A hipotonia é uma condição caracterizada por diminuição do tônus muscular do corpo inteiro, mas em algumas situações pode afetar fortemente o tronco em relação às demais partes. Dentro do desenvolvimento infantil, a maior preocupação nesse campo é o comprometimento que a hipotonia pode gerar nas habilidades da criança; em alguns casos pode ser severo, já que o tronco tem relevância na função postural, na função respiratória e na função de linguagem e deglutição.
A hipotonia é uma característica comum encontrada em crianças com desenvolvimento atípico e essas características vão variar conforme o diagnóstico clínico da criança. Diversas são as condições que ocasionam a hipotonia: distrofia muscular, Síndrome de Down, síndromes raras, acondroplasia, autismo, paralisia cerebral, mielomeningocele e outras.
É muito importante que as crianças que apresentam essa característica sejam acompanhadas por fisioterapeutas pediátricos com ampla compreensão no tratamento e evolução dos diversos transtornos de desenvolvimento na infância, pois há diferenças importantes no tratamento de um quadro para outro. Por exemplo, a hipotonia em uma criança com autismo é completamente diferente da hipotonia que se observa em uma criança com mielomeningocele, ou de uma criança com paralisia cerebral.
As principais complicações da hipotonia para o desenvolvimento infantil: a presença de atrasos para a motricidade grossa e fina, a instabilidade postural, a fraqueza muscular, as dificuldades ligadas à linguagem e comunicação, as dificuldades relacionadas à deglutição, as dificuldades relacionadas à vulnerabilidade do sistema respiratório com maior frequência de quadros respiratórios, as fracas ou ausentes reações de proteção (mecanismos do corpo que ajudam a se proteger em caso de instabilidade), as quedas, os arrastos dos pés, e assim, sucessivamente.
É possível identificar se sua criança apresenta essa condição: bebês muito molinhos, e que mexem pouco, bebês que até o final do 3° mês não sustentam a cabeça, bebês e crianças que apresentam dificuldade em fechar a boca, e algumas vezes a saliva sai pelo cantinho. Crianças que andam, porém, caem com facilidade; crianças que arrastam o pé ao caminhar, crianças que não gostam de correr ou subir escadas e preferem manter-se quietas ou brincando de forma estática.
Não existe criança preguiçosa, existe criança que precisa de apoio profissional para alcançar seu potencial máximo em seu desempenho motor.
Destaco que a hipotonia afeta diretamente o movimento da criança, e dessa maneira, podem comprometer a alimentação, a deglutição, a respiração, o controle postural e a coordenação motora grossa e a autonomia desse pequeno. Se essa criança não se sentir segura para realizar tarefas que outras da mesma idade realizam, ela pode em algum momento preferir isolar-se; eis o valor da observação das habilidades no dia a dia, em casa ou na escola.
Caso surja esse comportamento de isolamento, temos novas questões: a pouca socialização da criança, e o impacto que isso pode ter na autoestima. Portanto, observem o desenvolvimento de seus filhos na rotina, conversem com os professores, e em caso de suspeitas de atraso ou dúvidas quanto ao desenvolvimento esperado para a idade, busquem um fisioterapeuta pediátrico.