A principal característica é ser uma doença inflamatória (por isso a denominação popular de bronquite ou bronquite asmática), por um processo de caráter imunológico sistêmico, portanto não limitado às vias aéreas inferiores, que aumenta a produção de secreção e prejudica a passagem de ar. Este conceito de ser um processo sistêmico é importante, pois a doença deve ser tratada como um todo e não somente restrita à manifestação pulmonar.
Quais os sinais e sintomas da doença?
O asmático tem tosse freqüente, prolongada, em geral noturna que pode prejudicar o sono. Nem sempre tem expectoração. O chiado no peito é outra característica do asmático, acompanhado de dificuldade para respirar, opressão no peito. Os sintomas podem estar combinados ou ocorrer isoladamente. Assim, uma criança que tem tosse crônica pode ser asmática. Falta de ar quando pratica exercícios físicos é outra manifestação da asma.
Qual a incidência da doença em adultos e crianças? É mais comum em crianças? Distingue raça ou sexo?
A estimativa no Brasil, é que cerca de 10 a 15% das crianças em idade escolar tenham asma. É mais freqüente na criança do que no adulto e acomete indistintamente diferentes raças e sexos, exceto na infância que é mais comum no menino.
Como o médico faz o diagnóstico da asma?
O diagnóstico é essencialmente clínico, ou seja, pela história que o paciente conta para o médico, por alguns achados durante o exame, como a insuflação exagerada do tórax, chiado, a presença de rinite alérgica e história familiar de doenças alérgicas e asma. Exames para alergia e provas de função respiratória são auxiliares no diagnóstico.
Quais os fatores de risco para a doença? Quais os gatilhos?
Os principais fatores de risco são a presença de familiares com asma, a presença de rinite e eczema (alergia de pele comum nas regiões de dobras e que coçam muito) e sensibilidade demonstrada a alérgenos inalantes (testes alérgicos positivos). São desencadeantes de crises de asma: exposição ou contato com alérgenos (partículas que causam alergia) como a poeira, mofo e pêlo de animais, assim como, irritantes (odores fortes de perfumes, materiais de limpeza, etc.) e poluentes intradomiciliares (cigarro, fumaça de fogão, etc.) e de fora da casa (resíduos industriais e de queima de combustível), infecções (resfriados), exercícios, mudanças de clima, etc.
Quais os cuidados em relação ao ambiente?
O ambiente deve ser o mais higiênico possível, visando restringir o contato do paciente com elementos desencadeantes de crise, sejam alérgenos ou irritantes. Recomenda-se não ter fumantes no ambiente domiciliar. Os animais devem ser mantidos fora de casa, ou no mínimo, não entrarem nos quartos de dormir. Colchões e travesseiros devem ser forrados com material impermeável e este forro lavado periodicamente. Alguns desinfetantes podem reduzir a proliferação de ácaros em casa. Baratas devem ser combatidas, pois estão relacionadas à alergia e maior gravidade da asma.
Como é possível prevenir as crises de asma?
Seguindo as recomendações de higiene ambiental e através de medicamentos profiláticos de asma, por combaterem a inflamação.
Quais as formas de tratamento?
O tratamento é baseado nas medidas de higiene do ambiente, medicamentos, e vacinas de alergia. Os medicamentos disponíveis são divididos: drogas de alívio (para crises) e profiláticas (manutenção). A melhor via de administração de medicamentos broncodilatadores e corticóides é a inalatória, pois os medicamentos são inalados diretamente para o local da reação e podem ser usados em doses menores que as necessárias por outras vias.
As vacinas para alergia são úteis?
As vacinas são úteis para reduzir a sensibilidade alérgica. Através de injeções subcutâneas do alérgeno ao qual o paciente é sensível (demonstrada sua sensibilização e a responsabilidade do alérgeno no aparecimento de sintomas) é possível diminuir a reatividade alérgica. Isto vai determinar melhora clínica e menor necessidade de medicamentos.
Como o pacientes asmático pode manter uma vida normal?
O tratamento com o controle dos sintomas permite uma qualidade de vida normal para o asmático, que pode retomar suas atividades diárias sem restrições ou limitações, exceto aquelas ligadas a fatores desencadeantes de crise. A prática de exercícios é sempre estimulada mesmo que haja necessidade de uso de medicamento antes da prática do esporte para evitar a asma induzida por exercícios.
