Embora não exista o diagnóstico de depressão pós-parto masculina, vejo sim em muitos casos, isso acontecer nos homens no período que sucede o nascimento do bebê. Por isso precisamos prestar atenção também nos papais, pois eles também são muito importantes para a saúde psíquica dos bebês.
O nascimento de um bebê é sinônimo de alegria para muitos. No entanto, para alguns, a chegada de um novo ser pode significar tristeza, angústia, preocupação excessiva, medo, ansiedade. Mas todo cuidado é pouco quando se fala em diagnóstico, pois não podemos negligenciar alguns sintomas. Assim como não podemos tratar uma tristeza, por exemplo, que faz parte da vida, como depressão, e não podemos tratar a depressão como uma simples tristeza.
A chegada de um bebê modifica a rotina familiar e, por mais que o ambiente esteja preparado para recebê-lo, nem sempre essa transição é fácil.
A depressão pós-parto não atinge somente as mães. Em algumas famílias, o parceiro pode também sofrer com a chegada do bebê. A dependência absoluta do bebê pode mobilizar muitas questões. Esse período é passageiro, mas pode assustar.
A gravidez, assim como o puerpério, constitui um período no qual há uma intensidade de experiências que podem interferir no psiquismo das pessoas. Em geral, é a mulher quem está mais propensa a vivê-las, devido ao seu estado natural de preparo e envolvimento com o bebê, desde a gestação. Entretanto, o homem, que também participa desse meio, não está livre de viver tais experiências. Algumas situações, podem desencadear sintomas e doenças, porém, para que a depressão seja desencadeada é necessário que haja vulnerabilidade para isso, ou seja, precisa ter uma pré-disposição genética para desenvolver a doença. Mas e os fatores externos? Sim, eles acontecem, mas funcionam como gatilhos para que a depressão se instaure. E quais seriam os gatilhos que podem fazer a depressão acontecer no pai? A mudança de rotina, a privação de sono, a preocupação com essa nova realidade, pois a paternidade é algo novo – mesmo que já tenha mais filhos, a preocupação com a estabilidade financeira da família, a relação com a parceira, que agora tem sua atenção voltada para o bebê, entre outros.
O diagnóstico de depressão – que atinge em torno de 18% da população, depende de vários sintomas, como por exemplo:
- Humor deprimido na maior parte do dia por pelo menos duas semanas e / ou redução do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades;
- Perda ou ganho significativo de peso;
- Alteração do sono (para menos ou para mais)
- Fadiga ou perda de energia;
- Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva;
- Agitação ou retardo psicomotor;
- Negatividade;
- Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar;
- Pensamentos recorrentes de morte (não sente medo de morrer), ideação suicida, planejamento ou tentativa de suicídio;
É prudente fazer uma avaliação com um profissional (psiquiatra ou psicólogo especialista em transtornos de humor), a fim de fazer um diagnóstico correto.
É importante ressaltar, que além dos sintomas depressivos, sintomas como irritabilidade, pensamento acelerado, aumento do impulso, aumento da fala ou pressão por falar, euforia, podem aparecer também, mas precisam ser avaliados com maior cuidado pois o diagnóstico pode ser outro.
A depressão pós-parto no homem pode desestabilizar o ambiente familiar e acarretar prejuízos para ele próprio. O pai (ou quem o substitua) precisa estar bem para proporcionar tranquilidade e segurança à mãe, que também deve estar tranquila para atender com serenidade e confiança as necessidades do bebê, que são fundamentais para seu desenvolvimento. O núcleo familiar representa o alicerce para a saúde psíquica do bebê, que necessita de um ambiente tranquilo e saudável para se desenvolver.
A psicoterapia também pode ser uma grande aliada nesse momento, pois permite não só o tratamento dos sintomas, mas também a descoberta do papel de cada um nessa nova família que, com a chegada do bebê, precisará ser reconfigurada, a fim de reencontrar seu equilíbrio.