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A Primeira Vez

Tempo de Leitura: 3 minutos
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*Suely Buriasco

Parece coisa ultrapassada, mas não é: a perda da virgindade das filhas ainda gera grande conflito familiar. Por mais que seja algo natural, muitos pais preferem não enfrentar a realidade de que a menina de ontem é hoje uma mulher. Até mesmo as mães que se consideram modernas porque falam e orientam sobre sexo, parecem se intimidar diante da realidade de que sua filha não é mais virgem.

A perda da virgindade, embora natural, não pode ser banalizada, afinal é algo muito importante na vida de qualquer pessoa, embora para as mulheres ainda exista um tabu difícil de ser superado. É, portanto, no sexo feminino que as dificuldades se ampliam a ponto de tentarem esconder dos pais o início de sua vida sexual. Muitas filhas se sentem constrangidas, envolvendo-se em sentimentos de culpa ou medo de ferir os pais, preferindo o silêncio.

Nessa situação a perda é de ambos: dos pais porque deixam de participar de um momento decisivo e fundamental para suas filhas e dessas por perder o vínculo da cumpricidade que poderia fortalecer o respeito e a amizade com os pais. Essa é uma situação que pode gerar conflitos intensos com consequências marcantes na vida sexual da mulher.

É preciso encarar o fato de que não é porque o tema está sempre em evidên cia, muitas vezes de forma tão desapropriada e vulgar, que a “primeira vez” não seja fundamental para o desenvolvimento sexual da pessoa. Sexo é coisa muito séria, pois envolve não só o corpo, mas principalmente a mente. Tanto é assim que pessoas não realizadas sexualmente tendem a ser inseguras em todos os aspectos da vida.

É evidente que em lares onde haja maior diálogo entre pais e filhos a tendência é que esses últimos acatem melhor as orientações. Mas, infelizmente, é ainda muito difícil para a maioria dos pais conversarem abertamente sobre sexualidade com seus filhos, principalmente com as filhas. Também a de se considerar as dificuldades de muitas filhas que, embora tenham a compreensão dos pais, preferem os manter distantes dessa situação.

É primordial que pais e filhos busquem distinguir e conhecer as dificuldades que impedem essa maior aproximação, a fim de que as vençam, estabelecendo maior intimidade e aproximação emocional. Todos os esforços nesse sentido são essenciais, pois, não se pode simplesmente fechar os olhos para a realidade que se impõe em fatos.

O cultivo do diálogo familiar de forma harmônica, importante em todas as etapas da vida, se evidencia no momento em os filhos buscam seus próprios caminhos, conduzindo-os a assumir responsabilidades. Dispor-se a ouvir sem julgamento surte mais efeito do que qualquer discurso moralista e, com certeza predispõem os filhos à segurança de suas potencialidades. O efeito disso é engrandecedor na vida adulta.

É então que o respeito à individualidade de cada um, baseado na camaradagem e companheirismo corresponde à medida exata para o entendimento e a pacificação do lar. Bem como, promove a orientação segura quanto à sexualidade e os deveres que lhe são inerentes.

*Suely Buriasco é educadora e mediadora de conflitos

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