ASMA NOS RECÉM-NASCIDOS
Este é um problema comum nesta idade e é responsável por um grande número de internações e às vezes de tratamento em sala de emergência.
Os sintomas de asma são: chiado no peito, falta de ar, tosse persistente geralmente com secreção clara. No entanto, nem todo bebê que chia tem asma! É preciso investigar outras causas de chiado nesta idade e se a criança tem tendência (fatores de risco) para ter asma no futuro.
Os principais indicadores de que o bebê pode persistir com os sintomas de asma são:
· Pais que fumam em casa
· Mãe que fumou durante a gravidez
· Pais com passado de asma
· Criança com dermatite atópica tem risco maior de ter asma
· Internação por bronquiolite ou crise grave de chiado
· Pelo menos 3 crises de chiado nos primeiros 6 meses de vida
· Exposição precoce aos alérgenos, como poeira domiciliar, ácaros da poeira, mofo, animais domésticos, aumenta o risco da criança se tornar alérgica.
Diagnóstico:
Além da história clínica e do exame físico, os principais exames que ajudam no diagnóstico são:
· Hemograma
· Radiografia do tórax
· Teste alérgico quando há história de alergia (Cutâneo ou pelo sangue – RAST)
· Exames para avaliar refluxo (EED ou pHmetria)
· Imunoglobulinas
· Cloro no suor
O diagnóstico nem sempre é fácil, os sintomas devem ser pesquisados detalhadamente e será com o passar do tempo, com o crescimento da criança que se poderá ter certeza do diagnóstico de asma.
Diagnóstico diferencial:
Outras causas de chiado no lactente são:
· Refluxo gastroesofágico é muito comum nesta idade. A criança não mama corretamente, regurgita muito, pode ter vômitos, tosse com muita secreção e piora geralmente quando deita. O exame ideal para o diagnóstico é a pHmetria, mas pode ser feita também uma radiografia com contraste.
· Resfriados causados por vírus são uma das principais causa de chiado nessa idade e nem sempre levam a asma no futuro!
· Presença de corpo estranho também pode causar chiado e falta de ar.
· Outras causas muito raras são os defeitos genéticos pulmonares, da traquéia e do coração.
· Falha das defesas do organismo como na AIDS, fibrose cística, micoses pulmonares e tuberculose também levam a crises de chiado com falta de ar, febre, emagrecimento geralmente com secreção escura.
Tratamento:
O tratamento deve ser feito preferencialmente com especialista. A primeira parte é evitar tudo o que causa a crise ou piora o chiado como pó, ácaros, mofo pêlos de animais, perfumes, fumaça de cigarro e de poluição, produtos de limpeza, tinta, cloro. O quarto deve ser limpo e arejado, sem tapetes, carpetes, cortinas, bichos de pelúcia e tudo que possa acumular poeira!
Os medicamentos são muitos e devem ser usados na dose certa e no tempo certo para se evitar efeitos colaterais:
· Broncodilatadores: indicados somente durante a crise de chiado! Os medicamentos dados durante a nebulização fazem efeito mais rápido e são mais seguros que os xaropes. Efeitos indesejados, mas esperados são tremores e aceleração do coração.
· Anticolinérgicos: dados na nebulização, ajudam a diminuir a secreção.
· Antileucotrienos: fáceis de administrar uma vez ao dia na forma de comprimidos mastigáveis ou pó para ingestão oral, podem ser utilizados a partir dos 6 meses de vida.
· Antiinflamatórios inalados: são úteis para prevenir as crises de chiado! Precisam ser usados diariamente mesmo quando a criança está bem, para que o pulmão se mantenha sem inflamação. Utilizados nas crianças que tem crise freqüentes, semanais! Os corticóides encontram-se neste grupo e são muito eficazes, porém em idades muito baixas (menores de 6 meses) seu uso pode trazer complicações no crescimento. Nas outras crianças são muito eficazes e seguros devem ser dados na nebulização ou com espaçador. A técnica correta deve ser orientada pelo seu médico para que a droga atinja adequadamente o pulmão e tenha o efeito esperado.
· Corticóides orais e injetáveis: úteis somente nas crises graves, pois podem causar problemas se usados por longos períodos.
A prevenção da asma no lactente consiste em evitar tudo que possa sensibilizar a criança ou seja , o fumo em casa e os alérgenos do ambiente doméstico devem ser controlados! A amamentação exclusiva até os 6 meses de idade também ajuda na prevenção da asma.