Clique e acesse a edição digital

Contracepção para adolescentes: qual a melhor opção?

Tempo de Leitura: 6 minutos
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email
implante-hormonal-implanon

Uma gravidez não planejada pode ter um impacto imenso na vida de uma mulher. Quando

isso ocorre na adolescência, sabemos que há importantes alterações de ordem física, emocional, social, de trabalho etc.

Para mudar esse quadro, precisamos investir na educação sexual das jovens, seja para informar sobre as implicações da vida sexual ativa, como também para efetivamente educar a respeito dos cuidados que deverão ter com a saúde.

Inicialmente, pode-se dizer que o uso do preservativo deve ser sempre incentivado, afinal é muito eficiente para a prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis, como HIV, Hepatites, HPV, entre outras.

Por outro lado, sabemos que em relação ao preservativo, o Índice de Falha (Índice de Pearl), como método contraceptivo, é muito alto, chegando ao número de 16 gestações indesejadas para cada 100 mulheres por ano.

Nesse contexto, é necessário entender as questões inerentes à adolescência para avaliar o melhor método a ser escolhido. 

Um dos fatores que mais devem ser levados em conta é a adesão, ou seja, se haverá efetiva utilização do meio disponível. E pensando assim, o uso de Métodos Contraceptivos Reversíveis de Longa Duração (LARCs – LongActing Reversible Contraceptive) são super indicados para essa faixa etária.

Entre os Métodos Contraceptivos Reversíveis de Longa Duração temos os Dispositivos

Intra-Uterinos não hormonais, os hormonais, e também o implante.

Os pontos mais favoráveis para a escolha desses métodos são o baixo índice de falha e a

eficácia independente da memória da paciente, ou seja, eficácia isolada em relação à ação contínua a cargo da jovem, como por exemplo no uso de pílulas.

O mais eficaz de todos os métodos é o Implante Subdérmico, já que tem um índice de falha de 0,05, ou seja, 5 gestações em 10.000 mulheres por ano, superando até mesmo o índice de falha da Laqueadura Tubária, com 5 gestações em 1.000 mulheres a cada ano.

Um ponto negativo do Implante pode ser o custo, mas levando em consideração que ele

tem uma duração de 3 anos, esse valor deve ser muito bem avaliado e diluído no tempo.

Vale dizer também que ao indicar um método hormonal, deve-se conhecer todas as medicações eventualmente em uso pela jovem, uma vez que existem interações que interferem na eficácia do método escolhido.

E no contexto de interações e possíveis efeitos adversos, as principais queixas das pacientes que utilizam Implante são:  o aumento de acne nos primeiros meses de uso, e o padrão de sangramento desfavorável. Ambos podem ser transitórios, já que período de adaptação varia em torno de 6 meses.

Algumas jovens podem até ficar sem nenhum tipo de sangramento, mas isso varia de mulher a mulher, de modo que não há certeza sobre esse resultado.

Outros pontos positivos do Implante são relativos à facilidade de inserção e retirada. Principalmente em comparação aos Dispositivos Intra-Uterinos. A inserção é feita com anestesia local, no braço não dominante, sendo apenas recomendado evitar esforço físico excessivo no dia do procedimento.

A inserção deve ser realizada preferencialmente entre o primeiro e quinto dia da menstruação, mas pode sim ser feita em qualquer época do ciclo menstrual, desde que seja descartada a possibilidade de gestação.

Por outro lado, caso a adolescente opte por usar um método não hormonal, devemos informá-la sobre os prós e contras do Dispositivo Intra-Uterino não hormonal. Atualmente temos no mercado brasileiro as versões mini para facilitar a inserção, como também a adaptação ao tamanho do útero das adolescentes.

Há modelos com apenas cobre, e há também a versão prata e cobre. A presença do metal prata veio para diminuir o sangramento, mas na prática clínica isso não foi observado, de modo que o

que temos nessa versão é uma diminuição da fragmentação do cobre, conferindo ainda

mais eficácia ao método.

O índice de falha do DIU não hormonal varia em relação ao uso perfeito e uso habitual, indo de 6 até 8 gestações em 1000 mulheres em 1 ano. E por que temos essa variação? Porque diferentemente do Implante, o DIU necessita de uma checagem anual para aferir o posicionamento correto.

Para a inserção do DIU também é necessário um exame físico prévio, além de ser sugerida uma ultrassonografia para excluir malformações uterinas, assim como um exame preventivo para tratamento de infecções vaginais.

A duração do DIU varia de 5 a 10 anos, a depender do modelo escolhido. A inserção

também pode ser realizada em consultório com uso de analgésicos, anti-inflamatórios e

anestesia local.

As principais queixas do uso do DIU são aumento das cólicas menstruais e aumento do

sangramento. Sempre deve ser informado à jovem paciente sobre esses efeitos, como

também sobre o período de adaptação que giram em torno de 6 meses. Neste período, algumas medicações podem ser utilizadas a fim de melhorar e aumentar a aceitação do método.

Há um mito sobre o uso de DIUs: seu uso seria apenas para mulheres que já teriam engravidado.

Não é verdade.  Pode ser utilizado de forma geral.

Outro ponto: A checagem do posicionamento do DIU após a inserção deve ser sempre realizada, assim como a checagem anual.

Outro destaque interessante é sobre a utilização de coletores menstruais em pacientes usuárias de DIU. O uso concomitante não é contraindicado, mas a retirada do vácuo é sempre importante para evitar o descolamento do DIU.

Colocadas as informações, eu diria o seguinte: o recomendado para a maioria das jovens é o Implante. Para além dele, temos o DIU não hormonal para os casos de contraindicação hormonal, ou ainda, para casos em que não há vontade de utilizar métodos hormonais.

Por isso, jovem mulher, procure sua médica ginecologista. Uma boa conversa e exames adequados, certamente levarão ao melhor método. E saiba também que há alternativas disponíveis na rede do SUS, caso você não tenha assistência médica privada, até mesmo o implante pode ser ofertado para adolescentes em algumas localidades brasileiras.

Dra. Larissa Atala
Ginecologista e Obstetra, membro da Febrasgo
Especialista em Endoscopia Ginecológica
@dralarissaatala
dralarissaatala@gmail.com
Share on facebook
Facebook
Share on whatsapp
WhatsApp
Share on linkedin
LinkedIn
Share on twitter
Twitter
Share on email
Email

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Subscribe To Our Newsletter

Subscribe to our email newsletter today to receive updates on the latest news, tutorials and special offers!