Clique e acesse a edição digital

Prematuridade e consulta mês a mês com fisioterapeuta pediátrico

Tempo de Leitura: 4 minutos
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email
garoto-brincando-com-carros-de-madeira-tiro-completo

Existe uma relação importante entre idade gestacional (IG) de nascimento e situações que podem atrasar ou dificultar o desenvolvimento infantil saudável da criança que nasceu prematuramente. Quanto menor for a IG de nascimento, maior será a chance de complicações para esse desenvolvimento.

Alguns exemplos das complicações: atrasos nas aquisições motoras, atrasos de linguagem, problemas respiratórios, alterações de estado comportamental, distúrbios sensoriais, distúrbios do sono, deficiências múltiplas, e maior suscetibilidade a infecções respiratórias por conta de uma imunidade fragilizada. Existem também condições clínicas que podem estar associadas: cirurgias, displasias broncopulmonares (doença crônica pulmonar do bebê – torna os pulmões do bebê vulneráveis às infecções respiratórias com grandes chances de internações hospitalares), cardiopatias, retinopatias da prematuridade, hemorragias intracranianas, hidrocefalias, convulsões, dentre outras.

Durante a avaliação de desenvolvimento do bebê, nós fazemos inicialmente um ajuste de idade que chamamos de correção da idade gestacional, onde consideramos a gestação de 40s como padrão. Nós não usamos meses de nascimento como referência. Essa correção da IG é realizada somente com o bebê que nasceu antes das 37 semanas (s) de (IG), até ele completar 2 anos de vida. Tal cálculo é uma espécie de compensação pelo nascimento antecipado.

Funciona deste modo: se o bebê avaliado nasceu de 32 semanas, vou considerar o seguinte cálculo para a correção da IG: 40s (IG padrão) – 32s (IG bebê avaliado) = 8 semanas de diferença. Eu irei descontar (subtrair) essas 8 semanas na avaliação dos marcos e habilidades de desenvolvimento neuropsicomotor. Só saberemos se o bebê apresenta atraso de desenvolvimento após o cálculo e a avaliação de movimentos, habilidades e interação. Por essa razão é muito importante que o bebê que tem esse perfil seja acompanhado por um fisioterapeuta experiente nesses primeiros dois anos de vida.

Quanto ao risco ou a existência de atraso de desenvolvimento, são vários os fatores que o influenciam: o histórico da gestação (sangramentos, e descolamentos de placenta por exemplo), o grau de prematuridade (extrema, moderada ou tardia), o índice de apagar (pontuação que todos os bebês recebem ao nascimento, ela é importante para identificar sofrimento e condições relacionadas à asfixias e necessidade de suporte respiratório após o nascimento), o baixo peso ao nascimento (abaixo de 2.500kg), o uso de ventilação mecânica (aparelhos que ajudam o bebê a respirar), o uso prolongado de oxigênio, a presença de lesões cerebrais (hemorragias intracranianas), a ocorrência de infecções hospitalares durante o período de internação hospitalar, o tempo de internação hospitalar, as dimensões antropométricas (comprimento do corpinho e da cabeça), as assimetrias cranianas severas, e muitos outros.

É consenso por especialistas de saúde da área pediátrica que o bebê nascido prematuramente precisa de acompanhamento multiprofissional até os 24 meses de vida. No que concerne à fisioterapia, nossa visão abrange um olhar cuidadoso nos aspectos biomecânicos de desenvolvimento motor relacionados às questões motoras e respiratórias que possam interferir no desempenho do padrão de movimento e na autonomia dessa criança.

Dessa forma, deixo como recomendação às famílias dos bebês prematuros que nos primeiros dois anos da criança, tenham uma consulta por mês com um fisioterapeuta pediátrico com experiência. Essas consultas irão ajudar quanto às questões relacionadas ao neurodesenvolvimento, e à situações de rotina que influenciam esse desenvolvimento: sono, banho, alimentação, e lazer. Em geral, esse suporte mês a mês fará diferença na qualidade de vida da família.


Dra. Taciane Melo
Fisioterapeuta neuropediátrica, especializada em desenvolvimento de bebês,
Instrutora de Shantala, Mestre em Saúde Pública pela Fiocruz, ILMD/AM (2018),
Membro da Associação Brasileira de Fisioterapia Neurofuncional (ABRAFIN), Membro da La cause Des Bébés, associação francesa transdisciplinar de estudos e pesquisas sobre bebês, unidade Brasil.
@fisiotaciane_melo
Share on facebook
Facebook
Share on whatsapp
WhatsApp
Share on linkedin
LinkedIn
Share on twitter
Twitter
Share on email
Email

Cuidados depois do parto

O período imediatamente a seguir, ao nascimento do seu filho, chama-se de puerpério. Será nesta altura necessário, medir a sua tensão arterial, a temperatura e

Leia Mais »

Subscribe To Our Newsletter

Subscribe to our email newsletter today to receive updates on the latest news, tutorials and special offers!