De acordo com as normas éticas do Conselho Federal de Medicina (CFM), é seguro implantar até dois embriões em mulheres de até 35 anos. Nas com idade entre 36 e 39 anos, até três embriões, e quando a mulher passa dos 40 anos, a regulamentação permite que sejam implantados até quatro.
No caso, da reprodução assistida, principalmente quando se trata do tratamento de fertilização in vitro (FIV). O médico pode implantar mais de um embrião já formado no útero da paciente, o que aumenta as chances de o procedimento gerar uma gestação múltipla.
Segundo o ginecologista Joji Ueno, doutor em medicina pela Faculdade de Medicina da USP e Diretor da Clínica Gera. Recentemente uma nova técnica que chegou ao Brasil irá prevenir a gravidez múltipla e revolucionar o campo da medicina reprodutiva. “O PRIMO Vision dispõe de uma nova tecnologia direcionada para mulheres que não conseguem engravidar e sofrem de múltiplas falhas de implantação embriões. O aparelho por meio de câmeras permite uma melhor seleção do embrião a ser transferido, o monitoramento contínuo realizado pelo embriologista pode influenciar na escolha do melhor embirão, do ponto de vista morfológico”, acentuou.
O novo equipamento está disponível em poucos centros de reprodução humana no mundo, no Brasil ele chegou em 2011. O aparelho é uma câmera, que após ser acoplada a uma incubadora, no laboratório, fornece informações precisas sobre o desenvolvimento dos embriões. Novas imagens dos embriões são capturadas minuto a minuto, o que permite a detecção precisa de clivagens, fragmentações, multinucleação, entre outras características importantes na cultura de embriões in vitro. Com o auxílio da câmera, os embriões são controlados individualmente do seu grupo. Após a análise das imagens, médico e o embriologista podem tomar a melhor decisão sobre a os embriões que serão implantados, visando assegurar uma maior taxa de gravidez e parto e uma menor incidência de gravidez múltipla.
O novo recurso permite a observação precisa da dinâmica de desenvolvimento de embriões como a extrusão corpo polar, formação PN, através de pontos de tempo de clivagens e intervalos de clivagem, pulsação blastocele e identificação exata de fragmentações. Sabemos que mudanças de temperatura, pH, umidade, exposição à luz descontrolada, correntes elétricas ou movimentos bruscos podem ser prejudiciais para o desenvolvimento do embrião. Com o emprego da câmera acoplada à incubadora, os embriões permanecem imóveis e não são afetados. Esta tecnologia ainda não tem uma aplicação rotineira nos tratamentos de reprodução assistida.
Veja, a seguir, como o funcionamento do PRIMO Vision:
• A imagem em tempo real dos embriões em desenvolvimento dentro da incubadora. Aquisição de imagem é transmitia para o computador em intervalos de 10 minutos.
• Detecção precisa da clivagem, fragmentações, multinucleação e outros eventos importantes da cultura in vitro de embriões.
• Os embriões são controlados individualmente em sua cultura de grupo.
• Melhor decisão sobre seleção de embriões (maior a gravidez e as taxas de natalidade, menor incidência de gravidez múltipla).
• Uma unidade de microscópio invertido observa todos os embriões de um paciente em uma placa de cultura de grupo.
O Ginecologista Joji Ueno, destaca o acesso remoto que o Primo Vision fornece facilita na avaliação dos embriões.
“As fotos são tiradas dentro da incubadora, as imagens podem ser visualizadas por meio da rede da clínica somente pelos profissionais autorizados. O recurso do acesso remoto não só lhe dá a oportunidade de analisar o desenvolvimento dos embriões, mas talvez no futuro poderá permitir a observação no conforto do seu escritório ou de casa. Porém, antes que isto possa ocorrer deverá haver a sinalização positiva da comunidade médica. Outra vantagem, é que permitirá um diagnóstico on-line com outros profissionais da área”, ressaltou.
Preserva o Ambiente
Segundo a embriologista da Clínica Gera, Luciana Semião os embriões podem desenvolver sem stress ou perturbação.
“A incubadora do laboratório proporciona um ambiente seguro e tranquilo. O ambiente no Primo vision não sofre com efeito de campo eletromagnético, os embriões não são movidos e as imagens capturadas são de excelente qualidade”, explicou. Outro fator importante é que os embriões não precisam ser retirados da incubadora para a checagem do número de células. Assim, ficam todo tempo em condições ideais até serem transferidos para o útero da mulher.
Pesquisas com o PRIMO vison:
O aparelho é novo e as pesquisas caminham para esclarecer seu real valor. Assim, a embriologista Luciana realizou um estudo científico intitulado: Imagem por time-lapse e o momento ideal para a clivagem embrionária no terceiro dia de desenvolvimento: resultados prelimiares”. Este estudo foi aceito para ser apresentado no Congresso da Sociedade Americana de Reprodução Assistida de 2012, San Diego, EUA, entre os dias 23 e 25 de outubro.
“O objetivo deste estudo foi avaliar a evolução do embrião para alcançar 2,3, 4 e 8 células e seu potencial de resultar em gestação positiva, por intermédio do sistema de imagem time-lapse”, destacou a embriologista Luciana Semião.
Este estudo demonstrou que não somente o número de células, mas o tempo que o embrião leva para o seu desenvolvimento é importante para avaliar sua qualidade. As chances de gestação são aumentadas em 60% a cada hora que o embrião demora a chegar ao estágio de 8 células.
Fonte – Ginecologista Joji Ueno, doutor em medicina pela Faculdade de Medicina da USP e Diretor da Clínica Gera.