Dados revelados por pesquisa da USP apontam que 97% das mães brasileiras se sentem sobrecarregadas
O mês das mães chegou e é hora de instigar a reflexão sobre um assunto que permeia a vida das mulheres: a sobrecarga. Segundo o estudo “De mãe em mãe”, realizado por pesquisadores da USP, 97% das mulheres relatam exaustão quase todos os dias da semana e 94% afirmam ter desgaste. O levantamento ainda entrevistou 800 pessoas e revelou que duas a cada três mulheres definem sua saúde mental de forma precária. Mas o que pode ser feito para transformar esse cenário?
Cada vez mais é preciso abrir o diálogo dentro das casas, nas empresas e até mesmo nas escolas. Quando fomentamos as necessidades de milhares de mulheres que sofrem com uma rotina caótica, mostramos ao mundo o quanto é preciso investir em políticas públicas que tragam mais soluções para a realidade feminina e em como podemos contribuir para levar mais qualidade de vida e bem-estar.
É importante começar pelo lar, chamando a atenção do cônjuge para atuar frente as responsabilidades que antes eram classificadas apenas como “maternas”, como dar banho, amamentar, trocar fralda e colocar para dormir, entre tantas outras. O parceiro pode ser o principal aliado para equilibrar os horários e estabelecer um tempo de qualidade para investir na autoestima e na rotinização de hábitos saudáveis. Toda mãe merece uma vida digna, e antes de cuidar de alguém, é preciso aprender a cuidar de si próprio, em primeiro lugar: mães saudáveis, filhos saudáveis.
Atividade física como aliada
A atividade física é um fator extremamente crucial no processo de devolução da qualidade de vida materna. O exercício combate o sedentarismo, depressão e ainda atua na autoestima. Reservar 20 minutos do dia para se exercitar em casa ou se programar para fazer uma caminhada antes ou após o trabalho pode ser uma das saídas.
Quando trazemos esse tema para o debate público, damos visibilidade a causa para que as organizações também encontrem soluções. Investir em aulas que proporcionem bem-estar para as colaboradoras vai além das fronteiras da produtividade.
É fundamental lembrar que a partir de 26 de maio deste ano, todas as empresas brasileiras serão obrigadas a implementar medidas para promover a saúde mental de seus funcionários, conforme atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1).
O apoio psicológico com um profissional também faz toda a diferença, pois trabalha a saúde emocional dessas mulheres. O estudo indica que 75% das mães já vivenciaram comportamentos explosivos e sentiram culpa. Nesses casos, a terapia trabalha de forma direta, acolhe e desenvolve a saúde mental, apresentando resultados que transformam a vida diária.
A saúde da mulher e principalmente das mães deve ser encarada como um assunto de saúde pública, afinal dia das mães não é uma vez por ano! Ser mãe é todo dia!

Dra. Danielle Negri
Médica pediatra e neonatologista, com mais de 17 anos de experiência. É CEO de um complexo pediátrico no Leblon. Formada pela UFF, possui mestrado pelo conceituado Instituto Fernandes Figueira. Responsável pela UTI neonatal da Perinatal. Anualmente, viaja para os EUA para apresentar suas pesquisas e se atualizar nos congressos mais importantes da área pela Academia Americana de Pediatria e pela Sociedade de Neonatologia.
@dradaniellenegri