As aulas acabaram!
Filhos de férias e as férias deles são longas. E agora? Como lidar com isso?
Qual pai ou mãe nunca entrou em desespero com essa situação?
Observo muitos pais tentando suprir todas as necessidades e desejos de seus filhos nesse período e além disso, se mobilizando ao máximo para fazerem de tudo para não os frustrar.
Mas vamos por partes. O que é necessário e fundamental no período de férias das crianças?
Em primeiro lugar: Rotina
As crianças necessitam de rotina, independentemente de estarem de férias ou não. Nosso cérebro não sabe quando acontecem nossas férias, pois nosso ritmo circadiano – aquele reloginho interno que temos que faz com que nos organizemos por 24 horas, precisa que tudo aconteça regularmente. Por exemplo, se no período das aulas, estavam acostumados a acordar todos os dias às 6 da manhã e nas férias passam a acordar as 10 horas e realizar as atividades em outros horários, ou em cada dia em um horário, o organismo se desregula e isso não faz bem para a criança. Além do mais, o retorno ao período de aulas novamente pode ser muito mais difícil.
Importante que seja estabelecido nas férias também horários para dormir, para acordar, horários para refeições e até atividades de lazer.
Segundo lugar: Crianças de férias x pais trabalhando
Se os pais não conseguem tirar férias, no período de férias dos filhos, não há mal nenhum nisso. Quem foi que disse que isso deve ser uma regra? Claro, que se puderem conciliar pode ser ótimo para todos, entretanto, se não for possível, isso pode ser inclusive uma oportunidade para trabalhar a frustração e autonomia das crianças, pois as crianças podem aproveitar esse momento para desenvolverem outras habilidades lúdicas e funcionais dentro de casa, como por exemplo, estabelecimento de algumas responsabilidades na casa, higiene pessoal.
A frustração faz parte da vida e necessita ser integrada a ela, e o que menos estamos vendo hoje em dia, são crianças capazes de lidar com as frustrações, e os pais, por trabalharem muito, acabam se sentindo culpados por isso. Criança que não aprende lidar com frustração, pode se tornar incapazes de lidar com muitas coisas na vida adulta.
Terceiro lugar: Viajar é obrigatório?
A resposta é NÃO! Muitos pais se exigem e se cobram viajar nas férias dos filhos, e alguns, mesmo sem ter condições – financeiras ou não – acabam se colocando em dívidas ou acarretando até alguns prejuízos para satisfazer essa necessidade dos filhos.
Mas o que pergunto também é: Essa necessidade é uma necessidade da criança ou dos pais? Então novamente estamos às voltas com a questão da frustração. E os pais, talvez até devido à culpa que sentem por se sentirem insuficientes para seus filhos, fazem de tudo para que eles não se sintam frustrados, chegando até a se tornarem reféns dessa situação. E deixo claro aqui também, que as crianças, para se sentirem felizes, não precisam de coisas caras ou viagens elaboradas. Para construírem memórias afetivas, podem se satisfazer com muito pouco, e isso deve acontecer com a presença real e efetiva dos pais.
Estar junto de fato, construindo brincadeiras, jogando jogos, com coisas que não realizadas com a importância financeira, podem até ser mais importantes até do que viagens caras em que as crianças talvez nem ficarão com os pais.
Pensem nisso! O que deve ser mais importante nas férias de seus filhos?
Cynthia Boscovich
Psicóloga clínica e perinatal. Psicóloga do sono e especialista em transtornos de humor. Colaboradora do GRUDA (Programa de Transtornos afetivos do IPQ/ HC/ FMUSP).
Email: cyboscovich@gmail.com
Tel. 11 5549-1021/11 99687-9087