Na atualidade, ninguém mais duvida que o leite materno é o alimento ideal para o crescimento e o desenvolvimento saudáveis do bebê. Temos muitas pesquisas demonstrando a influência da amamentação no desenvolvimento emocional do bebê, principalmente no que diz respeito a intensa e rica interação mãe-bebê que ela propicia. É claro que estamos falando de uma relação construída continuamente pela mãe e por todos os elementos que configuram seu ambiente: parceiro, rede de apoio, sistema de saúde, segurança etc.
O mundo do aleitamento é muito rico em emoções, sentimentos, pensamentos e uma linguagem particular que poderá influenciar na amamentação: a opção por aleitar, o estabelecimento do vínculo, a formação do apego, entre outros. Apesar de “aprendermos” que amamentar é um ato biológico e ancestral, o aleitamento passa pelo mundo interno de cada mãe, por suas experiências com a amamentação (avós, mães, tias, amigas), pelo seu conhecimento a respeito, por suas crenças e fantasias – e todas estas vivencias vão influenciar o ato de amamentar.
Amamentar (quando vai bem) está associada a emoções agradáveis de sentir, ao prazer, a sentimentos relacionados a potência e a doação e aos pensamentos altruístas (“Estou fazendo meu melhor e vale a pena!”; “Tudo está indo bem e me sinto capaz!”; “Meu bebê está crescendo saudável e feliz!”). Claro que emoções e pensamentos ambivalentes podem surgir no meio do processo e neste momento o acolhimento familiar e profissional fazem toda a diferença.
O aleitamento materno é fantástico não só pelo seu poder nutritivo, como também facilita o desligamento do bebê-intrauterino para o meio externo (ambiente) – um processo de desligamento sutil e contínuo. Para o bebê é como se o corpo interno da mãe estivesse abrindo passagem para o corpo externo por meio de um fio condutor – facilitado pelo toque, aconchego e amamentação (nutrição). Alguns autores chamam de “doce continuidade”.
O olhar mãe-bebê, o toque, a nutrição e a voz suave da mãe vão tecendo e entrelaçando fios condutores de emoções e sentimentos que unirão a díade e estabelecerão a construção de uma conexão muito forte e segura – o famoso vínculo (é como se fosse um carimbo que influenciará outras relações futuras).
Vocês já devem ter percebido o quanto o toque, o aconchego, a maternagem, o aleitar e a expressão de emoções são fundamentais para o bebê, mas também são para a autoconfiança da mãe e do seu “poder” em criar e ajudar no desenvolvimento de seu bebê.
A mãe se disponibiliza integralmente no começo de vida do bebê e como saber se o bebê está conectado a ela? O bebê emite sinais objetivos, porém, muito “especializados”: durante a amamentação o bebê procura o olhar da mãe e a mãe responde olhando afetuosamente para ele, quando o bebê chora a mãe o leva ao colo e o apazigua com toques sutis e uma voz suave e o bebê se acalma e quando a mãe está pertinho o bebê a segue com os olhos atentos. Amamentar pode ser difícil de concretizar e dificuldades reais podem ocorrer. O apoio de profissionais de saúde e dos mais próximos são essenciais para que as mães consigam ultrapassá-las.