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Bruxismo infantil: quais as verdadeiras causas?

Tempo de Leitura: 4 minutos
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Caucasian little girl of 6 years holding hands on mouth showing difficulty in speaking as dysarthria on white background

O bruxismo é caracterizado pela atividade rítmica e repetitiva dos músculos da mastigação. Ele pode se caracterizar por ranger ou somente apertar os dentes.

Os conhecimentos das últimas décadas provam que a origem do bruxismo é no sistema nervoso central, e essa atividade é modulada por neurotransmissores, principalmente pela dopamina.

Existem duas formas de bruxismo: o do sono e o de vigília, que acontece acordado.

As causas são associadas a fatores genéticos, sistêmicos e psicológicos. Então, casos na família onde um dos pais apresentam bruxismo, podem ser observados nos filhos.

Sabemos que crianças com alterações neurológicas apresentam com maior frequência movimentos mandibulares, reforçando a compreensão da origem do bruxismo no Sistema Nervoso Central. Crianças com déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), e principalmente as que fazem uso de metilfenidato (Ritalina), são as que mais rangem os dentes.

O bruxismo também aparece associado ao refluxo gastroesofágico, que ocorre durante os microdespertares do sono, junto com a deglutição. A diminuição do PH esofágico causado pelo refluxo, gera um aumento da produção salivar e o aumento da movimentação dos músculos mastigatórios para deglutir essa saliva. Consideramos assim que o bruxismo exerce um fator “protetor” para a criança.

Ainda existem crenças muito difundidas de que bruxismo teria relação com parasitoses intestinais, porém não existem evidências científicas que comprovem a relação entre os dois. Entretanto, a obstrução de vias aéreas superiores está fortemente associada ao bruxismo. Crianças e adolescentes alérgicos, com aumento das glândulas adenóides, amigdalites e obstruções nasais, são os que mais rangem dentes. Essas resistências à passagem de ar, levam ao aumento da atividade muscular. Acontece um movimento de avançar a mandíbula para gerar uma melhor passagem de ar (lá nas vias aéreas posteriores). Esses movimentos involuntários comandados pelo Sistema Nervoso Central, funcionam como uma “proteção”, permitindo a retomada de um padrão respiratório adequado. Isso também explica porque crianças com apneia obstrutiva do sono fazem bruxismo. Assim como as crianças e adolescentes que têm uma retrusão mandibular (mandíbula deslocada para traz), também desenvolvem o quadro de ranger os dentes.

Os hábitos de sono também são relacionados à ocorrência de bruxismo. Excesso de telas, excesso de luzes no quarto de dormir, poucas horas de sono (menos de 8 horas de sono), a hiper estimulação próximo a hora de dormir também aparecem como causas dessa parafunção. Para tal, a higiene do sono se torna superimportante para reduzir os episódios de movimentação involuntária da musculatura da mandíbula.

Observar o perfil comportamental da criança também nos fala muito sobre as possíveis causas do bruxismo. O estresse e a ansiedade são sintomas comuns em crianças que rangem os dentes. Orientações profissionais baseadas em terapia cognitiva comportamental podem ajudar a reduzir sintomas como ansiedade, irritação, preocupação e medos exagerados da criança.

Como podemos observar, o diagnóstico é complexo e depende de uma anamnese detalhada para descobrir a origem do problema. Entendemos que o bruxismo é somente um sinal clínico, um sintoma de alguma condição sistêmica e/ou psicológica pela qual a criança está passando. É necessário investigar e tratar.

O tratamento pode envolver várias especialidades como o otorrino, neurologista, psicólogo e odontopediatra.

O uso de placas para bruxismos visa proteger os dentes dos desgastes e quebras e recomendado a partir da presença de dentes permanentes. Já a expansão das arcadas com aparelhos ortodônticos específicos, podem melhorar a passagem de ar, liberando as vias aéreas e diminuindo a intensidade do bruxismo e pode ser indicado ainda na dentição decídua.

Dra. Gisele Costa Pinto
É dentista Ortodontista e Odontopediatra com foco no acompanhamento do desenvolvimento Craniofacial desde a Gestação
dragiselecp@gmail.com
@giselecostapinto
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