela é contraindicada por hora para mulheres em período de gestação ou amamentação, podendo ser aplicada imediatamente após o término do aleitamento materno. Mulheres em idade fértil devem evitar engravidar por quatro semanas após vacinação. Outras raras contraindicações são pessoas que vivem com alguma imunodeficiência ou fazem uso de alguma medicação imunossupressora. No restante todos que puderem, devem ser vacinados. A vacina é uma medida de indiscutível valor na proteção dos pacientes, estando disponível em clínicas privadas e em todo o Brasil para pacientes de 10 a 14
anos pelo Ministério da Saúde/SUS. Ela é uma estratégia importantíssima que ajudará muito no controle dessa atual e futura situação da dengue no nosso país.
Infelizmente o Brasil passa por baixas coberturas vacinais também com a vacina de dengue. Até final de setembro de 2024, segundo levantamento oficial do Ministério da Saúde, pelo menos 281 mil crianças e adolescentes brasileiros não retornaram aos postos de saúde para tomar a segunda dose da vacina da dengue, tendo isso sendo mensurado na faixa etária possível de vacinação nos postos de saúde. Para os que tiverem filhos nessa situação, compareçam o quanto antes nas unidades de saúde para completarem sua proteção.
Considerando as previsões de elevação de casos, todos que puderem devem sim usufruir dessa importantíssima estratégia de proteção que é a vacinação. Caso você seja gestante ou esteja em aleitamento materno, assim que possível, vacinem-se. E em caso de dúvida, procure sempre orientação de um profissional da saúde.