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Medicamento no Autismo: Sim ou não?

Tempo de Leitura: 4 minutos
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A decisão de usar medicamentos para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um tema delicado e repleto de nuances. Como mãe de uma criança autista, entendo as dúvidas, medos e pressões que surgem ao considerar essa possibilidade. Meu filho, Gael, hoje apresenta um desenvolvimento positivo, mas nossa trajetória foi marcada por escolhas que priorizaram estímulos e intervenções precoces antes de recorrer a medicamentos.

Logo após o diagnóstico de Gael, um profissional sugeriu o uso de Ritalina para lidar com suas crises de ausência. Embora eu não rejeite medicamentos alopáticos quando realmente necessários, eles nunca foram minha primeira opção. Naquele momento, saí do consultório com a receita na mão, mas determinada a usar todas as alternativas possíveis antes de pensar em administrá-la.

Intervenções Precoces e o Método 1:1

Mesmo antes do diagnóstico oficial, eu já havia iniciado muitos estímulos e uma rotina ajustada em casa. Essas práticas, que mais tarde batizei como Método 1:1, tornaram-se a base do desenvolvimento de Gael. Adotei uma abordagem estruturada e consistente, combinando o meu método com terapias multidisciplinares, todas com base em ABA pelo Dr. Rafael Engel, como:

Psicologia ABA, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, Habilidades Sociais, Psicopedagogia, Psicomotricidade e Equoterapia. 

Além das terapias, desde o início introduzi uma rotina bem ajustada, com estratégias de comunicação positiva baseadas em dramaterapia, aplicadas 24 horas por dia, 7 dias por semana – mesmo durante as madrugadas, quando ele acordava e não queria voltar a dormir. Um ponto fundamental foi limitar drasticamente o tempo de exposição às telas, que podem hiperestimular o cérebro de crianças autistas, causando comportamentos desregulados comparáveis aos efeitos de substâncias químicas.

Gael enfrentava desafios significativos: crises de ausência, comportamentos disruptivos constantes, hiperlexia, ecolalia intensa e dificuldade em formar frases. Durante quase um ano, ele só tinha uma frase como repertório de fala: “Qual é seu carro?”. Carros seguem como um hiperfocos de Gael, mas agora ele os explora montando com Lego City. Com insistência, dedicação e a combinação ideal: Método 1:1 X Terapias multidisciplinares, os avanços começaram a aparecer.

Sabemos que o autismo é uma condição permanente, e Gael requer supervisão contínua e tratamentos constantes para manter suas conquistas e evitar retrocessos no desenvolvimento, mas hoje, ele verbaliza e se comunica de forma funcional. Embora ainda apresente repetições verbais e rigidez cognitiva, não utilizo medicamentos alopáticos para minimizar os sintomas do autismo. Eventualmente, utilizo a melatonina para auxiliar no sono em dias que está muito agitado.

Medicamento: último recurso

Cada caso é único, e reconheço que nem todas as famílias têm acesso às terapias ou aos recursos necessários para oferecer o suporte ideal. Entendo também que em algumas situações, o uso de medicamentos pode ser necessário. No entanto, com base na minha experiência, aconselho mães atípicas e cuidadores a seguirem um checklist inicial antes de considerar a prescrição de medicamentos para conter sintomas do autismo:

• A rotina da criança está bem estruturada e previsível? 

• A família ou os cuidadores oferecem estímulos dentro de casa?  

• As terapias multidisciplinares já foram iniciadas numa carga horária ideal? 

• Há práticas de comunicação respeitosa entre os cuidadores e a criança? 

• O tempo de exposição às telas está devidamente controlado e monitorado?

Muitas vezes, as famílias recorrem a medicamentos para “acalmar ou camuflar” situações que, na verdade, poderiam ser resolvidas com ajustes na base estrutural familiar: um ambiente equilibrado, uma rotina estruturada e estímulos adequados dentro de casa. Infelizmente, em alguns casos, o uso de medicamentos se torna uma forma de mascarar problemas que precisam ser resolvidos de maneira mais profunda e integrada.

Procure um Neuropediatra Responsável

Medicamentos devem ser administrados apenas quando há uma necessidade evidente e indiscutível. O neuropediatra responsável é essencial para avaliar cuidadosamente a situação, explorar todas as alternativas naturais e terapêuticas e decidir se o medicamento é realmente necessário.

Em breve, todas as estratégias que utilizei com Gael estarão detalhadas no meu livro sobre o Método 1:1.

Lembre-se: o medicamento certo, no momento certo, pode ser necessário – mas nunca deve ser a primeira solução.

Anna Flávia Camargo de Castro
Seja bem-vindo à minha coluna sobre maternidade atípica. Sou mãe de Gael, de 7 anos, autista de suporte 1, com hiperlexia e Altas Habilidades. Minha jornada começou com o diagnóstico de autismo do meu filho, sobrevivente de uma gestação trigemelar. Tornar-me assistente terapêutica e aplicadora ABA foi essencial para ajudá-lo. Nesta coluna, compartilho reflexões, desafios e aprendizados sobre maternidade atípica, usando meu “Método 1:1”, que inclui informações sobre nutrição, tratamentos integrativos, terapias multidisciplinares, manejo em ambientes naturais
e criação positiva.
@annaflaviacamargo_
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