No último mês, a atriz Bruna Hamú deixou a novela das nove, a Lei do Amor, após a descoberta de uma gravidez, que apesar de bem-vinda, não foi planejada. Em entrevista ela declarou que engravidou mesmo tomando o anticoncepcional. Mas afinal, o contraceptivo pode falhar?
Vejamos. Como ginecologista, começo alertando que o anticoncepcional, apesar de efetivo, não deve ser a única forma de prevenção à gravidez. Além da gravidez, como mulheres, devemos nos prevenir também contra doenças infectocontagiosas que podem ser transmitidas durante a relação sexual. E elas são muitas, como o vírus HIV, a sífilis e o HPV que pode gerar um câncer do colo do útero.
O anticoncepcional é um método contraceptivo que tem eficiência de 99,5%. Ele protege de uma gravidez porque evita que o espermatozoide encontre o óvulo, evitando sua fecundação. Isso significa que menos de 1% das mulheres que fizerem o uso do anticoncepcional vão ter risco de engravidar e isso é muito pouco.
O anticoncepcional, em si, não costuma falhar. Mas há fatores que fazem o medicamento falhar. Temos, atualmente, mais de 60 tipos de pílulas anticoncepcionais que se diferem, principalmente, pela dosagem hormonal. Quanto mais baixa for a dose, menor vai ser a chance de sofrer os efeitos colaterais do medicamento.
O melhor dia para se começar a toma-lo, é no primeiro dia da menstruação. Existem alguns anticoncepcionais com 28 comprimidos, que você deve tomar sem pausa e outros com 21 comprimidos que você faz uma pausa de sete dias ao terminar a cartela.
Entre os motivos que podem levar a falha do comprimido anticoncepcional é não seguir o seu ciclo, ou seja, esquecer de tomar o comprimido, como foi a possibilidade aventada pela atriz Bruna Hamú, que acha ter esquecido de tomar o anticoncepcional em alguns dias. A cada dia de atraso ou esquecimento de tomar o anticoncepcional, aumenta o risco de se concretizar uma gravidez.
Para que o anticoncepcional oral tenha maior eficácia é importante ingerir todos os dias no mesmo horário.
Outra causa pode ser o consumo de antibióticos. Isso porque alguns remédios deste tipo podem, sim, cortar o efeito do anticoncepcional. Mas não são todos. O importante é, que ao ter um antibiótico prescrito, conversar com seu médico e relatar o uso do anticoncepcional para que o profissional da saúde possa prescrever um medicamento que não tenha esse efeito.
Se não tiver alternativa, ele deve orientá-la sobre o risco para que o casal adote outro método contraceptivo neste período, a camisinha.
A ingestão de bebida alcoólica em excesso pode ocasionar vômitos, e se o anticoncepcional tiver sido ingerido há pouco tempo pode ter sua eficácia reduzida.
Além do anticoncepcional tradicional via oral, existe a opção injetável. Existem também outras opções para evitar a gravidez como o uso do DIU e diafragma ou ainda um implante subcutâneo, adesivo ou anel vaginal, que são capazes de liberar o hormônio gradualmente durante todo o mês e acabam sendo uma boa opção para quem costuma esquecer de usar o comprimido.
O melhor método vai ser sempre aquele ao qual a mulher se adapta melhor. Há pessoas que podem sentir efeitos colaterais como enxaqueca e queda de libido com o anticoncepcional. O ideal é falar bem com a ginecologista, tirar todas suas dúvidas e definir o melhor método que levará em conta também a idade, condições de saúde e o estilo de vida sexual, entre outros fatores.
Os métodos hormonais possuem contraindicações e podem aumentar o risco de doenças como trombose, embolia pulmonar e acidente vascular cerebral. Por isso, jamais inicie o uso do método por conta própria. Procure sempre orientação profissional para escolher o método mais indicado para seu caso.
DSTs
Mas o bom, é sempre optar pelo sexo seguro, ou seja, independentemente do tipo de anticoncepcional que for usar, é o uso do preservativo que evitará o contágio por doenças sexualmente transmissíveis.
O problema é que com o tempo, muitos casais acabam abandonando a camisinha e optando apenas pelo anticoncepcional, que previne a gravidez quando usado corretamente, mas não te livra de outras doenças. Por isso, sempre que possível, é recomendado o uso de preservativo.
Fonte: Dra. Erica Mantelli, ginecologista e obstetra, pós-graduada em Sexologia pela Universidade de São Paulo (USP)