Dada alta da maternidade, mamãe pode ir pra casa, levando seu bebê.
Recolhe-se enfeite da porta, mala, o resto de lembrancinhas que alguém esqueceu de entregar, flores e cartões recebidos, a passos curtos bebê nos braços inicia-se a maratona de uma nova vida, foto da saída, registro de um momento tão único quanto saudoso.
Mamãe em casa, família ansiosa, visitas sem fim, falatório, cansaço, pontos de cesárea, dor.
O retorno ao lar não é assim nenhum mar de rosas, certo que também não é o fim do mundo, mas mamãe, não se iluda, nem toda a alegria da chegada de seu bebê a impedem de sentir a chamada angústia pós-parto.
Não me refiro a um quadro clínico estabelecido, a depressão pós-parto tem características próprias, sintomas a serem observados e tratamento adequado para que a vida possa seguir o rumo natural de adequação ao novo, sem sobrecarga.
O que pretendo esclarecer é o quadro que muitas vezes se instala no lar nos primeiros dias após a saída da maternidade.
Por mais que a mamãe tenha ajuda nesses primeiros dias esta pode não ser a melhor fase de sua vida, contra tudo o que ela esperava que fosse.
O corpo não responde tão bem, a barriga ainda volumosa precisa ser contida em cintas que mais parecem artefatos de tortura, os seios agora cheios apresentam suas novidades, mamilos rachados, e a temida mastite podem ser parte do pesadelo, apesar de não serem regra, podem acontecer.
Só mesmo pior que o desconforto físico é o emocional, nem mesmo o companheiro consegue compreender o que se passa.
Fase de medos, de conselhos por vezes não solicitados, umbigo pra cuidar, será que mamou suficiente? Arrotou? Põe na berço? Dorme no quarto?
O medo da incompetência, medo de sufocar, morte súbita. Fantasmas que rondam a mente materna, que presa a um corpo que ainda requer cuidados, não pode mesmo abraçar o mundo.
– Quero voltar pra maternidade! Por que me deram alta? Quem pediu pra sair? Porque me sinto assim? Por que tenho vontade de chorar se a vida está perfeita?
Pra que tantos palpites? Como viver sem eles? Canjica pro leite, dica pro soluço, dá chupeta, não dá chupeta, visitas que insistem em tomar mais que um cafezinho…
Desde que se tenha leite, desde que o mamilo não esteja desgastado, desde que se tenha paz, há aquele momento da mamada, pausa no universo de conflitos para o contato mamãe e bebê.
O enlace traz de volta o sentimento de paz, e o vínculo que existia antes permanece intacto. Alívio. Deus é bom.
– Meu bebê. Como cabe tanto amor dentro do meu ser?
Aos poucos a serenidade toma seu lugar e passados os primeiros dias, chegará a mais esperada das visitas: a confiança. Esta amiga trará de presente a certeza de que você mamãe, dará conta de tudo e será, pra este bebezinho, a melhor mãe do mundo.