A presença ativa do pai na primeira infância é fundamental para o desenvolvimento emocional e social da criança, ajudando a criar laços de confiança, segurança e afeto que perduram por toda a vida
O pai é a primeira referência que o bebê terá do mundo após o nascimento, além do eixo mãe-bebê. Como se sabe, a criança, durante a vida uterina, se vê como parte da mãe, como se estivessem em fusão uma com a outra. À medida que o bebê cresce, ele começa a entender que é um ser único e independente. O pai atua como o elo que ajuda a ‘cortar’ esse ‘cordão umbilical’ emocional, permitindo que a mãe perceba que é mulher e não apenas a mãe do bebê. Para o bebê, a convivência com o pai revela que existem outros tipos de ligação além da ‘fusão com a mãe’, proporcionando uma sensação adicional de segurança na presença do pai, além da materna.
O vínculo da mãe com a criança é construído desde a gestação, enquanto o vínculo paterno é solidificado diariamente por meio de ações cotidianas simples, como trocar fraldas, dar banho no bebê, niná-lo, brincar e alimentá-lo. É importante também oferecer suporte à parceira. Nessas pequenas interações, o vínculo paterno se desenvolve através da presença, carinho, atenção e participação ativa na vida do filho.
Em casos de divórcio, onde há uma quebra emocional para a criança devido à ausência diária de ambos os pais, a presença do pai precisa ser consistente, com diálogo aberto e apoio emocional, mantendo-se envolvido ativamente na vida da criança, mesmo à distância. Portanto, não basta apenas a responsabilidade financeira; a presença emocional e a acessibilidade do pai são essenciais para o desenvolvimento saudável do filho, promovendo um vínculo afetivo que vai além do suporte financeiro.
Entretanto, se a ausência do pai for constante, isso pode levar a criança a enfrentar dificuldades emocionais e comportamentais, impactando sua saúde mental, autoestima, confiança nos outros, segurança e capacidade de estabelecer relações saudáveis no futuro.
Para a criança, é muito difícil e doloroso ver o pai apenas nos fins de semana que tem direito, pois ela deseja ver sua família unida, o que gera sentimentos de dor, abandono e frustração. Por isso, muitos pais percebem que o filho tem um bom comportamento com eles, enquanto a mãe reclama de desobediência. A criança, ao estar com o pai por períodos mais curtos, pode tentar se comportar de forma a agradar o pai, aceitando melhor seus limites ou, ao contrário, rejeitar as correções paternas para chamar a atenção. É crucial prestar atenção para evitar discussões desnecessárias, pois o que a criança mais deseja é ver os pais juntos.
Para garantir equilíbrio na educação e na relação com o filho em casos de divórcio, é essencial que os pais mantenham disputas e brigas longe da criança, evitando usar o filho como instrumento para discutir direitos, deveres ou mágoas entre eles. Sejam o adulto e pais que seu filho merece ter no mundo. Nunca, em hipótese alguma, fale mal do ex-parceiro para a criança, pois isso pode gerar culpa e fazer com que a criança sinta que a separação foi de sua responsabilidade. Isso pode causar instabilidade na saúde mental da criança e afetar sua saúde física, levando a quadros como alergias, dores de garganta, diarreias, incontinência urinária e infecções, entre outros problemas. Nenhum pai deseja isso para o seu filho.
É necessário entender que a sobrecarga materna é intensa e diária, salvo exceções. Por isso, é importante dividir as tarefas com a parceira, como a rotina, a imposição de limites e o estabelecimento de combinados, além de participar igualmente das atividades escolares para evitar confusão na criança. Em casos de crianças que necessitam de intervenções terapêuticas, o estresse da rotina familiar é intensificado e não pode ser responsabilidade exclusiva da mulher, especialmente se ambos os pais trabalharem fora.
É vital que o pai demonstre amor, interesse e apoio, e participe ativamente da vida da criança, brincando quando possível e conversando com ela para estimular a curiosidade e a capacidade de resolver problemas. Esses momentos significativos com o pai geram na criança um senso de pertencimento, proporcionando maior segurança e estabilidade emocional. Quanto mais confiante ela se sentir, mais capaz será de explorar o mundo ao seu redor.
Por fim, a presença ativa e positiva do pai na primeira infância tem um impacto duradouro, contribuindo para que a criança desenvolva uma autoestima saudável, habilidades sociais aprimoradas e a capacidade de enfrentar desafios ao longo da vida.