Clique e acesse a edição digital

Existe mãe perfeita?

Tempo de Leitura: 4 minutos
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email
Mother and baby in home office with laptop and telephone.

Tenho ouvido com muita frequência a pergunta: “O que uma mãe deve fazer para se tornar perfeita?”

Talvez essa seja a grande busca das mães. Qual delas nunca teve essa fantasia?

Nossa sociedade cobra perfeição o tempo todo. Temos de ser bons em tudo, como pessoas e profissionais. Dificuldades e problemas muitas vezes podem ser fontes de angústias e até gatilhos para doenças como ansiedade e depressão.

E nós mulheres sofremos cada vez mais cobranças. Estamos no mercado de trabalho, que é extremamente competitivo, e precisamos desempenhar nossas funções como donas de casa ou esposas da melhor maneira possível. Para muitas, a escolha de ser mãe pode vir como fruto dessas cobranças e quando se dão conta, já estão com o filho nos braços, vivendo as agruras da maternidade.

Pouco se fala da renúncia, das dificuldades, das angústias resultantes da cobrança que podem ser externa e principalmente interna. E a culpa parece caminhar ao lado de tudo isso.

Mas o que é ter êxito nas funções maternas?

Vou citar o exemplo do aleitamento materno, função destinada exclusivamente às mães, que exige que elas estejam integralmente presentes nessa tarefa e se empenhem para que o bebê faça bom uso do seio da forma mais completa possível, pois este não é apenas uma fonte de alimento e nutrição. Mas podemos encaixar isso em qualquer fase da criança. O aleitamento inclui uma infinidade de benefícios que não contribuem apenas para o desenvolvimento físico da criança. Um aleitamento materno bem-sucedido representa também a garantia de sua saúde psíquica, mas cobranças externas podem impedir a mãe de realizá-lo de maneira leve, tranquila e eficaz, pois talvez ela cumpra essa função com o intuito de corresponder à expectativa familiar, social e até mesmo à sua própria expectativa com muita rigidez, sem perceber que talvez esteja realizando esse aleitamento de maneira pouco espontânea ou até mecânica. Diante de tantas exigências e dificuldades, a substituição do aleitamento materno por mamadeira, poderia até ser um alívio para a mãe e talvez muito mais para o bebê. Mas como fica essa mãe internamente, considerando seus conflitos e autocobranças? E o que poderia ser espontâneo e saudável, pode até se tornar uma grande dificuldade para ela e consequentemente para a criança. Vale ressaltar que o aleitamento materno constitui apenas um exemplo, em termos de cobrança, entre tantos outros sofridos pelas mães. É preciso entender que as necessidades da mãe, nem sempre são as necessidades do filho, por isso ela não se deve hesitar em buscar ajuda e orientação.

Mas como se tornar boa mãe com tantas exigências e obrigações?

Na nossa sociedade, ser “boa mãe” parece sinônimo de “mãe perfeita”. E lidar com isso não é nada fácil. Na relação com seu filho, seja ele recém-nascido ou já crescido, a mãe precisa estar real e estar inteira, pois seu filho, necessita dela assim.

O que chamo de uma mãe uma mãe real, de verdade, precisa, antes de mais nada, assimilar o fato de não ser boa o tempo todo, pois afinal de contas é humana. A “mãe boa” precisa falhar, até mesmo para que seu filho se desenvolva. É claro que as falhas não devem se tornar um padrão de cuidados – isso seria um desastre psíquico. Mas o que precisamos ter em mente é que viver a maternidade significa também aceitar a não perfeição e a inclusão das dificuldades, dúvidas, angústias, problemas e medos. A “mãe boa” deve também aceitar que não precisa estar feliz o tempo todo. E isso não quer dizer que ela não possa Ser feliz.

Cabe a cada mãe encontrar a resposta à pergunta formulada no início deste texto, sobre o que uma mãe deve fazer para ser perfeita. De minha parte, posso adiantar que o primeiro passo seria: “aceitar que ela não é”.

Cynthia Boscovich

Psicóloga clínica e perinatal. Psicóloga do sono e especialista em transtornos de humor. Colaboradora do GRUDA (Programa de Transtornos afetivos do IPQ/ HC/ FMUSP).

Email: cyboscovich@gmail.com

Tel. 11 5549-1021/11 99687-9087

Share on facebook
Facebook
Share on whatsapp
WhatsApp
Share on linkedin
LinkedIn
Share on twitter
Twitter
Share on email
Email

Subscribe To Our Newsletter

Subscribe to our email newsletter today to receive updates on the latest news, tutorials and special offers!