Considerada um problema de saúde pública complexa no mundo, a obesidade infantil pode ser a porta de entrada para diversas doenças crônicas, como câncer, hipertensão, diabetes, colesterol alto e doenças cardiovasculares, além de contribuir no agravamento de doenças respiratórias. Estudos mostram que crianças obesas tem maior chance de apresentarem tais doenças se chegarem na fase adulta acima do peso.
Além dos fatores genéticos, os principais determinantes para a obesidade infantil se relacionam com os ambientes nos quais as crianças estão inseridas. Um dos vários agravantes é o consumo de alimentos não saudáveis, ou seja, que ao invés das crianças estarem consumindo alimentos saudáveis, como os alimentos in natura ou minimamente processados, elas estão sendo expostas desde muito cedo aos alimentos ultraprocessados, que prejudicam a saúde, como salgadinhos, biscoitos, refrigerantes, doces e fast foods.
A má alimentação e o sedentarismo, que podem estar relacionados ao uso excessivo de telas como smartphones e videogames, podem fazer com que crianças e adolescentes com obesidade apresentem dificuldades respiratórias, alterações posturais e até aumento do risco de fraturas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que em 2025 o número de crianças obesas no planeta chegue a 75 milhões.
Já o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani), divulgado recentemente pelo Ministério da Saúde, revelou que 7% das crianças brasileiras menores de cinco anos estão com excesso de peso e 3% têm obesidade.
As notificações do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional, de 2019, revelam que 14,96% das crianças brasileiras entre cinco e dez anos estão com sobrepeso; 8,22% com obesidade; e 4,97% com obesidade grave. Em relação aos adolescentes, 18,25% apresentam sobrepeso; 7,91% apresentam obesidade; e 1,8% têm obesidade grave.
O relatório público do Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional, com dados de pessoas acompanhadas na Atenção Primária à Saúde, aponta que, até meados de setembro de 2022, mais de 340 mil crianças de 5 a 10 anos de idade foram diagnosticadas com obesidade. Em 2021, a APS diagnosticou obesidade em 356 mil crianças dessa mesma idade.
Atualmente, a região Sul possui 11,52% de crianças obesas nessa faixa etária, maior índice do País. Em seguida aparecem as regiões Sudeste, com 10,41%; Nordeste, com 9,67%; Centro-Oeste, com 9,43%; e Norte, com 6,93% das crianças acompanhadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na região.
Para melhorar esse quadro, são necessárias mudanças nos ambientes, mas também no estilo de vida e hábitos alimentares familiares. Alimentação saudável e balanceada, mais exercícios e menos tempo de telas. Entre as orientações, estão manter a amamentação exclusiva dos bebês até os seis meses, alimentos ultraprocessados até os dois anos, priorizar os alimentos in natura e minimamente processados, oferecer água em vez de bebidas adoçadas, manter a alimentação saudável fora de casa e incentivar brincadeiras como correr, pular corda e andar de bicicleta no lugar dos celulares e videogames.
Vamos cuidar de nossas crianças!