Quando foi a última vez em que você ouviu seu nome completo sem ser seguido por “a mãe do fulano”? A maternidade é uma experiência transformadora, linda e intensa, mas muitas vezes, sem perceber, a mulher vai se tornando “a mãe de…” e esquecendo que antes disso, ela já era muita coisa. Uma mulher com sonhos, hobbies, vontades e uma identidade própria.
Quando um bebê nasce, nasce também uma avalanche de novas responsabilidades, emoções e um senso de missão que pode consumir tudo ao redor. De repente, o tempo livre some, as prioridades mudam e até coisas básicas, como um banho tranquilo, viram luxo. Entre fraldas, mamadas, birras e noites mal dormidas, a mulher pode se olhar no espelho e se perguntar: “quem sou eu agora?”
O problema é que muitas mães sentem culpa só de pensar nessa pergunta. Como se, ao desejar um momento só para si, estivessem sendo egoístas. Mas a verdade é que lembrar quem você é além da maternidade não diminui o amor pelo seu filho. Pelo contrário! Uma mãe que se cuida, se respeita e se redescobre, ensina, pelo exemplo, que ninguém precisa se anular por amor.
Você pode estar se perguntando “tá, mas já estou imersa na maternidade dos pés a cabeça, o que faço agora?”
Calma! Se você sente que sua identidade está escondida sob camadas de maternidade, você não precisa escolher entre ser mãe ou ser você mesma. Dá para conciliar as duas coisas, e aqui vão algumas dicas para começar essa jornada:
- Resgate o que te fazia feliz antes da maternidade
Lembra daquele hobby que te fazia bem? Pode ser pintar, dançar, ler, correr ou simplesmente sair para um café sem pressa. Tente, aos poucos, resgatar essas pequenas alegrias.
- Separe um tempo só seu (e sem culpa!)
Pode ser 30 minutos no fim do dia, uma tarde no mês ou o tempo que for possível. Mas precisa ser um momento em que você faça algo para si mesma, sem interrupções. Não é luxo, é necessidade.
- Converse com outras mães e mulheres
Compartilhar sentimentos com outras mães pode ser libertador. Você percebe que não está sozinha e que essa crise de identidade é mais comum do que imagina. Ao mesmo tempo, manter amizades com quem conhece outras facetas suas (colega de trabalho, amiga da época da escola, vizinha) também ajuda a equilibrar os papéis na sua vida.
- Reconheça e valorize suas conquistas
Ser mãe já é uma conquista gigantesca, mas não a única. Celebre suas vitórias no trabalho, nos estudos, nos projetos pessoais. Você continua evoluindo como mulher, além da maternidade.
- Busque ajuda
Não é sinal de fraqueza admitir que está difícil. É muito difícil mesmo. Acompanhamento psicológico e uma rede de apoio podem fazer toda a diferença.
Você continua sendo você! A maternidade muda a mulher, mas não a apaga. Pelo contrário: ela pode ser uma oportunidade de se redescobrir, de se fortalecer e de encontrar um novo jeito de ser feliz. Você não é só mãe, você é mulher, amiga, profissional, sonhadora. E lembrar disso não faz de você menos mãe – faz de você uma mãe mais completa e feliz.
Com amor, Giu

Dra. Giulia Paspaltzis
Psicóloga Infanto-Juvenil, fascinada pelo mundo da infância e da parentalidade, pós-graduada em Terapia Cognitivo Comportamento na Infância e Adolescência. Ajudo pais e filhos a construírem um relacionamento mais saudável e respeitoso.
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