Triagem auditiva neonatal é a denominação dada aos testes realizados em recém-nascidos, com o intuito de detectar perdas auditivas, e que popularmente é conhecido com “teste da orelhinha”.
Os testes de triagem auditiva neonatal servem para reconhecer o mais precocemente possível estas perdas auditivas para que sejam investigadas e tratadas, proporcionando às crianças uma melhor qualidade de vida.
O sistema auditivo do recém-nascido é dotado de grande plasticidade, isto é, capacidade de se moldar e se adaptar de acordo com os estímulos sonoros que recebe. “O desenvolvimento da fala e da linguagem depende da capacidade de recebimento, reconhecimento e interpretação dos sons pelo sistema auditivo, e isso ocorre nos primeiros meses de vida. Portanto é muito importante que se houver uma deficiência auditiva, ela seja identificada o quanto antes, uma vez que o aprendizado da fala é tão mais difícil quanto maior for o grau da perda auditiva”, explica o dr. Oswaldo Laércio Cruz, coordenador da Campanha Nacional da Saúde Auditiva. Segundo o otorrinolaringologista, o ideal é que o tratamento e a reabilitação de recém-nascidos com deficiência auditiva se iniciem até os 6 meses de idade, quando o sistema auditivo da criança ainda está em processo de amadurecimento.
Existem dois tipos de testes mais comumente empregados na avaliação auditiva neonatal. Estes testes não têm a capacidade de quantificar a perda auditiva, eles não dão informação sobre o grau da perda, mas podem mostrar se a função auditiva está normal ou deficiente. “Desta maneira é possível separar as crianças que tenham maior probabilidade de ter alguma perda auditiva, para que sejam encaminhadas para investigação, diagnóstico e tratamento”, afirma o especialista.
Conhecido como “teste da orelhinha”, as emissões otoacústicas são sons detectados no meato acústico externo, resultantes de atividade de células ciliadas externas da cóclea. Neste teste, são dados estímulos que ativam determinadas áreas da cóclea e, se elas estiverem normais, produzirão as emissões otoacústicas, que serão captadas e avaliadas.
Outro teste que faz parte da triagem auditiva é a audiometria de tronco cerebral, conhecida como ABR (Auditory Brainstem Response) ou BERA (Brainstem Evoked Response Audiometry). É realizada com uso de fones de ouvido e eletrodos posicionados na superfície do crânio. São dados estímulos sonoros na forma de cliques e registradas as atividades elétricas resultantes destes estímulos. Para que o teste seja caracterizado como normal é preciso que o sistema auditivo esteja íntegro.
“Estes testes se complementam e permitem separar as crianças com audição normal daquelas com suspeita de deficiência auditiva. O recém-nascido que não passar no teste de emissões otoacústicas deve ser submetido à audiometria de tronco cerebral. Caso não passe no exame, deve repeti-lo em 15 a 30 dias e, se voltar a falhar, deverá ser encaminhado para investigação da perda auditiva e iniciar o procedimento de reabilitação, inicialmente com aparelhos de amplificação sonora individual”, orienta o dr. Oswaldo Laércio Cruz.
É muito importante que o “teste da orelhinha” seja divulgado e implementado nos hospitais e clínicas, para que crianças com deficiência auditiva sejam beneficiadas de diagnóstico e tratamento precoce