Será que fomos nós que os ensinamos a ficar fechados no quarto?
Você assistiu à série que tem chamado atenção no sistema de streaming sobre adolescência? A mãe aqui ficou preocupada, não conhecia os termos tratados no conteúdo, emojis e doeu pensar que pode acontecer bem perto de nós.
A reflexão que me levou foi ver os pais, como nos tornamos pais de adolescentes? A primeira geração de pais que viu a internet nascer, os celulares e o sistema de comunicação tomar conta das nossas vidas e agora não sabemos como criar nossos filhos em meio a tanta oferta e tão rápida.
Somos pais de uma geração que, aos 10 anos, foi ensinada que ficar em casa era seguro, que sair era sinônimo de morte e que tudo que eles precisavam estava em casa, no quarto, ao acesso. Pais de crianças que se tornaram adolescentes de uma pandemia, hoje eles, com 15 anos, apontam um reflexo de vivências diferentes, estão mais reclusos, pouco comunicativos e vivem dois mundos, o real e o virtual.
Pais que vivemos “na nossa época” o bullying, de outra maneira, não que estivesse certo, mas hoje com o virtual tudo ganha mais espaço, alcance e influência. Precisamos ensinar e aprender ao mesmo tempo que as ações têm consequências, aprender a lidar com nossas emoções, os males, como estresse e ansiedade. Nossos adolescentes são seres únicos, mas querem fazer parte do meio, que muitas vezes é cruel.
Precisamos também acompanhar, ampliar o diálogo, aprender sobre cyberbulling, expressões e comunicações deles, uma linguagem à parte, mas que precisamos ter acesso. Não é sobre controle, mas sobre comunicar.
Outro ponto crucial é pedir ajuda, profissionais que possam auxiliar nossos adolescentes a buscar sua identidade, respostas aos seus questionamentos, entender sobre pertencimento e quando algo passa dos limites.
Criamos laços na infância de nossos filhos, mas eles crescem e vão buscar outros. A história dos nossos filhos está sendo escrita, eles precisam entender que o apoio continua, que a família é a base.
Não era mentira aquela frase: “Criamos nossos filhos para o mundo.”, mas que mundo estamos deixando para nossos filhos? Eles são uma geração que viveu a pandemia, podem inclusive viver outras, mas precisam viver e sobreviver às suas lutas internas para serem adultos melhores.
