Falar para escrever
Como já abordamos no artigo Etapas do desenvolvimento da fala e da linguagem do bebê até 6 anos, o desenvolvimento da linguagem na criança ocorre de forma gradual e constante e, aos cinco anos de idade, a criança já é capaz de falar adequadamente todos os fonemas (sons) da língua portuguesa. Nesta idade ela ingressa em outra importante fase de seu desenvolvimento: a aquisição da linguagem escrita.
O domínio da escrita ocorre de forma semelhante e dependente da linguagem oral. Neste processo, a criança conhece a relação dos sons da fala com seus símbolos gráficos e passa a reconhecê-los, por exemplo, em seu próprio nome.
Fala e escrita têm grande relação entre si.
Se falar errado, pode aprender a escrever errado?
Quando a criança inicia o processo de alfabetização apresentando trocas na fala que não são
mais esperadas à sua idade (por exemplo: “pola” (bola), “tato” (dado), “faca” (vaca)), comumente ela transfere estes mesmos erros para a escrita. Isso porque nosso processo de alfabetização na fala um importante apoio. É só lembrarmos como até hoje, quando temos dúvidas na forma correta da grafia de uma palavra, a pronunciamos em voz alta, na tentativa de transcrever o que ouvimos.
E quando a criança fala corretamente e mesmo assim apresenta muitas trocas na escrita?
Novamente fazendo uma comparação com a fala. Assim como nenhuma criança nasce sabendo falar, o mesmo é para escrever. Erros na escrita são esperados nos primeiros anos da alfabetização, porém, a partir dos 9 anos de idade a criança deve apresentar um processo de escrita mais organizado e com pouquíssimas trocas.
Casos em que estes erros persistem ao longo dos anos e de forma intensa devem ser investigados por fonoaudiólogo. A avaliação fonoaudiológica terá como objetivo:
- Diagnosticar o problema: dificuldades persistentes na escrita e no aprendizado podem ser sinal dislexia ou distúrbio de aprendizagem, por exemplo.
- Identificar as possíveis causas: problemas auditivos ou visuais também podem prejudicar a alfabetização da criança. Trocas na escrita relacionadas ao som das letras (f/v, p/b) podem ser decorrentes de problemas auditivos. Já as trocas de letras como m/n, p/q, b/d indicam a necessidade de investigar possíveis problemas visuais.
- Tratar: fonoaudiólogos e psicopedagogos são alguns dos profissionais que podem auxiliar na superação das dificuldades na escrita.
Neste início de ano letivo, a dica é: não espere o problema resolver sozinho! Se no primeiro trimestre de aulas você observar alguma dificuldade persistente, converse com o professor e busque também orientações com especialistas.
Abraços,
Dislexia e Distúrbios de Aprendizagem
O disléxico tem dificuldades:
1) para ler, escrever e soletrar;
2) de entender o texto escrito;
3) para identificar fonemas, associá-los às letras e reconhecer rimas e a presença dos mesmos sons em diferentes palavras;
4) de ortografia, como troca de letras, inversão, omissão ou acréscimo de letras e sílabas.
As causas para o atraso da aquisição da linguagem são diversas. O importante é o tratamento precoce para assim, evitar alterações na aquisição da linguagem escrita.
Fonte: Dra. Daniela Barbosa, Fonoaudióloga, Almanaque dos Pais – www.almanaquedospais.com.br